. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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30.6.08
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
Ao anunciar "o maior programa de construção de barragens do mundo", com uma primeira fatia de mais de setecentos milhões de euros, quantos portugueses felizes fez o Primeiro-Ministro?
EFEMÉRIDE DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 309º. fascículo
(continuação)
XXXVII
Fugiram dois pretos!
Era o Dia da Raça e a notícia correu, célere, por entre os homens. Mamadú e Jaló, ambos da milícia, tinham desaparecido nessa noite. A fuga de Mamadú fora notada primeiro. Impedido de sair do quartel, era seu dever mostrar-se a cada render da guarda. Naquele dia, falhara. O oficial de dia mandara procurá-lo. Sem êxito, a busca. Mário lembrara que, ultimamente, ele e Jaló acamaradavam com frequência. Alargadas as buscas à povoação e à tabanca de Mansoa, continuaram sem aparecer. Duas secções foram um pouco mais longe, até à tabanca da Regina, onde Jaló vivia com a mulher. Depois das explicações da Regina, não restaram mais dúvidas sobre o sucedido.
(continua)
Magalhães Pinto
XXXVII
Fugiram dois pretos!
Era o Dia da Raça e a notícia correu, célere, por entre os homens. Mamadú e Jaló, ambos da milícia, tinham desaparecido nessa noite. A fuga de Mamadú fora notada primeiro. Impedido de sair do quartel, era seu dever mostrar-se a cada render da guarda. Naquele dia, falhara. O oficial de dia mandara procurá-lo. Sem êxito, a busca. Mário lembrara que, ultimamente, ele e Jaló acamaradavam com frequência. Alargadas as buscas à povoação e à tabanca de Mansoa, continuaram sem aparecer. Duas secções foram um pouco mais longe, até à tabanca da Regina, onde Jaló vivia com a mulher. Depois das explicações da Regina, não restaram mais dúvidas sobre o sucedido.
(continua)
Magalhães Pinto
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
CRÓNICA DA SEMANA (I)
...
Aqui começa o incompreensível. Foi Narciso Miranda que escolheu – segundo ele mesmo disse – o candidato à Câmara pelos socialistas. Era o seu Vice-Presidente Guilherme Pinto. E não se poupou a elogios que, aliás e na minha opinião, o futuro veio a demonstrar serem merecidos. Mas, a partir de certa altura, Narciso Miranda começou a dizer mal de tudo ou quase tudo o que era feito. Mesmo que, tanto quanto se percebe, a atitude da actual Câmara tivesse mérito. Só um exemplo. Narciso tem-se encarniçado a dizer que nunca mais se construíram casas desde que ele se foi embora. Esquece-se é de dizer que, das que foram construídas no seu tempo, havia muitas que estavam atribuídas em duplicado às mesmas pessoas. Como resultado, aliás, da política de compadrio que, no seu tempo, era notória. Como quer que seja, o que se recolhe do que Narciso Miranda vem fazendo é que, no seu espírito, deve ter ficado a bailar, desde que foi forçado a retirar-se da Câmara, a ideia de que o doutor Guilherme Pinto ia ser o seu pau mandado e tudo quanto faria era ficar a guardar-lhe o lugar, para um regresso triunfal. Felizmente, o doutor Guilherme Pinto vale muito mais do que isso, como tem vindo a demonstrar.
...
Excerto da crónica SETE VEZES - Magalhães Pinto - MATOSINHOS HOJE - 30/6/2008
Aqui começa o incompreensível. Foi Narciso Miranda que escolheu – segundo ele mesmo disse – o candidato à Câmara pelos socialistas. Era o seu Vice-Presidente Guilherme Pinto. E não se poupou a elogios que, aliás e na minha opinião, o futuro veio a demonstrar serem merecidos. Mas, a partir de certa altura, Narciso Miranda começou a dizer mal de tudo ou quase tudo o que era feito. Mesmo que, tanto quanto se percebe, a atitude da actual Câmara tivesse mérito. Só um exemplo. Narciso tem-se encarniçado a dizer que nunca mais se construíram casas desde que ele se foi embora. Esquece-se é de dizer que, das que foram construídas no seu tempo, havia muitas que estavam atribuídas em duplicado às mesmas pessoas. Como resultado, aliás, da política de compadrio que, no seu tempo, era notória. Como quer que seja, o que se recolhe do que Narciso Miranda vem fazendo é que, no seu espírito, deve ter ficado a bailar, desde que foi forçado a retirar-se da Câmara, a ideia de que o doutor Guilherme Pinto ia ser o seu pau mandado e tudo quanto faria era ficar a guardar-lhe o lugar, para um regresso triunfal. Felizmente, o doutor Guilherme Pinto vale muito mais do que isso, como tem vindo a demonstrar.
...
Excerto da crónica SETE VEZES - Magalhães Pinto - MATOSINHOS HOJE - 30/6/2008
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
EFEMÉRIDE DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 308º. fascículo
(continuação)
Até final da comissão, permanentemente feito barril de cerveja ou vaso de cachaça de cajú, o “Quico” não se lembrará mais da Chica do Zé da Burra. E esta nunca saberá ter sido a arma usada para assassinar meia dúzia de mulheres na Guiné, sem nunca lá ter estado.
O que fizeram de ti, meu amigo! Querem-te bravo, leal e fiel. A quê? Tudo parece servir para assanhar em ti a raiva destruidora. Faz parte dos mecanismos da guerra. Desenraizado, afastado de quase tudo o que é sentimento, ficas perfeito. Uma máquina de matar, para quem até a ausência de pretexto é um pretexto. Não é humanidade que esperam de ti. Por isso, é necessário destruir os pedaços dela que em ti tragas. Foste enganado? Sentiste dor pelo que se passou lá longe? Mataram-te sentimentos? Óptimo! É com homens assim, de sentimentos destruídos, que as guerras se fazem. Sem homens assim, não haveria guerras. Não há nada para defender o patriotismo ofendido como a ausência de sentimentos. Tudo isso de que ouves falar, a defesa do solo pátrio, o combate contra a cobiça dos outros, a lavagem dos insultos à tua História, ditos belos sentimentos cívicos, são balelas. Se houvesse ponta de humanidade em ti, matavas assim? Com essa coragem? Sim, porque é necessária coragem para praticar actos de cobardia. Daqueles que ficarão para sempre impressos a sangue na tua alma.
(continua)
Magalhães Pinto
Até final da comissão, permanentemente feito barril de cerveja ou vaso de cachaça de cajú, o “Quico” não se lembrará mais da Chica do Zé da Burra. E esta nunca saberá ter sido a arma usada para assassinar meia dúzia de mulheres na Guiné, sem nunca lá ter estado.
O que fizeram de ti, meu amigo! Querem-te bravo, leal e fiel. A quê? Tudo parece servir para assanhar em ti a raiva destruidora. Faz parte dos mecanismos da guerra. Desenraizado, afastado de quase tudo o que é sentimento, ficas perfeito. Uma máquina de matar, para quem até a ausência de pretexto é um pretexto. Não é humanidade que esperam de ti. Por isso, é necessário destruir os pedaços dela que em ti tragas. Foste enganado? Sentiste dor pelo que se passou lá longe? Mataram-te sentimentos? Óptimo! É com homens assim, de sentimentos destruídos, que as guerras se fazem. Sem homens assim, não haveria guerras. Não há nada para defender o patriotismo ofendido como a ausência de sentimentos. Tudo isso de que ouves falar, a defesa do solo pátrio, o combate contra a cobiça dos outros, a lavagem dos insultos à tua História, ditos belos sentimentos cívicos, são balelas. Se houvesse ponta de humanidade em ti, matavas assim? Com essa coragem? Sim, porque é necessária coragem para praticar actos de cobardia. Daqueles que ficarão para sempre impressos a sangue na tua alma.
(continua)
Magalhães Pinto
29.6.08
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
"A hipótese de atentado está excluída, mas existe a hipótese de premeditação."
Polícia Judiciária (sobre os tiros no Algarve, dirigidos ao pavilhão onde José Sócrates tinha estado a perorar meia hora antes) - PÚBLICO - 29/6/2008
***
Aprendi com o Hercule Poirot que "se queremos encontrar o criminoso, devemos procurar quem beneficia com o crime". E quem é que beneficia, quem é?...
Polícia Judiciária (sobre os tiros no Algarve, dirigidos ao pavilhão onde José Sócrates tinha estado a perorar meia hora antes) - PÚBLICO - 29/6/2008
***
Aprendi com o Hercule Poirot que "se queremos encontrar o criminoso, devemos procurar quem beneficia com o crime". E quem é que beneficia, quem é?...
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
FIGURA DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 307º. fascículo
(continuação)
Cavam-se alguns buracos, à pressa, para enterrar os cadáveres. E o regresso a Mansoa é todo feito em silêncio. Olhos vítreos, como se a morte já os tivesse agarrado, o “Quico” parece perdido na imensidão da bolanha. Ao chegarem a Mansoa, Mário e os companheiros saberão do sucedido. Amanhã já ninguém se recordará disso. Haverá outros acontecimentos para ocupar o espaço limitado da memória possível da tragédia. Para a história, ficará arquivado no Quartel-General de Bissau um relatório da operação e dos seus resultados práticos. Oito terroristas abatidos e a captura de seis cunhetes de munições. Pouco mais de meio cunhete por vida.
(continua)
Magalhães Pinto
28.6.08
INTERLÚDIO
Um artista excepcional - SAMMY DAVIS JR. - e uma das suas melhores canções - MR. BOJANGLES.
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
"Não gosto que nos chamem mentirosos, ladrões e vigaristas."
Ferreira de Oliveira, Presidente da Galp - EXPRESSO - 28/6/2008
***
Tem muita razão! Para evitar isso, devia era explicar aos portugueses porque é que, num momento de contracção do mercado dos combustíveis como o actual, a GALP multiplica os seus lucros. Precisamos todos de entender este paradoxo económico: menos vendas, matérias primas mais caras e mais lucros...
Ferreira de Oliveira, Presidente da Galp - EXPRESSO - 28/6/2008
***
Tem muita razão! Para evitar isso, devia era explicar aos portugueses porque é que, num momento de contracção do mercado dos combustíveis como o actual, a GALP multiplica os seus lucros. Precisamos todos de entender este paradoxo económico: menos vendas, matérias primas mais caras e mais lucros...
FIGURA DO DIA
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
27.6.08
EFEMÉRIDE DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 306º. fascículo
(continuação)
Subitamente, sai a correr da vegetação um soldado, a berrar como um possesso, dirigindo-se às mulheres aninhadas. E fica no meio delas, de pé, arma meio inclinada, senhor da vida e da morte no meio do medo feito gente. Passeia o olhar por elas, boca repuxada num esgar que pretende ser um sorriso superior. Não entende, se ouve, as palavras meio choradas das mulheres, com tons de súplica. Dos emboscados, os primeiros soldados começam a abandonar o esconderijo, seguros de não haver perigo. Uma obscenidade enche os ares, berrada pelo homem lá à frente, no meio das mulheres. E uma rajada contínua, até o carregador estar vazio, sai-lhe da arma empunhada com raiva. Rodopia. Uma volta, duas voltas, três voltas. Os camaradas abrigam-se, temerosamente, como podem, cosendo-se com o solo. O silêncio cai sobre a cena patética e fica por ali a pairar, opressivo, esmagador. Aos poucos, começam a ouvir-se soluços. As lágrimas começam a deslizar no rosto do “Quico”. Nem sequer são redentoras. Continuam a ser de raiva. Em rio. Como se quisesse lavar o sangue a esvair-se das mulheres. Para logo ser absorvido pela terra sequiosa.
(continua)
Magalhães Pinto
Subitamente, sai a correr da vegetação um soldado, a berrar como um possesso, dirigindo-se às mulheres aninhadas. E fica no meio delas, de pé, arma meio inclinada, senhor da vida e da morte no meio do medo feito gente. Passeia o olhar por elas, boca repuxada num esgar que pretende ser um sorriso superior. Não entende, se ouve, as palavras meio choradas das mulheres, com tons de súplica. Dos emboscados, os primeiros soldados começam a abandonar o esconderijo, seguros de não haver perigo. Uma obscenidade enche os ares, berrada pelo homem lá à frente, no meio das mulheres. E uma rajada contínua, até o carregador estar vazio, sai-lhe da arma empunhada com raiva. Rodopia. Uma volta, duas voltas, três voltas. Os camaradas abrigam-se, temerosamente, como podem, cosendo-se com o solo. O silêncio cai sobre a cena patética e fica por ali a pairar, opressivo, esmagador. Aos poucos, começam a ouvir-se soluços. As lágrimas começam a deslizar no rosto do “Quico”. Nem sequer são redentoras. Continuam a ser de raiva. Em rio. Como se quisesse lavar o sangue a esvair-se das mulheres. Para logo ser absorvido pela terra sequiosa.
(continua)
Magalhães Pinto
SORRISO DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
Impedido, por Bruxelas, de injectar capitais na TAP, perto de ver sair o Presidente da companhia apresentado, durante anos como "salvador" (apesar de antes ter sido presidente de uma companhia que viria a falir a curto prazo, a Varig), o Governo vai ficar outra vez com a criança nos braços. Ao que dizem, mais doente do que quando o "salvador" veio. Aliás, sempre me ficaram dúvidas se a recuperação da TAP era efectiva ou resultava das cosméticas possíveis pela venda dos anéis.
Ou me engano muito, ou o Governo vai ter que trocar a TAP por um prato de lentilhas.
Ou me engano muito, ou o Governo vai ter que trocar a TAP por um prato de lentilhas.
FRASE DO DIA
26.6.08
FIGURA DO DIA
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
OS HERÓIS E O MEDO - 305º. fascículo
(continuação)
Duas rajadas secas quebram a tranquilidade existente até há bem pouco. Apontadas com cuidado, as armas não deixam qualquer hipótese de defesa aos dois incautos guerrilheiros. Caem redondos, abraçando a terra em posições grotescas. Uma das mulheres também cai, apanhada por alguma bala dissidente da direcção desejada. As outras, após alguns momentos de estupefacção, arremessam as cargas e jorram-se para o chão, aos gritos, rodando as cabeças com pavor, à procura da origem do perigo. As armas calam-se. Fora breve a emboscada.
(continua)
Magalhães Pinto
Duas rajadas secas quebram a tranquilidade existente até há bem pouco. Apontadas com cuidado, as armas não deixam qualquer hipótese de defesa aos dois incautos guerrilheiros. Caem redondos, abraçando a terra em posições grotescas. Uma das mulheres também cai, apanhada por alguma bala dissidente da direcção desejada. As outras, após alguns momentos de estupefacção, arremessam as cargas e jorram-se para o chão, aos gritos, rodando as cabeças com pavor, à procura da origem do perigo. As armas calam-se. Fora breve a emboscada.
(continua)
Magalhães Pinto
FRASE DO DIA
25.6.08
MEMÓRIA
...
Pois bem. Há cerca de uma semana, foi uma expressão dessas que me assaltou, ao ler uma entrevista do Presidente da Casa da Música, no Porto, Rui Amaral, sobre a obra de que é, presentemente, mestre. Por direitos políticos de sucessão, subsequente a uma distinta senhora, subitamente caída no esquecimento, de seu nome Teresa Lago. "Está a dar-me música, este!", foi o meu pensamento, quiçá nefando. Tal como, "se bem me lembro", já tinha pensado ao tempo da "velha senhora", sem intentos pejorativos para a ex-monarca daquela "coisa" que está a nascer na Boavista, em trabalho de parto extremamente difícil. E a razão do meu pensamento musical tinha a ver com meia dúzia de ideias expressas pelo Presidente, as quais, por razões de clarividência, sintetizo e sitematizo:
- A Casa da Música - peça primordial desse já anacronismo que foi o Porto 2001 - vai custar, mais ou menos, o DOBRO do que havia sido "orçamentado"; isto é, cerca de 16 milhões de contos, em lugar dos previstos 8 milhões;
- A dita Casa vai ser única no Mundo, ao que parece, por duas razões: vai ter dois órgãos, um barroco e outro romântico, Presidente dixit;
- A dita Casa não vai ter teia nem fosso para orquestra; para os menos entendidos, a teia é o conjunto da aparelhagem, próxima do tecto, que permite manusear os cenários; e o fosso é aquele espaço, geralmente à frente do palco, onde ficam "escondidas" as orquestras quando, por exemplo, acompanham a representação de óperas ou bailados; ao que parece, porque o fosso não permitiria uma acústica perfeita; tudo, provavelmente, a acrescentar o carácter único no Mundo da Casa que é "um bico de obra";
...
Façamos jus ao Presidente. Ele não é o maior culpado. Quando pegou "naquilo", já a gestão anterior tinha lançado a maior parte dos dados. Para ele ficou executar obra decidida por outros. Mas, porque aceitou essa situação sem pestanejar, sem reclamar, sem apontar todos os erros cometidos - atitude em que, aliás persiste - Rui Amaral é, pelo menos, conivente. E, por isso, dá razão ao ex-Ministro da Educação do último Governo Socialista, Augusto Silva, que se manifestou em desacordo com Rui Amaral, todavia esquecendo que o maior responsável é o seu ex-Governo. E, por isso, não pode o Presidente fugir da ratoeira em que se meteu. Uma ratoeira de grande responsabilidade.
...
Excertos da crónica DAR MÚSICA - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 20/4/2003
Pois bem. Há cerca de uma semana, foi uma expressão dessas que me assaltou, ao ler uma entrevista do Presidente da Casa da Música, no Porto, Rui Amaral, sobre a obra de que é, presentemente, mestre. Por direitos políticos de sucessão, subsequente a uma distinta senhora, subitamente caída no esquecimento, de seu nome Teresa Lago. "Está a dar-me música, este!", foi o meu pensamento, quiçá nefando. Tal como, "se bem me lembro", já tinha pensado ao tempo da "velha senhora", sem intentos pejorativos para a ex-monarca daquela "coisa" que está a nascer na Boavista, em trabalho de parto extremamente difícil. E a razão do meu pensamento musical tinha a ver com meia dúzia de ideias expressas pelo Presidente, as quais, por razões de clarividência, sintetizo e sitematizo:
- A Casa da Música - peça primordial desse já anacronismo que foi o Porto 2001 - vai custar, mais ou menos, o DOBRO do que havia sido "orçamentado"; isto é, cerca de 16 milhões de contos, em lugar dos previstos 8 milhões;
- A dita Casa vai ser única no Mundo, ao que parece, por duas razões: vai ter dois órgãos, um barroco e outro romântico, Presidente dixit;
- A dita Casa não vai ter teia nem fosso para orquestra; para os menos entendidos, a teia é o conjunto da aparelhagem, próxima do tecto, que permite manusear os cenários; e o fosso é aquele espaço, geralmente à frente do palco, onde ficam "escondidas" as orquestras quando, por exemplo, acompanham a representação de óperas ou bailados; ao que parece, porque o fosso não permitiria uma acústica perfeita; tudo, provavelmente, a acrescentar o carácter único no Mundo da Casa que é "um bico de obra";
...
Façamos jus ao Presidente. Ele não é o maior culpado. Quando pegou "naquilo", já a gestão anterior tinha lançado a maior parte dos dados. Para ele ficou executar obra decidida por outros. Mas, porque aceitou essa situação sem pestanejar, sem reclamar, sem apontar todos os erros cometidos - atitude em que, aliás persiste - Rui Amaral é, pelo menos, conivente. E, por isso, dá razão ao ex-Ministro da Educação do último Governo Socialista, Augusto Silva, que se manifestou em desacordo com Rui Amaral, todavia esquecendo que o maior responsável é o seu ex-Governo. E, por isso, não pode o Presidente fugir da ratoeira em que se meteu. Uma ratoeira de grande responsabilidade.
...
Excertos da crónica DAR MÚSICA - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 20/4/2003
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