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3.4.08

OS HERÓIS E O MEDO - 223º. fascículo


(continua)

No Sábado daquela semana, o dinheiro do bilhete foi mal empregue. Passaram o “D. Roberto”, com o Solnado. Nitidamente mal escolhido. Quando não havia filme de aventuras, a malta não gostava. Teve uma virtude. Deu algum gozo aos nativos. Desta vez, não era um filme falado numa língua ininteligível, traduzido em legendas.. Eram muito poucos os capazes de ler as legendas. Teria sido preferível ouvir o artista principal a declamar a sua ida à guerra. Já alguns estavam a dormir nos seus lugares, quando se ouviu uma rajada de metralhadora lá para o outro lado da povoação. Gerou-se a confusão. Especialmente no seio da população civil. De pé, no balcão, os sargentos, oficiais e os poucos civis a assistir à projecção olhavam, como se fossem imperadores num circo romano, o pandemónio na plateia. Todos a pretenderem a fugir ao mesmo tempo. O capitão Paz sussurou para o lado o seu pensamento de ser o momento ideal para algum guerrilheiro disfarçado provocar grossos estragos. Ninguém parecia ter-se lembrado disso. Felizmente não aconnteceu nada, a não ser a interrupção da projecção da fita. Quando a confusão terminou, nem vivalma no cinema. Os nativos tinham recolhido à tabanca. E os homens foram ocupar os seus lugares nos abrigos de protecção. De onde sairam quando veio a ordem. Um sentinela mais nervoso tinha despejado o carregador contra o que lhe parecera ser um vulto furtivo. No dia seguinte, voltaram a projectar o Dom Roberto.

(continua)
Magalhães Pinto

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