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30.6.11

FRASE DO DIA

"Aguiar-Branco desculpa-se com anterior Governo."

Título de PÚBLICO - 30/6/2011

***

Mau, mau! Já começam com as desculpas?...

PENSAMENTO DO DIA




José Sócrates fechou com chave de ouro a sua governação: deixou o país com um défice ainda mais alto do que havia prometido à Europa. É o que se chama apor o selo branco, perdão, negro!

CRÓNICA DA SEMANA - II

OS HONORÁRIOS HISTÓRICOS

Veio de Mário Soares. Essa consciência mumificada que (afortunadamente ainda) temos perorando por aí. Um comentário que me pôs a pensar. A mim, humilde cidadão, que desde os primeiros dias de Liberdade, tenho seguido com atenção. Foi meu Primeiro-Ministro uma data de anos. Foi meu Presidente da República ainda mais anos. Estive com ele, à chuva, na defesa da Liberdade recém-nascida, quando o PCP e a UDP (esta hoje maquilhada de Bloco) tentavam, por todos os meios, fazer regressar a ditadura. Assisti ao modo como soube dar ao Professor Ernâni Lopes – que saudades! – roda livre para colocar nos eixos um Portugal descarrilado pela morte de Sá Carneiro. Curioso. Tínhamos então por aí o FMI, sem quase disso nos apercebermos. Sei que perdeu as eleições seguintes porque colocou o reequilíbrio financeiro de Portugal à frente de tudo. Teve a compensação na posterior eleição para Presidente da República. Habituei-me a ouvi-lo com atenção. Mesmo quando decidiu que já chegava de Cavaco Silva e saltou para a rua, com as suas presidências abertas, pondo de lado toda a colaboração institucional que devia ao Governo da Nação. Com essa atitude dando razão ao facto de ter eu sido, creio, que a única voz a levantar-se, na Comissão Política Nacional do PSD, a advogar a abstenção do PSD na sua segunda candidatura para o cargo de Supremo Magistrado, apoiada então por aquele Partido. Continuei a ouvi-lo quando fundou a sua (passe o pleonasmo) Fundação. Assisti em silêncio ao desvio de verbas avultadas do Orçamento Geral do Estado para financiar essa Fundação (cuja utilidade ainda me hão-de um dia explicar, espero eu). Não guardei silêncio na circunstância, intuindo já que estávamos na presença de algo que julgo injustificado, os honorários históricos. Mas agora, depois de tê-lo ouvido hoje a falar sobre a Europa e a Grécia, não posso mais. De algum modo, continuar a ouvi-lo era auto colocar-me na situação de pagador, também, de honorários históricos.

Então é assim. Segundo Ele, o comportamento da Europa para com a Grécia é uma vergonha. E porquê? Porque não se faz isso que a Europa vem fazendo – exigir que os gregos se sustentem a si mesmos – porque ali nasceu a Liberdade, a Ciência e a Cultura. Algo que a Europa faz – também segundo Ele – porque só há dois governos socialistas nessa mesma Europa. E existe, todavia, um remédio fácil para a detestável situação, ainda segundo Ele. Derrubar toda essa cambada de governos conservadores que hoje há na Europa.

São palavras extremamente perigosas, estas. Imbuídas das convicções socialistas a que ele tem direito, naturalmente. E o socialismo, na versão mitigada que, para além das aparências, ele sempre praticou não é nenhum demónio nem sequer execrável. E são perigosas porque são pronunciadas num momento em que a situação existente em Portugal se encontra extremamente próxima da daquele país mediterrânico e podem levar os Portugueses a pensar que os gregos têm razão, que os governos socialistas são mais clarividentes e eficazes do que os governos conservadores para extraírem das dificuldades países nessas circunstâncias e porque esquecem alguns princípios que têm devem enformar as sociedades – como as pessoas – de bem. De algum modo, e com tal justificação, Mário Soares pronuncia o direito de as sociedades poderem ter direito a honorários históricos, na senda daqueles que justificaram a subsidiação pelos nossos impostos da Fundação na qual o seu nome pode vir a ficar eternizado. Estou quase a vê-lo a advogar que nós, Portugueses, também temos direito a que a Europa nos sustente, porque estivemos nas Descobertas de Quinhentos.

Descontemos o erro histórico do nascimento da Liberdade. Provavelmente, justificado pelas mesmas convicções que o levam a julgar que os governos socialistas são “melhores” e que só não governam na Europa porque os “libertados” são estúpidos. Com efeito, também na Grécia - tanto em Esparta como em Atenas - nem todos tinham direito à Liberdade. Havia os escravos e os metecos. E ainda fica muito para censurar. Avultando, entre todas as razões, uma que julgo indiscutível. Cada pessoa tem a estrita obrigação de produzir o que consome. E se isto é verdade para as pessoas, ainda mais o é quando subimos ao nível de uma sociedade. A solidariedade entre sociedades justifica-se face a imprevistos, a desastres, a má sorte. É totalmente injustificável quando uma sociedade se governa mal e necessita de estender a mão à caridade para matar a fome. E não há modo de fugir a este axioma: tanto a Grécia, como nós, Portugueses – como, quem sabe, a Espanha amanhã - foram mal governados. Por governos de várias cores, é verdade, mas predominantemente socialistas.

Estamos, aqui, naquilo que creio ser, hoje, a principal diferença ideológica entre a Direita e a Esquerda políticas europeias. A primeira entende que a Solidariedade não se justifica em todos os casos e a segunda acha que a Solidariedade é um valor em si mesma e que não há que analisar as razões porque ela deve (tem que) ser praticada. E é aqui que o perigo das palavras de Mário Soares surge com maior evidência. Porque elas tendem a conduzir os Portugueses há revolta contra os sacrifícios que vão ter de fazer para voltarem para níveis aceitáveis nesse fenómeno que é viver à custa dos outros. Tal não é eternamente possível, tanto dentro de uma sociedade como dentro da comunidade de sociedades. A responsabilidade pela situação em que vivem Portugal e a Grécia pertence-lhes por inteiro. Mesmo que pensemos, por vezes, ter sido o detestável Liberalismo instalado que conduziu a tal. Em última análise, não soubemos precaver-nos contra os malefícios da nova Ordem Económica, sem todavia deixarmos de lhe aproveitar os benefícios.

Creio que Mário Soares perdeu uma boa oportunidade para voltar a ser o estadista que algumas vezes reconhecemos. Acusar a Europa de culpas próprias é a atitude de quem, não querendo trabalhar, vai para a praça dizer que a culpa é de quem não lhe arranja emprego. Esquecendo-se de que, se não há empregos para todos nem por isso deixa de haver trabalho para todos. Há tanto trabalho por fazer! Muito mais razão teria Mário Soares para poder ser a voz pública da exigência para que os sacrifícios a fazer sejam bem distribuídos. Estes não podem ser cegos. Têm de ser repartidos segundo as possibilidades e as responsabilidades de cada um. Essa, sim, a Solidariedade que tem de existir nesta hora difícil da nossa sociedade. Iremos por muito mau caminho se começarmos todos a pensar que os sacrifícios devem ser impostos sem olhar a essas duas circunstâncias justificativas das dificuldades. Oxalá os novos governantes tenham a sageza para entender isso, já que os professores passados da nossa Democracia só mostraram capacidade para nos trazerem até aqui.

Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 30/6/2011

RECORDAR É VIVER

Patxi Andion. 20º Aniversário - Palabras.

ILUSÕES - XXVI

Vê algo vivo nesta imagem?...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1871, nasceu o empresário português Alfredo da Silva.

Em 1890, com apenas 19 anos, Alfredo tornou-se gestor da herança da família. Três anos mais tarde, já era administrador da Companhia Aliança Fabril (CAF) e do Banco Lusitano. Aos 26 anos, concebeu um projecto audacioso: a fusão da sua empresa, a CAF, com a CUF. Era uma questão de sobrevivência: ambas as companhias viviam com severas dificuldades. A 22 de Abril de 1898 foi formalizada a constituição da nova CUF, que doravante produzia sabões, velas e óleos vegetais e viria a tornar-se um gigante da indústria, ao iniciar em Portugal a produção de adubos em grande escala.

Em 1907 a Companhia União Fabril estava em plena expansão e era necessário encontrar um local para instalar novas unidades fabris. Alfredo da Silva escolheu o Barreiro. A pequena vila à beira do Tejo nunca mais viria a ser a mesma. De resto a empresa veio a espalhar várias fábricas pelos país, empregando 16 mil empregados ao todo. O lema da CUF era "O que o País não tem, a CUF cria".

Alfredo da Silva foi vitima de dois atentados fracassados o que o conduziu a exilar-se para Espanha e França gerindo a CUF à distância.

Alfredo da Silva foi eleito deputado em 1906 antes de apoiar Sidónio Pais e de conquistar um lugar na Câmara Corporativa logo em 1935. Com o auxílio da grande burgesia, opõe-se frontalmente à lei das 8 horas de trabalho.Apoiou o Estado Novo e manteve uma relação de cordialidade com Oliveira Salazar com evidentes vantagens para ambos, políticas para o ditador e empresariais para Alfredo da Silva. No ano de 1936 é adjudicada a concessão do "Estaleiro da Rocha Conde de Óbidos" pertença da A.G.P.L. à CUF: foi a revolução da construção naval em Portugal e o embrião da Lisnave.


FOTO DO DIA

SORRISO DO DIA

Parece perigoso, mas não é. Veja-se como o electricista superior tem o circuito fechado. Não há modo de a energia passar para baixo!...

29.6.11

FRASE DO DIA


"Estado obrigado (pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem) a indemnizar jornalista Sofia Pinto Coelho."

Título de PÚBLICO - 29/6/2011

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Não desanimemos! Ainda há-de chegar o dia em que o Estado tem de nos indemnizar a todos! O pior é que podem ter de aumentar os impostos para pagar as indemnizações!

PENSAMENTO DO DIA


Se vier a acontecer em Portugal o que estamos a ver suceder na Grécia, esse será o maior custo de termos sido governados durante seis anos por um incompetente, gastador e mentiroso.

RECORDAR É VIVER

Os Sheiks. Summertime.

MEMÓRIA

FALÊNCIA

Há dias, aí no Minho, numa reunião de algumas dezenas de pessoas, perguntaram-me se o País estava falido e para onde tinha ido o nosso dinheiro. Disponibilizei-me para responder. Mas não sem, antes, tentar deixar claros alguns conceitos. O meu escrito de hoje, trazendo para um nível mais público o que então disse, tenta contribuir para a clarificação de um ambiente não apenas carregado, mas também borrascoso, que abafa o País. Temos necessidade de ver o presente com muita clareza, a fim de que, com as nossas atitudes, não contribuamos para agravar uma situação que é muito delicada já.

Em primeiro lugar, assentemos que o termo "Estado" pode ter dois significados. Um, praticamente equivalente ao de País. Estado somos todos nós, pesssoas, instituições, que estamos numa relação económica, política e social uns com os outros e todos com terceiros. Neste caso, "Estado" é sinónimo de Portugal, com tudo quanto este termo encerra. Mas há uma outra asserção para o termo "Estado". Reduzida. Neste caso, "Estado" é o aparelho administrativo do outro "Estado". É o conjunto de departamentos, instituições, repartições, pessoas, que realiza as tarefas administrativas do País. Este é o "Estado" que, verdadeiramente e em democracia, está sob a jurisdição dos Governos, do Presidente da República, da Assembleia da República. Naturalmente, dispõe de um imenso Poder, este "Estado", susceptível de influenciar, de condicionar, a vida do outro "Estado". Mas aí, não é imperioso e omnipotente. Pode decretar o pagamento de impostos, por exemplo, mas não pode evitar que os cidadãos vão comprar as mercadorias e serviços ali na vizinha Espanha, deixando o IVA que tanta falta lhe faz - a ele, "Estado" administrativo, e a nós, "Estado" geral - para benefício dos espanhóis.

Em segundo lugar, assentemos que estar falido é não poder pagar o que se deve. Não ter bens nem fazenda para respeitar os compromissos assumidos para com terceiros. E - tal como vimos no recentemente discutido caso da redução da credibilidade do País na esfera internacional - Portugal ainda é tido como um país de baixo risco. Já foi menor o risco mas, ainda assim, não nos consideram para já como insolventes. Isto é, não estamos falidos deste ponto de vista. O que é uma boa notícia, se tivermos em conta que, internamente, estamos a agir e a reagir como se estivéssemos na maior miséria. Quando falamos de dívidas a propósito de um país, temos que distinguir três níveis. As dívidas das famílias e das empresas para consigo mesmas, numa teia de débitos ainda não pagos, e para com as instituições de crédito, que quase é a mesma coisa. As dívidas do "Estado" administrativo para com as famílias, as empresas e as instituições financeiras. E as dívidas do "Estado" país para com a comunidade internacional. E, em qualquer dos níveis, as dívidas vão sendo pagas. Cada vez mais devagar, mas vão. O que quer dizer que não estamos (ainda) falidos.

Em terceiro lugar, o "défice público". Isto é, o défice do "Estado" administrativo. "Eles", como costumamos dizer, sem nos apercebermos que muitos de "eles" somos nós ou é gente que levou o nosso voto para fazer o que faz. E, nesta questão do "défice", temos que distinguir várias coisas. Primeiro, o défice que a Europa nos autoriza a ter para que, pelo facto de usarmos a mesma moeda que ela, não roubemos o produto de outras comunidades. São os já célebres 3% do PIB. Depois, o défice da máquina administrativa do país. E que não é senão a diferença entre o que o "Estado" administrativo arrecada e aquilo que gasta. São os também célebres 6,83% ou 6,72% do PIB, dependendo do dia em que se fazem as contas. E, por fim, o défice da nossa economia face ao exterior. Isto é, a Balança de Pagamentos do País. Por estar na origem de tudo quanto se vive actualmente no país, vale a pena atardarmo-nos um pouco mais aqui, na análise dos diferentes défices.

Porque a Europa exige 3% do PIB como défice máximo, é fácil de entender. Imagine-se um portuguêrs que, a trabalhar em Portugal, cobra um euro por fabricar um rebuçado. E que pega nesse euro e vai comprar rebuçados ali à vizinha Espanha, onde o seu homónimo espanhol faz dois rebuçados enquanto ganha um euro. O português poderá, assim, trocar ali o seu euro por dois rebuçados. Mas a verdade é que obteve o seu euro produzindo apenas um. Quer isto dizer que o português "rouba" um rebuçado ao espanhol. Já veremos que, entre os factores que tornam possível o português receber um euro pelo rebuçado que produz está o défice público. Portanto, a Europa tem que exigir - todos utilizando a mesma moeda e não havendo fronteiras para as pessoas e para as relações económicas - que não haja défice público, todavia admitindo, por enquanto, que ele possa ser de 3% do produto total, para não asfixiar as economias menos desenvolvidas.

Dizer que o "Estado" apresenta um défice quer dizer que a máquina administrativa do país - que é sustentada pela parte do que todos produzimos que é apropriada pelo mesmo "Estado" - gasta mais do que consegue arrecadar. Se a situação é esta - e porque o Estado paga (ainda que seja tarde e a más horas) tudo o que gasta - só há uma maneira de equilibrar as contas. É pedir dinheiro emprestado. Assim se constituindo a "dívida pública". Quando (se) esta for muito grande, o Estado não conseguirá pagar o que deve senão para as calendas gregas. O "Estado" administrativo começa a ser encarado como mau pagador. E acontece o que sempre acontece com os maus pagadores. Perdem o crédito. E, perdendo o crédito, não poderão comprar a não ser pagando a dinheiro. Enquanto isto se passa cá dentro do País, ainda se vai aguentando. Todos passam a pagar tarde e a más horas. Mas quando isto se passa com o estrangeiro, a coisa é pior. Porque não encontramos quem nos forneça a crédito tudo, desde géneros consumíveis até matérias primas e máquinas de que tanto necessitamos para produzir (isto é, para ter as pessoas empregadas e a receber os seus salários). E a dívida pública pode chegar a limites tais que conduzam o país a suspender os seus pagamentos ao exterior, como ainda há não muito tempo sucedeu na Argentina. E isso será, então, o descalabro total da economia. Como ideia central facilitadora do raciocínio, tomemos que, se o Estado gastar permanentemente MUITO mais do que aquilo que arrecada, alguém terá que sustentar o que falta. E os estrangeiros não estão para isso, naturalmente. Seremos sempre nós a pagar.

De algum modo, o mesmo pode acontecer se a dívida acumulada for originada por um comportamento das famílias ou das empresas semelhante ao do "Estado" administrativo. Só que, quanto a estes, o próprio funcionamento do mercado conduz a que, geralmente, a situação não se possa manter por muito tempo. Ao contrário do que acontece com o "Estado" administrativo, o qual, por ser muito poderoso, pode manter-se indefinidamente assim ou, mesmo, deixar agravar cada vez mais a situação até ao colapso final.

Entenda-se ainda que há "défice público" virtuoso e "défice público" maléfico. Os gastos públicos podem ser de consumo - isto é, não reprodutivos - ou de investimento - isto é, que permitirão maior produção nos períodos vindouros. Se o défice é originado por gastos de consumo, é irrecuperável. É pura perda. Se é originado por gastos de investimento, então a produção acrescida dos períodos seguintes, propiciando maior arrecadação por parte do "Estado" administrativo, permite a recuperação do défice. Por isso se lhe chama virtuoso. Em Portugal, o défice é originado pelos gastos de consumo. Nem suprimindo todo o investimento, o nosso "Estado" conseguiria ter as contas equilibradas.

Por fim, o défice global do país perante terceiros. Medido pela Balança de Pagamentos. Um país vive do que produz, mais do que importa e menos do que exporta. Bens, serviços e dinheiro. Portugal importa mais do que exporta. O que quer dizer que produz menos do que consome. Uma situação que não pode ser aguentada eternamente. E que só o saldo entre o dinheiro exportado e o dinheiro importado permite suceder. Isto é, é colocado em Portugal mais dinheiro do que colocamos lá fora. Logo se vê a tragédia se perdermos a credibilidade. Não vem o dinheiro. E não poderemos consumir ao nível a que consumimos agora. (Explicação muito trivial mas que permite aperceber a situação). Pelo sim, pelo não, é bom que façamos um esforço para produzir mais. Ou, em breve, teremos muito menos bem-estar do que temos agora.

Entendido tudo isto, agora é fácil dar a resposta às questões que me colocaram. Portugal não está falido, não obstante o esbanjamento de dinheiros públicos verificado nos últimos trinta anos, mais gravemente nos últimos dez anos, levado a cabo pelos agentes públicos, pela sua tibieza, pelo seu mau sentido de gestão a largo prazo. Mas a máquina administrativa de Portugal, pela enormidade dos seus défices públicos e pela falta de virtuosismo destes, caminha a passos largos para a falência. Mas, se a máquina administrativa do Estado falir, arrastará a falência da economia portuguesa. E com esta, a própria falência de Portugal. O que mais me admira é que, não sendo eu nenhum especialista profundo na matéria, tenha dito, nestas colunas, escassos seis meses depois de António Guterres ter iniciado a sua governação, que tinha sido uma tragédia para o país a sua eleição; e que só agora tenhamos todos dado conta do estado a que fomos conduzidos pelo "diálogo", pela cedência dos poderes instituídos face às forças sociais, pelo acomodar de gregos e troianos num barco que, via-se já então, não tardaria a meter água. Os sacrifícios agora pedidos são uma tarefa de calafetagem. Vamos a ver se ainda vai a tempo. Ou se teremos naufrágio.

Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 4/7/2005

ILUSÕES - XXV

Quantos rostos conta?...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1956, nasceu o político e ex-Primeiro-Ministro português Pedro Santana Lopes.

Aderiu ao Partido Social Democrata em 1976. Foi adjunto de Álvaro Monjardino, no V Governo, e assessor jurídico de Francisco Sá Carneiro, no VI Governo. Em 1980 foi para Assembleia da República, como deputado pelo Círculo de Lisboa. Em 1986, torna-se secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. No ano seguinte é candidato ao Parlamento Europeu, onde foi deputado até 1990. Em 1992 assume a secretaria de Estado da Cultura do XI Governo, substituindo Teresa Patrício Gouveia. Quando sai do Governo regressa à advocacia, integrando a firma Vaz Serra, Moura, Chaves & Associados. Foi consultor jurídico de várias empresas e leccionou as disciplinas de Direito Internacional Público e Ciência Política, na Universidade Lusíada de Lisboa, regeu Sistemas Constitucionais Comparados, na Universidade Moderna, e Direito Constitucional, na Universidade Internacional. Foi presidente do Sporting Club de Portugal, de 1995 a 1997. Em 1998 é eleito presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Em 2000 candidata-se, pela primeira vez, à liderança do PSD, perdendo para Durão Barroso. Em 2002 derrota João Barroso Soares nas eleições autárquicas de Lisboa. Foi ainda presidente do Conselho da Região Centro, entre 1998 e 2001, e vice-presidente do Comité Executivo do Fórum Europeu de Segurança Urbana, de 2002 a 2004.

Em 2004 Durão Barroso demite-se do cargo de primeiro-ministro do XV Governo Constitucional. Santana Lopes, então vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é indigitado para o Governo, pela mão de Jorge Sampaio. Toma posse como primeiro-ministro do XVI Governo Constitucional, em Julho de 2004. No entanto, dada instabilidade governativa, com várias remodelações ministeriais e demissões em várias magistraturas da Administração Pública, Sampaio dissolve a Assembleia da República, seguindo-se a demissão de Santana Lopes. Nas eleições legislativas de 2005, apresenta-se como candidato do PSD, mas é José Sócrates, do Partido Socialista, quem sai vencedor.


FOTO DO DIA

SORRISO DO DIA

Porta de segurança, primeira geração...

28.6.11

FRASE DO DIA

"Com a crise instalada no país, nunca a matemática foi tão necessária."

Título de PÚBLICO - 28/6/2011

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Então... estamos tramados!...

PENSAMENTO DO DIA



O melhor que posso dizer desse grande industrial que foi Salvador Caetano, um homem com quem os negócios me colocaram várias vezes frente a frente ou lado a lado, é que era um homem de palavra. O que é muito nos tempos que correm.

CRÓNICA DA SEMANA - I

S. JOÃO

Há muitos anos que não ia ao S. João ao Porto, se exceptuarmos um salto ali ao Passeio Alegre, para comprar um manjerico. Nem sei bem porquê este meu divórcio da popular festa joanina. Se calhar, por preguiça. Mas este ano, decidi convidar uns companheiros da guerra colonial, do sul, a virem até ao Porto, conviver um pouco e usufruir de uma festa popular única, dizia-lhes eu, como eles nunca tinham visto. O S. João do Porto. Na mente, eu tinha a recordação das muitas noites passadas a calcorrear ruas que eu conhecia de ginjeira, mas que, naquela noite, ganhavam um encanto especial. Um mar de gente a descer os Aliados, a subir a 31 de Janeiro, escolher aí entre virar para a Santa Catarina, que era outro mar de gente, ou optar por uma descida até às Fontaínhas verdadeiramente aos apertões. A cada três passos, uma pancadinha carinhosa de um alho-porro, primeiro e, depois, de um martelinho que assobiava ao bater, quando não um esfreganço suave de um molho de cidreira pela barba a essa hora já crescida. O que se ia retribuindo com a mesma gentileza, sempre armados, agressores e agredidos, de um sorriso que parecia perguntar que tolice era aquela. O passeio terminava com uma descida de Passos Manuel, um viranço para a Sá da Bandeira, uma paragem na Brasileira ou nos cafés de Sampaio Bruno, para uma meia de leite e meia torrada, uma ou outra vez substituído o café pelo chocolate. Descansados os calcantes, era chegar à Praça da Liberdade e subir os Clérigos até aos Leões, onde a romaria se dava por terminada. Cansados, mas alegres, lá regressávamos a penates.

Era mais ou menos isto que eu esperava ir mostrar aos meus camaradas de guerra que de S. João não sabiam nada. Mas o que aconteceu foi uma profunda decepção. Chegados à Praça da Liberdade para começar o trajecto, era já quase meia-noite, eis que se vê uma multidão razoável a descer para a Almeida Garrett e para a Mouzinho da Silveira. Interrogação, mas logo me recordei. Ia tudo ver o fogo de artifício, lá em baixo no rio. Bom. Em tempos isso não contava para o S. João, mas vamos lá esperar. De fogos de artifício estavam os meus amigos cheios. E lá fomos dando uma volta pelas ruas citadas quase desertas. A tal ponto que a única martelada a que tivemos direito a subir 31 de Janeiro foi dada por aquele personagem típico que está sempre à frente das câmaras de televisão nos sítios mais inacreditáveis e que afirma ter relações de parentesco com o Pinto da Costa.

Quando o ruído do fogo deu sinal deste haver terminado, lá nos preparei eu para a passeata antiga. Agora é que vocês vão ver, afirmei. E chegámo-nos de novo à Praça da Liberdade. Só para ver aquele rio de gente que víramos a descer, subir agora apressadamente para a Praça do Município, para ir ver o Tony Carreira. E as ruas que referi continuavam desoladoramente vazias de gente.

Encolhi os ombros, murmurei uma desculpa qualquer para os meus camaradas e pensei com os meus botões: tanto andaram com originalidades que mataram o S. João do Porto. E fui dormir.

Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 28/6/2011

RECORDAR É VIVER

Amália. Coimbra.

ILUSÕES - XXIV

Descubra "la vie em rose" anunciada no letreiro...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1943, nasceu o melhor jogador mundial de hóquei em patins de todos os tempos, o português António Livramento.

Começou por jogar futebol, a sua paixão de adolescente, no Venda Nova, perto de Benfica. A certa altura, um técnico do Futebol Benfica, Torcato Ferreira, achou que o "miúdo" teria muito jeito para jogar hóquei em patins, e convidou-o a aparecer no rinque do «Fófó». Livramento recusa, mas perante a insistência de Torcato decide experimentar, e a a partir daí o futebol passa para segundo plano.

Em 1959, o Benfica contrata-o, numa operação algo complicada, e aos 16 anos é chamado à selecção de juniores por António Raio. Tem a sua estreia auspiciosa contra a Bélgica, no Campeonato da Europa, marcando três golos na vítória por 5-1. É eleito melhor jogador do torneio, aliado ao troféu de melhor marcador.

Passa para a equipa principal, e em 1961 sagra-se Campeão Europeu, marcando 17 golos, tal como Adrião. No ano seguinte a dupla Livramento/Adrião torna-se imparável e Portugal é Campeão do Mundo.

Um momento ímpar na carreira de António Livramento aconteceu em Maio de 1962. O Mundial de hóquei em patins disputava-se em Santiago do Chile. No jogo entre Portugal e a Argentina, um jogador apanha a bola atrás da baliza, finta toda a equipa adversária e marca golo levando o público ao delírio. Era Livramento, que, emocionado, pede para sair.

Em 1963, torna-se pela segunda vez (seguir-se-iam mais cinco!) Campeão da Europa, e em 1965, em mais um triunfo europeu de Portugal, deslumbra, marcando sete dos 17 golos da vitória lusitana sobre a Bélgica. No final dos anos 1960 já não há dúvidas que o futuro do hóquei era ele.

A beleza do seu jogo só é igualada pela eficiência do mesmo. Volta a ser Campeão Nacional e Europeu em 1967, e um ano depois, no Porto, marca 42 golos em nove jogos do Mundial, quase metade dos da selecção das quinas (92). Por três vezes marca dez golos (Japão, Nova Zelândia e Suíça) num só jogo.


FOTO DO DIA


(foto de Igor Zenin)

SORRISO DO DIA

Velhas glórias do Benfica a treinar o regresso!...

27.6.11

FRASE DO DIA

"Ça se préparait."

Daniel Cohn-Bendit (líder do Partido Verde europeu, sobre a adesão de Rui Tavares. deputado europeu do Bloco de Esquerda, que abandonou este partido e aderiu àquele) - PÚBLICO - 27/6/2011

***

A frase não é importante em si. Apenas serve a Rui Tavares para dar mais uma explicação para a mudança. Aliás, ele explica tudo. Só não explica porque é que, tendo abandonado o Bloco de Esquerda, não abdicou do lugar de deputado eurropeu para que este Partido o escolheu. Para o que só encontro duas razões. Ou porque, apesar de tão de Esquerda, não percebe que não foi eleito pelo Povo mas escolhido pelo Bloco; ou então porque o abandono do cargo de deputado europeu provocaria uma crise de euros.

PENSAMENTO DO DIA



As suspeitas de fraude fiscal que recaem sobre administradores da Caixa Geral de Depósitos, a confirmarem-se, serão um roubo ao Estado feito por ele próprio. E datam de 2006. Porventura para assinalar a data em que recebíamos um novo Primeiro-Ministro.

RECORDAR É VIVER

Enrico Caruso. Cielo e mare.

ILUSÕES - XXIII

Qual dos dois homens-aranha é maior?... Tem a certeza?... Ora meça...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1885, nasceu a violoncelista portuguesa Guilhermina Suggia.

Guilhermina revolucionou o instrumento em técnica, posição e sonoridade.

Abriu as portas profissionais do violoncelo às mulheres, até então quase fechadas. De facto, o considerável gasto de energia exigido para manejar a envergadura do violoncelo, acrescido do facto de as boas maneiras da época obrigarem a colocar o instrumento de um ou outro lado do corpo obrigando a uma significativa contorção do dorso, tornavam o instrumento ainda mais inacessível às executantes femininas.(Note-se que ainda em 1930 o violoncelo era tido como um instrumento indecoroso para as mulheres, sendo então proibida a contratação de violoncelistas mulheres pela própria orquestra da BBC).
Citação
«Suggia é soberbamente temperamental, sendo sempre ela que dirige o seu temperamento, sem nunca ser dirigida por ele. No Concerto de Schumann anima com o fogo da sua personalidade o que de outro modo ficaria morto; com a esplêndida largueza de arco e a vivacidade do seu som, Suggia dá alento e brilho à peça.»
The Daily Mail, 27 de Outubro de 1922 [4]

Para Suggia, o violoncelo é o mais extraordinário de todos os instrumentos, considerando-o ela o único que tem a possibilidade de suster um baixo por um longo período e a possibilidade de cantar uma melodia praticamente em qualquer registo. Porém, para que se revele a substância musical do violoncelo, é preciso que a técnica não seja estudada apenas como destreza, mas que tenda sempre para a música. "A técnica é necessária como veículo de expressão e quanto mais perfeita a técnica, mais livre fica a mente para interpretar as ideias que animaram o compositor". Guilhermina Suggia, "The Violoncello" in Music and Letters, nº 2, vol. I, Londres, Abril de 1920, 106.

Em 1923 o pintor galês Augustus John haveria de deixar na tela[2][3] [5] para a posteridade um pouco da fibra e da atitude interpretativa de Guilhermina Suggia durante as suas actuações. Conforme o próprio relatou, durante as sessões no seu atelier, Suggia tocava Bach. É divino o momento que capta o pintor. Coloca-lhe, por isso, um fantástico vestido vermelho.

Suggia tocava todos os importantes concertos da época para violoncelo e orquestra – os concertos de Haydn, Elgar, Saint-Saëns, Schumann, Eugen d'Albert, Dvořák.


FOTO DO DIA

SORRISO DO DIA

Treino do campeão mundial de bilhar às três tabelas...

26.6.11

FRASE DO DIA

"PS tem de ser refundado e ter política a sério."

Mário Soares - NEGÓCIOS ONLINE - 26/6/2011

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Bem me parecia que estávamos diante de um Partido sem fundações e a brincar connosco à política!

PENSAMENTO DO DIA


São tempos estranhos estes! Já nem os bruxos adivinham quando os querem matar!

RECORDAR É VIVER

Alfredo Marceneiro. Cabelo Branco É Saudade!

ILUSÕES - XXII

Jovem ou idosa?...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1982, faleceu o fadista português Alfredo Marceneiro.

Desde pequeno, sentia grande atracção para a arte de representar e para a música. Junto com amigos começou a dar os primeiros passos cantando o fado em locais populares começando a ser solicitado pela facilidade que cantava e improvisava a letra das canções. Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão.

Alfredo Marceneiro era um rapaz vaidoso. Andava sempre tão bem vestido que ganhou a alcunha de Alfredo Lulu. Era, também, muito namoradeiro. Apaixonou-se por várias raparigas, chegando a ter filhos com duas delas. As aventuras terminaram quando conheceu Judite, amor que durou até à sua morte e com o qual teve três filhos.

Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados. Nos anos 1930, Alfredo Marceneiro trabalhou nos estaleiros da CUF, onde fazia móveis para navios. Dividia o seu tempo entre as canções e o trabalho. A sua presença nas festas organizadas pelos operários era sempre motivo de alegria.

Em 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso. Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz. Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinha, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.

Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer.


FOTO DO DIA

SORRISO DO DIA

Porta de treino para salto em altura!...

25.6.11

FRASE DO DIA

"Salazar foi um bom gestor. Era bom termos hoje um bom gestor"

Medina Carreira - I - 25/6/2011

***

O problema que que a empresa tem estado em auto-gestão. Vai ser muito dífícil para qualquer gestor acabar com ela!

PENSAMENTO DO DIA

Todos os dias, os jornais se assemelham ao relatório diário da polícia. E só há uma de duas soluções: ou colocar grades à volta do país declarando que estamos todos presos ou criando emprego para as pessoas. Temo que se escolha a via da facilidade. As grades.

RECORDAR É VIVER

Paul Mauriat. Paris Musette.

CRÓNICA DA SEMANA - II

O LADO OCULTO

Por dever de ofício, relacionado com o meu próximo livro, a publicar em Setembro próximo, tive de investigar a gestão de uma autarquia nos anos sessenta do século passado. Fi-lo, por obrigação, com alguma profundidade. Nesses anos já longínquos, eu era ainda um rapazinho, vivia nessa autarquia e estava muito longe de imaginar – creio que estávamos quase todos – como é que as coisas funcionavam. Os presidentes de câmara eram, nessa altura, delegados do Governo, que Salazar conduzia com mão de ferro, sempre preocupado com o equilíbrio das Finanças Públicas, ademais estando estas a responder às ameaças colocadas sobre o nosso Império, devendo sustentar um exército em guerra que rondaria a centena de milhar de homens a cada momento. Durante treze anos, o pigmeu que era Portugal, conseguiu, sem desequilíbrios financeiros, sustentar a passagem pelos territórios ultramarinos de mais de um milhão de soldados.

Vital Moreira, na “História de Portugal”, dirigida por João Medina, aborda a organização autárquica nesse período, dizendo a certa altura:

Decisivos no controlo governamental das autarquias locais foram a ausência de organização democrática, bem como o regime de nomeação governamental dos presidentes das câmaras municipais, que eram simultâneamente ‘magistrados administrativos’, ou seja, delegados do Governo com funções de controlo das autarquias locais. A falta de recursos próprios e a quase total dependência dos financiamentos governamentais – política das comparticipações – completaram os mecanismos de dependência absoluta da administração local perante a administração central.

Hoje, desfrutando os prazeres da democracia, entendemos que era uma violência para com os cidadãos das autarquias tal dependência do Governo Central. Porventura era. Na investigação efectuada, verifiquei situações que demonstravam não ser possível a uma autarquia contratar um empréstimo autónomo – empréstimos que, se autorizados, sempre eram contratados junto do banco público então existente, a Caixa Geral de Depósitos – sem autorização do Governo. O endividamento das autarquias era rigorosamente controlado pelo Governo. Fosse ele de que montante fosse. Cem contos ou cinco mil contos. Hoje, os autarcas são livres de contratar os empréstimos que pretendem, endividando, embora dentro de limites que a Lei “pretende” definir, as respectivas autarquias. Acontecendo que não se vê a existência real, efectiva, de sanções para quem passa os limites. Com uma terrível agravante no meio disto tudo, qual é a de muitas autarquias serem geridas por pessoas que não têm a mínima sensibilidade diante do problema económico-financeiro da respectiva gestão.

Mas, nas circunstâncias financeiras difíceis que hoje vivemos, há uma perversão nesta organização. Vamos lá a vê-la, tendo presente que a situação ora vivida limita os meios financeiros a que Portugal pode ter acesso. Assistimos todos os dias à luta em que hoje se transformou o recurso ao crédito externo, tendo-o conseguido, a cada novo pedido, à subida vertiginosa das taxas de juro. Tenhamos presente que o ónus do desequilíbrio financeiro recai sobre o Governo Central, mas que na sua conta entra também o défice das autarquias. E este é um primeiro desajuste. A responsabilidade não coincide com a autoridade. A autarquia endivida-se mas, quando for contado o endividamento, viramo-nos para o Governo. Pequeno desajuste, mas mesmo assim, significativo.

Todavia, há outra consequência pior da organização financeira do sector público que temos. Vejamos. Os recursos financeiros disponíveis são escassos e caros. E no acesso a esses recursos escassos concorrem:
- O governo central;
- As autarquias;
- Os bancos; e, através destes,
- A economia real, a da produção e do consumo;
O que quer dizer que, se um dos concorrentes absorver mais, menos ficará para os demais concorrentes.

Ora, as autarquias funcionam, neste domínio, de modo descoordenado. Cada autarquia endivida-se o que lhe dá na real gana. Enquando, no governo central, temos pelo menos um Orçamento Geral do Estado a definir o quinhão que ele vai levar dos meios disponíveis, nas autarquias, como um conjunto encaradas, tal não acontece. Isto é, o Estado, por esta escapatória, pode absorver muito mais recursos do que aqueles que a racionalidade económica do funcionamento equilibrado aconselharia. ISTO NÃO ESTÁ BEM! É NECESSÁRIO MEXER AQUI! Isto é, se queremos caminhar em direcção a uma economia global organizada, temos de condicionar a quantidade de recursos que as autarquias, como um todo, podem consumir.

Pode pensar-se que eu estou a falar de assuntos etéreos. Mas nem de propósito, chegou-me às mãos um documento relacionado com uma autarquia que mostra de que modo este tema é importante. A autarquia é a de Portimão. E foi tema de discussão ali, com uma forte intervenção da oposição. Segundo denúncia enviada ao Tribunal de Contas por essa oposição, ficamos a saber que:
- O município tinha de contratar um financiamento superior a 90 milhões de euros para colmatar dívidas de curto prazo cujo cumprimento se tornara insustentável;
- Os défices da gestão da Câmara, acumulados no período de 2005 a 2010, subiam a 120 milhões de euros;
- O passivo total do município passara de 187 milhões de euros em 2008 para 256 milhões de euros em 2010;
- Acrescia a existência de suspeitas de que as contas oficiais não satisfaziam o princípio contabilístico da integralidade, isto é, haveria responsabilidades ocultas;
- E presumiam os documentos previsionais a estimativa de receitas irrealistas.

A tudo isto ser verdade, como parece que é, não só a vida da autarquia está irremediavelmente comprometida para muitos anos vindouros – o que é mau – como esta autarquia absorveu recursos escassos que provavelmente teriam sido mais produtivos noutros sectores – o que é muito pior. E, ainda pior do que tudo isso e muito mais alarmante, é que a autarquia de Portimão não é caso único nem sequer pouco frequente.

Há a imperiosa necessidade de rever e mexer neste lado oculto do funcionamento do sistema económico nacional. Tem de haver controlo e coordenação do endividamento das autarquias. As autarquias têm de voltar a financiar-se apenas na Caixa Geral de Depósitos, uma vez que os bancos, numa época de crédito duvidoso e dífícil, tenderão a preferir emprestar às autarquias – sempre receberão – do que ao sector privado.

Se não agirmos aqui, também, os nossos sacrifícios podem muito bem vir a ser chuva no molhado.

Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 23/6/2011

ILUSÕES - XXI

Rectas ou curvas, as linhas vermellhas?...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1933, nasceu o arquitecto português Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira.

Nascido em Matosinhos, uma localidade costeira no norte de Portugal, junto a cidade do Porto, Álvaro Siza Vieira é filho de Júlio Siza Vieira e Cacilda Ermelinda Camacho Carneiro. Do seu casamento, ele teve dois filhos, Joana Marinho Leite Siza Vieira e Álvaro Leite Siza Vieira, também arquitecto.

As suas obras encontram-se por todo o mundo, desde América à Ásia, passando por países como Portugal, Espanha, Países Baixos, Bélgica, Brasil, Coreia do Sul, Estados Unidos, entre outros. Nos Países Baixos, Siza Vieira dirigiu, de 1985 a 1989, o Plano de Recuperação da Zona 5 de Schilderswijk, em A Haia; em 1995, concluiu o projeto para os blocos 6-7-8 de Ceramique Terrein, em Maastricht. Elaborou, em Espanha, o projeto para o Centro Meteorológico da Villa Olimpica em Barcelona; o do Centro Galego de Arte Contemporánea e da Faculdade de Ciências da Informação, em Santiago de Compostela; a reitoria da Universidade de Alicante; o Edifício Zaida, em Granada; e o Complexo Desportivo Ribero Serralo, em Cornellá de Llobregat.

Siza foi ainda professor visitante na Escola Politécnica Federal de Lausana, na Universidade de Pensilvânia, na Universidade de Los Andes em Bogotá e na Universidade Harvard.


FOTO DO DIA

SORRISO DO DIA

Pepino naturalizado...

22.6.11

FRASE DO DIA

"Pedro Passos Coelho não enganou ninguém."

Baptista Bastos - DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 22/6/2011

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Vindo de quem vem, isto vale por um certificado de autenticidade!...

PENSAMENTO DO DIA

Rui Tavares, o deputado eleito pelo Bloco de Esquerda para o Parlamento Europeu, sentiu-se incapaz de representar o partido que o escolheu para a eleição. Mas entendeu que devia continuar a ser deputado europeu. Gosto. Afinal, nesta questão ética, ele é igualzinho aos deputados de direita que tanto critica!

CRÓNICA DA SEMANA - I

MUDAM-SE OS TEMPOS

No momento em que os meus ouvintes estiverem a escutar estas notas, estará a preparar-se para tomar posse um novo Governo. Em relação ao qual me parecem existir algumas notas originais, que não sejam a repetição exaustiva daquilo que pensamos sempre que um novo Governo toma posse.

Em primeiro lugar, este será o Governo mais pequeno de todos os que tivemos depois do “25 de Abril”. O que traduz uma nota importante se não for apenas fogo-de-vista. Traduz uma efectiva vontade de cortar na despesa do Estado, como tão necessário é. E se é bom que o exemplo venha de cima, então temos razão para estar satisfeitos.

Mas isso é um quase-nada. Graças a Deus, há mais. É um dos Governos mais jovens que tivemos. O que não quer dizer inexperiente da vida. Se há algo que agrada neste Governo é ele ser constituído, em grande medida, por gente que conhece o mundo cá de fora, isto é, o mundo onde andamos todos, e não apenas o mundo da política. O que quase parece um paradoxo. Porque o Primeiro-Ministro é, por seu lado, um homem que só tem experiência da política. Há quem pense que isto é uma desvantagem. Não estou tanto pelos ajustes. É que sendo o que disse verdade, ele mostrou grande sabedoria ao ir buscar para os lugares de Ministro gente que sabe e que conhece. Uma esperança.

Entre esses que ele foi buscar, há quatro que me dão muita esperança. O Ministro das Finanças, por ser um defensor da austeridade nos gastos públicos e de crédito na Europa. O da Saúde, porque dele soubemos, quando foi Director Geral dos Impostos, que é um homem de grande rigor. O da Educação, que advoga há muito tempo maior exigência no Ensino, de modo a preparar melhor os nossos jovens. E o da Economia, um dos melhores economistas que temos, que foi doutorar-se a uma universidade canadiana e de tal modo o fez que o convidaram para ser lá professor. Todos eles, em quatro pastas ministeriais de grande responsabilidade no futuro do país, têm este trunfo inestimável: não precisam da política para nada. O que lhes dá espaço para dizer que se vão embora se os lobbies e os políticos começarem a fazer os jogos do costume.

Por tudo isto, tenho grande esperança neste novo Governo. Mas, tal como acontece com os melões, só vamos saber se é bom depois de o abrirmos.

Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 21/6/2011

RECORDAR É VIVER

Mina. Scrivimi.

ILUSÕES - XX

Vê ou lê?...

EFEMÉRIDE DO DIA

Neste dia, em 1922, nasceu a actriz de cinema americana Judy Garland.

Depois de aparecer no vaudeville com suas irmãs, Judy assinou contrato com a Metro-Goldwyn-Mayer, ainda como uma adolescente. Lá, ela fez mais de duas dezenas de filmes, incluindo nove com Mickey Rooney e o filme com o qual ela seria mais identificada, O Feiticeiro de Oz, de 1939. Depois de 15 anos, Garland foi liberada do estúdio, mas ganhou sucesso renovado através de recorde de aparições em concertos, incluindo um aclamado no Carnegie Hall, uma bem considerada, mas de vida curta série de televisão e um regresso ao cinema actuando em Nasceu uma Estrela, em 1954.

Apesar de seus triunfos profissionais, Judy lutou com vários problemas pessoais ao longo de sua vida. Insegura com sua aparência, seus sentimentos foram agravados por executivos de cinema que disseram que ela era feia e com sobrepeso. Tratada com medicamentos para controlar seu peso e aumentar a sua produtividade, Judy suportou décadas de uma longa luta contra o vício. Ela era atormentada por uma instabilidade financeira, muitas vezes devendo centenas de milhares de dólares em impostos atrasados, e seus primeiros quatro de cinco casamentos terminaram em divórcio. Ela tentou o suicídio em várias ocasiões. Judy morreu de uma overdose acidental de drogas na idade de 47 anos, deixando as crianças Liza Minnelli, Lorna Luft e Joey Luft.

FOTO DO DIA

SORRISO DO DIA

Que gracinha! É mesmo de sorrir!...

20.6.11

FRASE DO DIA

"O Presidente da Assembleia da República sempre foi do partido mais votado. Se fosse eu, votava Fernando Nobre."

António Costa (Presidente da Câmara Municipal de Lisboa) - Comunicação Social - 20/6/2011

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Tá maluco! Vai-se lá agora facilitar a vida a um Governo que tem tanto em que pensar! Vamos mas é ocupá-lo com chicanas!

PENSAMENTO DO DIA

Desde sempre, com maiorias ou minorias, o Presidente da Assembleia da República foi sempre o proposto pelo partido que ganhou as eleições. Menos nesta. Os deputados dos partidos da oposição mais os do PP que assumam as suas responsabilidades, E o Povo que se pergunte porque é que Nobre não serve.

ILUSÕES - XIX

O impossível acontece...