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10.6.10

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1580, faleceu o maior poeta da Língua Portuguesa: Luís de Camões.

A produção de Camões divide-se em três gêneros: o lírico, o épico e o teatral. Sua obra lírica foi desde logo apreciada como uma alta conquista. Demonstrou seu virtuosismo especialmente nas canções e elegias, mas as suas redondilhas não lhes ficam atrás. De fato, foi um mestre nesta forma, dando uma nova vida à arte da glosa, instilando nela espontaneidade e simplicidade, uma delicada ironia e um fraseado vivaz, levando a poesia cortesã ao seu nível mais elevado, e mostrando que também sabia expressar com perfeição a alegria e a descontração. Sua produção épica está sintetizada n'Os Lusíadas, uma alentada glorificação dos feitos portugueses, não apenas suas vitórias militares, mas também a conquista sobre os elementos e o espaço físico, com recorrente uso de alegorias clássicas. A ideia de um épico nacional existia no seio português desde o século XV, quando se iniciaram as navegações, mas coube a Camões no século seguinte materializá-la. Em suas obras dramáticas procurou fundir elementos nacionalistas e clássicos.

As duas primeiras estrofes da sua obra-prima "Os Lusíadas", propõem o conteúdo da sua planeada obra, proposta que cumpriu de modo sublime:

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.


1 comentário:

cidissima disse...

Camões é grande dentro e fora dos quadros literários portugueses, por sua poesia.
Partindo das várias criaturas que amou, Camões pinta com o auxílio da razão o retrato da mulher, formado da reunião de todas e de nenhuma em particular, porque subordinado a um ideal de beleza perene e universal.
O poeta ama a mulher não por ela própria mas por encontrar nela refletido o sentimento do amor em grau absoluto.
O poeta procura conceituar o amor, o que só consegue realizar lançando mão de antíteses e paradoxos, assim como “Amor é fogo que arde sem se ver;
È ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer......
A dificuldade do poeta em conceituar o amor, posto que é um sentimento complexo, faz com que a definição se dê por paradoxos, pois o que o poeta sente é inseparável daquilo que ele pensa. Porém pensar e sentir são movimentos antagônicos; o sentir deseja e o pensar limita, o resultado é o acúmulo de contradições que desembocam na perplexidade do poeta, e na sua desconcertante interrogação sobre os efeitos do amor.

Aparecida