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A Comunidade vai levantar um processo a Portugal, devido ao facto de termos excedido, em muito (quase cinquenta por cento) a percentagem do défice orçamental a que nos comprometemos perante os nossos parceiros, no ano de 2001. No desenvolvimento de tal processo, pesadas multas para Portugal podem ser a consequência. O que viria piorar ainda mais a nossa situação financeira (leia-se, do Estado Português). Quando olhamos para isto, as eleições autárquicas de Dezembro último, os seus resultados e a consequente demissão do Governo de António Guterres podem surgir a uma outra luz. Com efeito, em política nem tudo o que parece é. Pareceu que o PS perdeu as eleições autárquicas sem querer. E que a demissão foi uma consequência disso. De uma coisa estamos certos. Era impossível o Governo não saber o estado do Estado e as consequências que isso ia trazer. Será que o PS perdeu as autárquicas mesmo sem querer? Claro que não me refiro a querer racionalmente, por decisão tomada e firmada. E sim por subconsciente atitude de renúncia aos sacrifícios. A perda das eleições autárquicas – e a consequente queda do Governo de Guterres lhe facilitou a vida, lá isso facilitou. Colocou o Partido em posição de poder criticar as medidas destinadas a tapar o buraco gigantesco que ele próprio abriu como ainda evitou o descontentamento que seguramente se seguiria à adopção de tais medidas.
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Excerto da crónica INCOMPREENSÍVEL - Magalhães Pinto . "VIDA ECONÓMICA" - 9/8/2002
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