MUDAM-SE OS TEMPOS
No momento em que os meus ouvintes estiverem a escutar estas notas, estará a preparar-se para tomar posse um novo Governo. Em relação ao qual me parecem existir algumas notas originais, que não sejam a repetição exaustiva daquilo que pensamos sempre que um novo Governo toma posse.
Em primeiro lugar, este será o Governo mais pequeno de todos os que tivemos depois do “25 de Abril”. O que traduz uma nota importante se não for apenas fogo-de-vista. Traduz uma efectiva vontade de cortar na despesa do Estado, como tão necessário é. E se é bom que o exemplo venha de cima, então temos razão para estar satisfeitos.
Mas isso é um quase-nada. Graças a Deus, há mais. É um dos Governos mais jovens que tivemos. O que não quer dizer inexperiente da vida. Se há algo que agrada neste Governo é ele ser constituído, em grande medida, por gente que conhece o mundo cá de fora, isto é, o mundo onde andamos todos, e não apenas o mundo da política. O que quase parece um paradoxo. Porque o Primeiro-Ministro é, por seu lado, um homem que só tem experiência da política. Há quem pense que isto é uma desvantagem. Não estou tanto pelos ajustes. É que sendo o que disse verdade, ele mostrou grande sabedoria ao ir buscar para os lugares de Ministro gente que sabe e que conhece. Uma esperança.
Entre esses que ele foi buscar, há quatro que me dão muita esperança. O Ministro das Finanças, por ser um defensor da austeridade nos gastos públicos e de crédito na Europa. O da Saúde, porque dele soubemos, quando foi Director Geral dos Impostos, que é um homem de grande rigor. O da Educação, que advoga há muito tempo maior exigência no Ensino, de modo a preparar melhor os nossos jovens. E o da Economia, um dos melhores economistas que temos, que foi doutorar-se a uma universidade canadiana e de tal modo o fez que o convidaram para ser lá professor. Todos eles, em quatro pastas ministeriais de grande responsabilidade no futuro do país, têm este trunfo inestimável: não precisam da política para nada. O que lhes dá espaço para dizer que se vão embora se os lobbies e os políticos começarem a fazer os jogos do costume.
Por tudo isto, tenho grande esperança neste novo Governo. Mas, tal como acontece com os melões, só vamos saber se é bom depois de o abrirmos.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 21/6/2011
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