Há uma pergunta atroz, importante, crucial que devia ser feita e ainda não foi feita. Uma pergunta cuja resposta esclareceria tudo. Evitaria este autêntico circo em que a realidade nacional está transformada. Um circo que nem sequer se chega ao Soleil. É um circo familiar, daqueles em que os artistas se juntam pelo Natal para passearem numas quantas territas, a fazer uns euros mais para o orçamento. E ninguém faz a pergunta. E eu desespero-me, porque queria fazer a pergunta e não tenho como. E nem sequer os que atacam ou procuram defender-se dão a resposta sem que alguém faça a pergunta. Dizem-nos tantas coisas que não queremos nem precisamos de saber, só a resposta à pergunta não vem. Lentamente, a máquina da informação – aliás no cumprimento, só não sei se bem, da sua função – vai trucidando consciências, juízos, factos, coincidências, obscuridades, claridades. E, um pouco mais apressadamente, os visados pelas notícias, vão-nos atirando aos olhos argumentos não provados, ainda que prováveis. No redemoinho dos factos e das palavras, sem bem sabermos onde terminam uns e começam as outras, perdemo-nos em conjecturas que tanto podem ter aderência à realidade como podem ser apenas ilusórias. E, no meio desta amálgama, a pergunta não sai, a resposta não vem e tudo fica empastelado. Ah! Se eu pudesse fazer a pergunta…
- O que é que pode levar um Ministério, usualmente burocrata e lento, a acelerar uma decisão já recusada duas vezes, legalmente discutível e eticamente censurável, para que a decisão produza efeitos uns dias antes do Ministro ser remodelado?
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Excerto da crónica FREEPORT - Magalhães Pinto - MATOSINHOS HOJE - 27/1/2009
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