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29.9.08

CRÓNICA DA SEMANA (I)

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Visto assim, o meu Leitor já está a suspeitar o que se está a passar. Imagine que foi quem fez um depósito nesse banco. Neste momento, o seu dinheiro já não está na posse do banco. Já está nas mãos do empreiteiro que vendeu a casa ao cliente que pediu dinheiro emprestado ao banco. Imagine, agora, o meu Leitor, que, de um momento para o outro, quer o seu dinheiro de volta. O banco não o tem com ele, já. Mas, se é assim, como é que isto funciona? É que o meu Leitor não foi o único a fazer depósito nesse banco. Houve mais quem fizesse. E se o meu Leitor quiser o seu dinheiro, o banco pega em dinheiro doutros depósitos e dá-lhe o seu. O tempo ensinou os bancos – ou o sistema financeiro, para falar melhor – que, por norma, não vai toda a gente levantar os seus depósitos ao mesmo tempo. Assim, os bancos só são obrigados a guardar aí uns dez por cento de todo o dinheiro que recebem em depósito. E, se nada de especial se passar, se o banco for prudente nos empréstimos que faz, a longo prazo toda a gente tem o seu dinheiro garantido.

O pior é se as pessoas desconfiarem da segurança de um banco. Então, aparecem todas a levantar os seus depósitos ao mesmo tempo. E, se assim for, o banco não tem o dinheiro que nem sequer é seu. E é obrigado a suspender pagamentos. E à suspensão de pagamentos chama-se falência. No caso dos bancos, quase sempre por falta de dinheiro líquido.

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Excerto da crónica FALTA DE DINHEIRO - Magalhães Pinto - MATOSINHOS HOJE - 30/9/2008

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