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1.4.08

CRÓNICA DA SEMANA (II)

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Não entendo nada do assunto. Melhor, sou vesgo nele. Praticamente, só fui aluno. Professor, apenas em algumas horas vagas. Muito menos fui pedagogo, filósofo, advogado, sociólogo, antropólogo, reitor, presidente de conselho directivo, contínuo de escola ou mulher de limpeza. Isto é, não tenho nada que me recomende para emitir opinião sobre a portucação. Ademais, eu não sinto nada; mas, a acreditar nos modernos pedagogos, devo trazer comigo um qualquer recalcamento derivado das palmatoadas que abichei. Devo ter sido um inadaptado. O sucesso profissional que contabilizei deve ter sido devido às cunhas do papá. A minha inserção social deve ser um perigo para os demais. De cultura, só devo saber o plantar das batatas. Fui seguramente transformado numa máquina de calcular, sabendo quantos são dois vez dois automaticamente, em lugar de saber manusear uma dessas dignas auxiliares do raciocínio humano que são as calculadoras. Frustrado. É isso. Sou um grande frustrado. Só ainda não me apercebi disso. Por isso, desculpe o meu Caro Leitor eu meter a colherada em queque que não é o meu. Mas entenda-me, por favor. É moda.



Para não fazer má figura, comecei por pensar que, para comentar o assunto, eu devia perceber para que serve a escola. Para dar de mamar às criancinhas, não é. Elas chegam lá já fartas de mamar. Para tomar conta das criancinhas – no sentido de ter um olho em cima delas enquanto brincam , não será. A escola seria uma ama. Ainda se entende isso nos infantários. Na escola não. E a escola não é um infantário. Para os ensinar a brincar, também não. A generalidade dos alunos já sabe isso quando chega à escola. Mais, muitos dele dão autênticas lições na matéria quando já estão na escola. Ainda pensei que a escola poderia servir para lhes ensinar as aptidões fundamentais do sexo. Mas só se for aí até aos doze anos. Depois dessa idade, elas já sabem tudo também. A escola também não é um grupo de bem-fazer, tanto do agrado dos jovens. O dinheiro que os contribuintes lá metem não tem a ver com o que vai para a segurança social. Discoteca, não é. Bom. Começava a ficar sem hipóteses. Mudei a agulha. Apontei mais alto.

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Excerto da crónica PORTUCAÇÃO - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 2008/04/04

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