(continuação)
A cena íntima desfaz-se, atenção desperta por um marulhar de vozes ao longe. Um manto de expectativa cai sobre os homens imóveis, de armas aperradas. Sentem-se as vozes cada vez mais próximas, mas ainda se não vê ninguém. Os olhos, escondidos atrás da vegetação, doem da fixidez. Quem lá vem, vem descuidado, a palrar uma fala desconhecida, gutural, por vezes pontilhada por risos sonoros, semelhantes ao grasnar dos patos bravos que, na Guiné, existem por todo o lado. O tempo, distorcido pela ansiedade, ganha dimensão de eternidade, parecendo imobilizar-se nas garras da acção iminente, cuja hora parece não mais chegar.
(continua)
Magalhães Pinto
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