. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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1.6.10
CRÓNICA DA SEMANA (I)
A VERGONHA DA MENTIRA
Sinto-me envergonhado. Fui envergonhado pelo Primeiro-Ministro deste país que um dia cometeu a loucura de o eleger. E, como eu, foram todos os portugueses. Num gesto que, de tão louco, se não entende facilmente. Só fica algo compreensível se pensarmos que, de tanto mentir, o Primeiro-Ministro e os seus serviços pessoais não sabem fazer outra coisa. Mentem mesmo nas pequenas coisas triviais onde a mentira é absolutamente desnecessária.
Mentir para se defender, não se aceita, mas compreende-se. Muito poucos dos que passaram um dia pelo tribunal não terão mentido. Um pouquinho, alguma coisa ou muito. Mentir para não causar alarme e sofrimento ainda maior a quem já sofre, não se aceita politicamente mas compreende-se. Mas mentir sobre algo que não vale um caracol, que não protege nada nem ninguém, nem mesmo ao próprio mentiroso, isso não só não se aceita como também não se compreende.
Para vermos como, por vezes, a Presidência do Conselho de Ministros nos mente de modo extremamente infantil, recordemos:
1º.- Os serviços do Primeiro-Ministro informam a comunicação social de que o cantor brasileiro Chico Buarque queria conhecer o nosso Primeiro-Ministro.
2º.- A comunicação social informa o público.
3º.- Ao saber o que é público, Chico Buarque desmente e diz que quem o quis conhecer foi José Sócrates.
4º.- E o cantor acrescenta: tanto assim é que foi ele que veio a minha casa.
5º.- Depois deste ridículo, os serviços de Sócrates confirmam que o cantor tem razão e que se tratou de um erro.
Ficamos a saber que erro é mentira, embora já soubéssemos que mentira é erro. E mais do que isso, mentir é feio. E ainda mais, mentir é grave quando deixa um povo todo envergonhado. Mas a culpa é nossa. Escolhemos um mentiroso compulsivo, ainda por cima provinciano, para nos governar. Se ele nem sequer sabe mentir, como havia de saber governar-nos?
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 1/6/2010
***
Nota da redacção:
Já depois de redigida esta crónica, disseram-me que o Primeiro-Ministro não sabia nada da tramóia, porque tinha ido à casa de banho quando o encontro dele com Chico Buarque foi agendado.
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1 comentário:
Se não se importa deixe-me citar ANTÓNIO ALEIXO, pois este sim deixou obra digna de se mostrar, para ver se estes srs. acordam.
Na sociedade dos ricos,
Forçado pela vaidade,
Há quem faça do cú três bicos
P'ra entrar na sociedade.
Você é tão pequenino,
Que um dia, quando casar,
Estará deitado na cama
E a mulher não o há-de achar.
Um abraço,
Um Matosinhense atento
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