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2.7.10

POEMA DO MÊS


QUEM DEVE, PAGA!

Há que tempos te não vejo!
Te não tenho!
Te não dou o que é só teu!...

Em fogo, este meu desejo
É um lenho.
Que me lembre, nunca ardeu!...

Há que séculos estás ausente
Desta vida
Tão vazia se não estás!...

Não será impunemente,
minha querida,
Que este tempo está p'ra trás!...

Por cada beijo perdido,
Por cada abraço falhado,
Por cada gesto escondido
em cada gesto inventado,
Por cada olhar esquecido
de que estavas a meu lado,
Por cada carinho tido
Dum modo breve, apressado,
Por cada mimo retido,
Por cada sorriso dado
Num momento mal vivido,
Neste próximo passado,

Vou ser teu... todinho... inteiro...
Como se fosse o primeiro
dos frutos da Primavera
que estão à tua espera...

E o sumo que te ofereço
nesta dádiva de alegria
é tudo aquilo que peço:
seja o pão de cada dia...

Magalhães Pinto

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