OS DIAS DIFÍCEIS
A proposta de Orçamento Geral do Estado não é melhor nem pior do que se esperava. Chegou a hora de pagarmos a factura de tantas escolhas mal feitas que fomos fazendo ao longo do tempo. E, o que é mais doloroso, é vermos que, não tarda nada, estaremos a viver numa miséria maior do que aquela que havia no país quando se deu a Revolução dos Cravos.
Até nem seria mau se pudéssemos pensar que feitos estes sacrifícios que nos são pedidos agora, começaríamos a recuperar da condição em que nos encontramos e poderíamos contar com melhores dias aí para a frente. Infelizmente não é assim. O mau foi termos caído no poço da má gestão. Agora, só pararemos quando chegarmos ao fundo. Fundo que, ou me engano muito ou ainda está muito mais abaixo. E vamos ver isso já no próximo ano. Explico porquê.
Isto da Economia é feito de equilíbrios. É como se fosse uma mesa com as quatro pernas mais ou menos certinhas, sem balançar. Cortado um pedaço a uma perna, a mesa fica a mancar. Que fazemos então? Começamos a cortar as outras pernas a ver se acertamos. Mas de cada vez que cortamos um pedaço a uma perna, a mesa balança cada vez mais. É muito difícil acertar as pernas de uma mesa como a economia de um país. Quase sempre, a mesa só deixa de balançar quando o tampo fica directamente assente no chão. E o que o Governo tem vindo a fazer é a cortar, pedacinho a pedacinho, as pernas à mesa do Estado.
O grave peso fiscal que foi imposto sobre a economia portuguesa vai conduzir a uma recessão económica. Recessão significa mais desemprego, menos impostos. Isto é, mais desequilíbrio no Orçamento do Estado. O que conduz a novos e mais pesados sacrifícios sociais. É isso que vai acontecer para o ano. Temos, obviamente, a culpa de tudo isto. Todos. Mas seria esconder a cabeça na areia se não pensássemos que a culpa maior pertence a quem escolheu um bando de incompetentes para nos governar. Esses, sim, são os maiores culpados.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 19/10/2010
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