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21.4.08

OS HERÓIS E O MEDO - 241º. fascículo

(continuação)

Os alvores da manhã mataram a escuridão. Foi feita uma ronda pelo exterior do fortim. Os guerrilheiros tinham deixado dez corpos no terreno. Dois deles, gravemente feridos. Contra o habitual, estavam todos fardados. Sinal de que “eles” já dispunham de unidades regulares, armadas e equipadas a rigor para a festa da guerra.

No regresso a Mansoa, o Álvaro e o Mário não trocaram palavra. O Manel dormitava a um canto do banco do Unimog. As duas secções e os nativos milicianos haviam sido substituídos antes do tempo. Já tinham a sua dose de guerra para algum tempo. Aquele que faltava até à próxima operação. O regresso era lento, agora, com alguns soldados a picarem o chão por alguma mina. Acabaram por levantar duas. Milagrosamente não detonadas na vinda, provavelmente porque os condutores, mesmo na pressa, tinham procurado evitar os trilhos deixados pelas inúmeras viaturas ali passadas anteriormente.

Naquele dia, chegaram a Mansoa cinco homens, para integrarem as vagas abertas pelos mortos desde o início da comissão, dos quais dois num estúpido aciente de viação. Entre eles, vinha José António. Soveral quis conhecê-los. Sabia quem ele era. Mas assuntos pessoais não se misturavam com missões profissionais. Agiu como se não soubesse. José António foi colocado, como atirador, na companhia do capitão Soares da Cunha.

(continua)
Magalhães Pinto

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