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. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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31.5.11
FRASE DO DIA
"Vieira da Silva acusa Marcelo (Rebelo de Sousa) de apelar ao voto no PSD."
Título de PÚBLICO - 31/5/2011
***
Tem razão! E eu que estava à espera de ver o Professor pedir o voto no PCTP/MRPP!...
Título de PÚBLICO - 31/5/2011
***
Tem razão! E eu que estava à espera de ver o Professor pedir o voto no PCTP/MRPP!...
PENSAMENTO DO DIA
O cómico da campanha eleitoral é o PS querer votos social-democratas e estes querem votos socialistas. Com um bocado de jeito, ainda veremos Louçã a pedir votos ao CDS...
CRÓNICA DA SEMANA - I
CAMINHO ERRADO
O que vou dizer hoje, não tem nada a ver com eleições, partidos, discursos, programas, planos. Com Sócrates ou Passos Coelho. Não. Tem a ver connosco. Tem a ver com o que nos espera.
Nas minhas deambulações diárias, por aí, fico verdadeiramente siderado por ver que, a qualquer hora do dia, a quantidade de pessoas que passam o dia com ar de nada ter que fazer, é imensa. Os shoppings estão cheios a qualquer hora, os locais de lazer repletos, nas esplanadas dos cafés e cervejarias não há lugares vagos, pescadores à linha aos montes, praias cheias em dias de semana, enfim, multidões autênticas passam o seu dia, dias a fio, sem fazer nada de útil. Claro. Eu sei que há muita gente desempregada e que não anda por aí a flanar de boa vontade. Mas a verdade é que andam. E também sei que, se realmente quisermos fazer alguma coisa de útil, há sempre que fazer.
Ora, parece-me que ainda não nos apercebemos todos da verdadeira situação em que nos encontramos. Ouvimos para aí os políticos a falarem das perdas de benefícios sociais que já se verificaram, mas parece que ainda vai dando para o essencial. E a verdadeira situação é esta: se não arregaçarmos as mangas, se não nos atirarmos duramente ao trabalho, produzindo o mais que pudermos e poupando o máximo que seja possível, a realidade vai conduzir-nos a uma situação bem pior do que aquele que estamos a viver. Na medida em que não pudermos cumprir os compromissos internacionais que estamos a assumir, endividando-nos até aos cabelos, a sustentação social que tem existido, com o Estado a alimentar quem não produz, vai reduzir-se a quase nada. E se – o diabo seja surdo! – as coisas chegarem a limites extremos, como podem chegar se não trabalharmos, e tivermos de abandonar o Euro como nosso moeda, então haverá muita miséria, haverá mesmo muita fome. Podemos ser remetidos para situações iguais ou piores do que aquela que tínhamos quando o 25 de Abril se deu.
Isto que eu estou a dizer não é pessimismo. É mesmo o que pode acontecer, com grande probabilidade, se não arrepiarmos este caminho em que tudo continua a parecer um mar de rosas, e encetarmos outro em que temos de trabalhar muito para conseguir não cair ainda mais fundo.
É por isso que eu hoje falei nisto. Por enquanto, ainda podemos salvar-nos. Mas se deixarmos isto continuar como tem vindo a andar, então prepare-se quem me ouve. Pode muito bem acontecer que a miséria lhe bata à porta.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 31/5/2011
O que vou dizer hoje, não tem nada a ver com eleições, partidos, discursos, programas, planos. Com Sócrates ou Passos Coelho. Não. Tem a ver connosco. Tem a ver com o que nos espera.
Nas minhas deambulações diárias, por aí, fico verdadeiramente siderado por ver que, a qualquer hora do dia, a quantidade de pessoas que passam o dia com ar de nada ter que fazer, é imensa. Os shoppings estão cheios a qualquer hora, os locais de lazer repletos, nas esplanadas dos cafés e cervejarias não há lugares vagos, pescadores à linha aos montes, praias cheias em dias de semana, enfim, multidões autênticas passam o seu dia, dias a fio, sem fazer nada de útil. Claro. Eu sei que há muita gente desempregada e que não anda por aí a flanar de boa vontade. Mas a verdade é que andam. E também sei que, se realmente quisermos fazer alguma coisa de útil, há sempre que fazer.
Ora, parece-me que ainda não nos apercebemos todos da verdadeira situação em que nos encontramos. Ouvimos para aí os políticos a falarem das perdas de benefícios sociais que já se verificaram, mas parece que ainda vai dando para o essencial. E a verdadeira situação é esta: se não arregaçarmos as mangas, se não nos atirarmos duramente ao trabalho, produzindo o mais que pudermos e poupando o máximo que seja possível, a realidade vai conduzir-nos a uma situação bem pior do que aquele que estamos a viver. Na medida em que não pudermos cumprir os compromissos internacionais que estamos a assumir, endividando-nos até aos cabelos, a sustentação social que tem existido, com o Estado a alimentar quem não produz, vai reduzir-se a quase nada. E se – o diabo seja surdo! – as coisas chegarem a limites extremos, como podem chegar se não trabalharmos, e tivermos de abandonar o Euro como nosso moeda, então haverá muita miséria, haverá mesmo muita fome. Podemos ser remetidos para situações iguais ou piores do que aquela que tínhamos quando o 25 de Abril se deu.
Isto que eu estou a dizer não é pessimismo. É mesmo o que pode acontecer, com grande probabilidade, se não arrepiarmos este caminho em que tudo continua a parecer um mar de rosas, e encetarmos outro em que temos de trabalhar muito para conseguir não cair ainda mais fundo.
É por isso que eu hoje falei nisto. Por enquanto, ainda podemos salvar-nos. Mas se deixarmos isto continuar como tem vindo a andar, então prepare-se quem me ouve. Pode muito bem acontecer que a miséria lhe bata à porta.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 31/5/2011
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1960, faleceu o escritor russo Boris Pasternak.
Filho de um professor de pintura e de uma pianista, teve uma juventude numa atmosfera cosmopolita. Estudou Filosofia na Alemanha e retornou a Moscovo em 1914, ano em que publicou sua primeira colecção de poesias. Inicialmente próximo do Futurismo russo, é principalmente como poeta que Pasternak se tornou conhecido na Rússia.
Durante a Primeira Guerra Mundial ele ensinou e trabalhou numa fábrica química dos Urais, o que lhe deu matéria para a sua famosa saga Doctor Jivago anos mais tarde.
Pasternak caiu em desgraça com as autoridades soviéticas durante os anos 1930; acusado de subjectivismo, ele conseguiu, no entanto, não ser enviado para um Gulag.
Foi-lhe atribuído o Nobel de Literatura de 1958, mas não foi autorizado a recebê-lo por razões políticas.
Na Rússia é mais conhecido como poeta do que romancista, em virtude que o livro Dr. Jivago não fez muito sucesso na antiga União Soviética por motivos políticos. É interessante observar, no entanto, que o personagem principal, homónimo do livro é, justamente, um poeta que tem problemas com as autoridades soviéticas estalinistas, embora simpatizante da causa dos deserdados. O Dr. Jivago, percebe-se, é um alter-ego do poeta Pasternak.
Filho de um professor de pintura e de uma pianista, teve uma juventude numa atmosfera cosmopolita. Estudou Filosofia na Alemanha e retornou a Moscovo em 1914, ano em que publicou sua primeira colecção de poesias. Inicialmente próximo do Futurismo russo, é principalmente como poeta que Pasternak se tornou conhecido na Rússia.
Durante a Primeira Guerra Mundial ele ensinou e trabalhou numa fábrica química dos Urais, o que lhe deu matéria para a sua famosa saga Doctor Jivago anos mais tarde.
Pasternak caiu em desgraça com as autoridades soviéticas durante os anos 1930; acusado de subjectivismo, ele conseguiu, no entanto, não ser enviado para um Gulag.
Foi-lhe atribuído o Nobel de Literatura de 1958, mas não foi autorizado a recebê-lo por razões políticas.
Na Rússia é mais conhecido como poeta do que romancista, em virtude que o livro Dr. Jivago não fez muito sucesso na antiga União Soviética por motivos políticos. É interessante observar, no entanto, que o personagem principal, homónimo do livro é, justamente, um poeta que tem problemas com as autoridades soviéticas estalinistas, embora simpatizante da causa dos deserdados. O Dr. Jivago, percebe-se, é um alter-ego do poeta Pasternak.
30.5.11
FRASE DO DIA
"Duas em cada cinco crianças vivem em situação de pobreza!
Título de PÚBLICO - 30/5/2011
***
Um dia, alguém lhes vai dizer que quem os reduziu a isso foi a geração dos políticos do "25 de Abril"...
Título de PÚBLICO - 30/5/2011
***
Um dia, alguém lhes vai dizer que quem os reduziu a isso foi a geração dos políticos do "25 de Abril"...
PENSAMENTO DO DIA
Se o Primeiro-Ministro que (ainda) temos fosse realmente patriota, estaria já a preparar o cumprimento das medidas impostas pelo FMI e pela União Europeia. Não está a fazê-lo por duas razões: não é patriota e se não for reeleito, os outros que se lixem. Os "outros" somos nós todos!...
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1854, nasceu o escritor português Wenceslau de Morais.
Aí a sua vida é marcada pela sua actividade literária e jornalística, pelas suas relações amorosas com duas japonesas (Ó-Yoné Fukumoto e Ko-Haru) e pela sua crescente "japonização".
Durante os trinta anos que se seguiram Venceslau de Morais tornou-se a grande fonte de informação portuguesa sobre o Oriente, partilhando as suas experiências íntimas do quotidiano japonês com os seus leitores Portugueses, numa actividade paralela à de Lafcádio Hearn, o grande divulgador da cultura nipónica no mundo anglo-saxão, de quem foi contemporâneo.
Amargurado com a morte, por doença, de Ó-Yoné, Venceslau de Morais renunciou ao seu cargo consular em 1913 quando já era graduado em Tenente-coronel/Capitão de fragata, mudou-se para Tokushima, terra natal daquela. Aí viveu com Ko-Haru, sobrinha de Ó-Yoné, que viria também a falecer por doença.
Aí o seu quotidiano tornou-se crescentemente idêntico ao dos japoneses, embora tendo como pano de fundo uma crescente hostilidade destes. Cada vez mais solitário, e com a saúde minada, Venceslau de Morais viria a falecer em Tokushima em 1 de Julho de 1929.
Venceslau de Morais foi autor de vários livros sobre assuntos ligados ao Oriente, em especial o Japão.
Aí a sua vida é marcada pela sua actividade literária e jornalística, pelas suas relações amorosas com duas japonesas (Ó-Yoné Fukumoto e Ko-Haru) e pela sua crescente "japonização".
Durante os trinta anos que se seguiram Venceslau de Morais tornou-se a grande fonte de informação portuguesa sobre o Oriente, partilhando as suas experiências íntimas do quotidiano japonês com os seus leitores Portugueses, numa actividade paralela à de Lafcádio Hearn, o grande divulgador da cultura nipónica no mundo anglo-saxão, de quem foi contemporâneo.
Amargurado com a morte, por doença, de Ó-Yoné, Venceslau de Morais renunciou ao seu cargo consular em 1913 quando já era graduado em Tenente-coronel/Capitão de fragata, mudou-se para Tokushima, terra natal daquela. Aí viveu com Ko-Haru, sobrinha de Ó-Yoné, que viria também a falecer por doença.
Aí o seu quotidiano tornou-se crescentemente idêntico ao dos japoneses, embora tendo como pano de fundo uma crescente hostilidade destes. Cada vez mais solitário, e com a saúde minada, Venceslau de Morais viria a falecer em Tokushima em 1 de Julho de 1929.
Venceslau de Morais foi autor de vários livros sobre assuntos ligados ao Oriente, em especial o Japão.
29.5.11
FRASE DO DIA
"Cinco mil presos em casa desafogaram cadeias nos últimos nove anos."
Título de PÚBLICO - 29/5/2011
***
Já falta pouco para a realização do meu prognóstico: grades à volta do país e a sentença: está tudo preso!
Título de PÚBLICO - 29/5/2011
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Já falta pouco para a realização do meu prognóstico: grades à volta do país e a sentença: está tudo preso!
PENSAMENTO DO DIA
Afinal, percebe-se porquê José Sócrates se abespinhou com Passos Coelho, quando este falou em baixar a Taxa Social Única. Ele já tinha acordado isso com a Troika, mas escondera o jogo. Por mais voltas e reviravoltas que lhe demos, a conclusão é sempre a mesma: o homem parece um reles jogador de poker do Far-West: esconde sempre os ases na manga!
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1500, faleceu o navegador português Bartolomeu Dias.
Marinheiro experiente, o primeiro a chegar ao Cabo das Tormentas, como o batizou em 1488 (chamado assim pois lá encontrou grandes vendavais e tempestades), um dos mais importantes acontecimentos da história das navegações. A expedição partiu de Lisboa em Agosto de 1487 a bordo levavam dois negros e quatro negras, capturados por Diogo Cão na costa ocidental africana. Bem alimentados e vestidos, serão largados na costa oriental para que testemunhem junto daquelas populações daquelas regiões a bondade e grandeza dos portugueses, e ao mesmo tempo recolher informações sobre o reino do Preste João. Em Dezembro atingiu a costa da actual Namíbia, o ponto mais a sul cartografado pela expedição de Diogo Cão. Continuando para sul, descobriu primeiro a Angra dos Ilhéus, sendo assaltado, em seguida, por um violento temporal. Treze dias depois, procurou a costa, encontrando apenas o mar. Aproveitando os ventos vindos da Antártica que sopram vigorosamente no Atlântico Sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, que aí já tinha a orientação este-oeste e norte (já para leste do Cabo da Boa Esperança, que foi renomeado pelo rei português D. João II, assegurando a esperança de se chegar à Índia, para comprar as tão necessárias especiarias e outros artigos de luxo. Antes para se chegar à Índia era preciso apenas cruzar o Mar Mediterrâneo passando por Génova e Veneza, que eram grandes centros comerciais graças ao Renascimento, só que eram agora dominados pelos turcos. Precisando então cruzar o Atlântico, chamado naquele tempo de O Mar Tenebroso, acreditando-se que nele havia monstros devoradores de embarcações e dar a volta na África, para se chegar à Índia), continuou para leste, cartografando diversas baías da costa da actual África do Sul (úteis no futuro como portos naturais), e chegando até à baía de Algoa (800 km a leste do cabo da Boa Esperança), então conhecido como Cabo das Tormentas.
Marinheiro experiente, o primeiro a chegar ao Cabo das Tormentas, como o batizou em 1488 (chamado assim pois lá encontrou grandes vendavais e tempestades), um dos mais importantes acontecimentos da história das navegações. A expedição partiu de Lisboa em Agosto de 1487 a bordo levavam dois negros e quatro negras, capturados por Diogo Cão na costa ocidental africana. Bem alimentados e vestidos, serão largados na costa oriental para que testemunhem junto daquelas populações daquelas regiões a bondade e grandeza dos portugueses, e ao mesmo tempo recolher informações sobre o reino do Preste João. Em Dezembro atingiu a costa da actual Namíbia, o ponto mais a sul cartografado pela expedição de Diogo Cão. Continuando para sul, descobriu primeiro a Angra dos Ilhéus, sendo assaltado, em seguida, por um violento temporal. Treze dias depois, procurou a costa, encontrando apenas o mar. Aproveitando os ventos vindos da Antártica que sopram vigorosamente no Atlântico Sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, que aí já tinha a orientação este-oeste e norte (já para leste do Cabo da Boa Esperança, que foi renomeado pelo rei português D. João II, assegurando a esperança de se chegar à Índia, para comprar as tão necessárias especiarias e outros artigos de luxo. Antes para se chegar à Índia era preciso apenas cruzar o Mar Mediterrâneo passando por Génova e Veneza, que eram grandes centros comerciais graças ao Renascimento, só que eram agora dominados pelos turcos. Precisando então cruzar o Atlântico, chamado naquele tempo de O Mar Tenebroso, acreditando-se que nele havia monstros devoradores de embarcações e dar a volta na África, para se chegar à Índia), continuou para leste, cartografando diversas baías da costa da actual África do Sul (úteis no futuro como portos naturais), e chegando até à baía de Algoa (800 km a leste do cabo da Boa Esperança), então conhecido como Cabo das Tormentas.
28.5.11
NOVAS OPORTUNIDADES: O EMBUSTE
Novas Oportunidades – o embuste
Boa noite
Começo por informar que não sou, nunca fui e não serei eleitor votante no PSD. Situo-me num espectro político-ideológico completamente diverso, portanto a razão do meu contacto não tem qualquer motivação partidária. Simplesmente acho que este assunto é demasiado sério para ser tratado apenas como uma guerra de palavras entre dois partidos candidatos ao governo.
Fui formador de informática durante 17 anos, actividade que deixei de exercer a tempo inteiro em Agosto passado, quando ingressei na Administração Pública, mas nos últimos anos tive a infeliz oportunidade de conhecer a realidade da formação nas Novas Oportunidades. “Infeliz” porque pude verificar que se trata de um completo embuste. Em 17 anos de actividade e com mais de 12.000 horas de formação ministrada, a única vez que tive vontade de abandonar um curso foi nas Novas Oportunidades.
De facto, o modo como estes cursos estão estruturados é mau demais para ser verdade, e quem não conheceu a situação no terreno nem imagina a tragédia que aquilo é. E é este o motivo que me leva a entrar em contacto convosco: para dar o testemunho de quem teve a desdita de ministrar cursos das Novas Oportunidades.
1. O primeiro foi num centro de emprego na região de Lisboa. Pretendia-se certificar os formandos com qualificação equivalente ao 6º ano, num curso qualificado como B2. Coube-me ministrar 100 horas de informática, onde se deveria incluir módulos de Word, Excel, PowerPoint e Internet. As dificuldades começaram logo na utilização do próprio computador, porque a formação de base da maioria dos 10 formandos era tão rudimentar que vários deles nem o seu próprio nome de utilizador e respectiva “password” conseguiram fixar durante aquelas 100 horas.
Começando com o módulo de Word, a avaliação foi quase desastrosa por vários motivos: os conhecimentos de português eram quase nulos em vários dos formandos; houve quem não conseguisse escrever sequer um parágrafo completo durante aquele tempo; havia quem conseguisse dar dois erros ortográficos na mesma palavra.
No módulo de Excel, as coisas foram piores, de tal forma que ao fim de 3 sessões desisti de continuar com aquele módulo. Era impossível fazê-los perceber como calcular esta coisa simples: se fossem à bomba de gasolina, abastecessem 25 litros e cada litro custasse 1,2 €, quanto gastariam? Este era o cálculo mais simples que se poderia executar numa folha de cálculo, mas primeiro era preciso que percebessem o raciocínio do cálculo. Impossível.
Só no PowerPoint e na Internet é que se conseguiu que a generalidade dos formandos fizessem algum trabalho visível. Mesmo assim, o panorama geral era francamente desolador. Cheguei a falar com os professores de português e matemática para perceber se aquela tragédia era mesmo o que parecia, o que me foi confirmado. Na altura a minha filha estava no 5º ano, e tinha mais conhecimentos que qualquer um deles.
Os problemas não se ficavam por aqui. Em termos pessoais as coisas ainda eram mais difíceis. Um dos formandos era alcoólico e trabalhava zero. Chegava às aulas alcoolizado e era incapaz de acompanhar qualquer assunto. Outro tinha estado preso por tráfico de droga. Outro era um jovem de 19 anos que se gostava de exibir nas aulas a dizer que era gay. Outra, com 55 anos, andava sempre atrelada a este e era ele que lhe fazia os testes, porque ela deixava de trabalhar quando ele estava próximo, enquanto nos intervalos aproveitavam para dar umas passas. Outra ainda dizia ser doente e faltava constantemente, chegava tarde e saía cedo porque tinha de apanhar o autocarro, e saía constantemente da sala para tomar comprimidos porque estava cheia de dores.
Como as minhas aulas eram quase sempre nos últimos dois tempos, das 18 às 20 horas, eles queriam sair mais cedo não havendo intervalo. Mas como eram os últimos tempos, antes iam jantar ao refeitório, donde resultava que por vezes entravam na sala às 18:30 e às 19:30 queriam ir-se embora. No meio de tudo, o que verdadeiramente os preocupava era quando iriam receber o subsídio…
No final de tudo aquilo, como profissional que leva o seu trabalho a sério, fiz um relatório de avaliação onde indiquei que 3 dos formandos não iriam ser aprovados porque não tinham os conhecimentos mínimos para tal. Perante isto fui contactado pela pessoa coordenadora do curso, que me pediu por favor para os passar, pois se não o fizesse eles não poderiam receber o diploma. Acedi contrariado mas elaborei uma informação a justificar o meu desacordo e senti que estava a colaborar numa farsa.
Posteriormente voltei ao mesmo centro de formação para frequentar uma acção de actualização do CAP (Certificado de Aptidão Profissional), onde a formadora era uma colega que também tinha sido formadora do mesmo curso. Informou-me que o tal formando alcoólico estava agora a frequentar outro curso das Novas Oportunidades para obter o 9º ano! Eu nem queria acreditar. O homem é quase analfabeto!
2. Depois desta tragédia, fui convidado por uma empresa de formação para ministrar um curso do mesmo género fora de Lisboa, neste caso para um nível equivalente ao 9º ano. Foram-me atribuídos dois módulos, introdução à informática e PowerPoint, em dias alternados. Fui eu que abri o curso, e durante 7 horas no primeiro dia estive a falar de conceitos gerais de informática e de utilização do computador, de arrumação de pastas e ficheiros.
Qual foi a minha surpresa quando verifiquei que no segundo dia iria outro formador dar Excel, no terceiro dia iria outra formadora dar Word e no quatro dia voltaria eu, para continuar a falar de pastas e ficheiros! Pensei para mim próprio: onde eu vim cair! Como é possível que um curso seja estruturado desta forma? Que lógica de aprendizagem é esta? Quem estabelece este calendário? Como se admite que num dia se fale de pastas e ficheiros e no dia seguinte se esteja a falar de folha de cálculo sem ainda se ter explicado no módulo inicial como se criam pastas?
E de quem é a responsabilidade desta amálgama? Quem propõe este calendário e quem o aprova? Será a empresa formadora que propõe, ou serão os responsáveis que, sentados num gabinete e sem qualquer noção do que é uma acção de formação, determinam que um formador não pode dar mais do que 7 horas seguidas na mesma turma, e por isso tem de se misturar módulos diferentes com formadores diferentes sem qualquer lógica nem critério?
3. Num terceiro caso, o objectivo já era certificar o 12º ano. Uma das participantes era também uma jovem com 19 anos a quem perguntei porque não ia fazer o 12º ano numa escola. Resposta: porque aqui é mais fácil.
Apesar de tudo estes eram mais empenhados, embora deixassem alguns comentários em tom incomodado como “o quê, temos de fazer uma avaliação?”
Mas o programa do curso… oh céus! Como é possível, como, elaborar programas como aqueles? Consulta-se o conteúdo programático dos vários módulos das UFCD (unidades de formação de curta duração), e vemos estas pérolas:
· Informática – evolução 25 horas
· Arquitectura de computadores 50 horas
· Gestão e organização da informação 25 horas
· Sistemas operativos 50 horas
· Sistemas operativos multitarefas 50 horas
· Sistemas operativos utilitários comp. 25 horas
Daria vontade de rir se não fosse trágico. Como é possível elaborar 3 módulos de sistemas operativos, a par com um de gestão de ficheiros , ter formadores a falar das mesmas coisas durante 50 horas em módulos supostamente diferentes? Pergunto eu: alguém faz ideia do que está a fazer quando elabora estes módulos?
Vale a pena consultar estes conteúdos:
http://www.catalogo.anq.gov.pt/UFCD/Detalhe/736
http://www.catalogo.anq.gov.pt/UFCD/Detalhe/737
http://www.catalogo.anq.gov.pt/UFCD/Detalhe/738
Alguém que perceba como é que se diferencia uns dos outros, e que justificação existe para fazer disto módulos de 50 horas. Quem são os crânios, sentados atrás duma secretária e sem ter qualquer noção do que é a formação, que determinam que os módulos têm todos de ser em múltiplos de 25 horas? E pedagogicamente, qual é a lógica subjacente? Se as aulas são normalmente de 3 horas ou 3 horas e meia, como se faz um calendário com pés e cabeça de modo a completar 25 horas? Não têm sequer a noção básica de que as durações deviam ser em múltiplos de 3? Quem é que é pago para conceber esta miséria?
E o que são os sistemas operativos utilitários complementares? São 25 horas para ensinar a utilizar um antivírus e compactar de descompactar ficheiros com um programa do tipo WinZip. 25 horas para isto? Era como se criassem um módulo para ensinar a atarraxar lâmpadas: explicava-se numa hora e depois ficava-se 24 horas e roscar e desenroscar a lâmpada…
É isto que resulta das Novas Oportunidades: andar a “certificar” analfabetos que na sua maioria não estão minimamente interessados em aprender o que quer que seja, querem sim ter um diploma que ateste que têm o 9º ou o 12º ano, mas que quando forem para o mercado de trabalho irão mostrar a sua total ignorância. Como me podem “obrigar” a passar pessoas como tendo competências informáticas quando nem um parágrafo conseguem escrever? E o meu nome fica associado a uma vigarice destas a troco de quê? Por que carga de água é que eu hei-de dizer que aquelas pessoas têm competências que não têm?
De facto, seria bom que alguém fizesse uma auditoria (mas a sério, não a fingir) à seriedade das Novas Oportunidades. Pessoalmente considero, mais que um embuste, um roubo que se está a fazer aos portugueses apenas para mascarar estatísticas com pseudo-qualificações que, objectivamente, as pessoas não têm.
No fim da minha colaboração com este programa, para além da frustração perante a inutilidade daquilo que estive a fazer, sobreveio principalmente uma enorme indignação por verificar que estava a assistir a um desbaratar de recursos de forma totalmente inútil e da qual não advém qualquer mais-valia para o país.
Estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais que considerem necessários. Acrescento que uma cópia deste e-mail vai ser enviada para todos os grupos parlamentares, uma vez que vi a notícia de que o assunto vai ser discutido no parlamento. Espero que o meu testemunho ajude a esclarecer os espíritos.
Com os melhores cumprimentos
Mário Feliciano
Boa noite
Começo por informar que não sou, nunca fui e não serei eleitor votante no PSD. Situo-me num espectro político-ideológico completamente diverso, portanto a razão do meu contacto não tem qualquer motivação partidária. Simplesmente acho que este assunto é demasiado sério para ser tratado apenas como uma guerra de palavras entre dois partidos candidatos ao governo.
Fui formador de informática durante 17 anos, actividade que deixei de exercer a tempo inteiro em Agosto passado, quando ingressei na Administração Pública, mas nos últimos anos tive a infeliz oportunidade de conhecer a realidade da formação nas Novas Oportunidades. “Infeliz” porque pude verificar que se trata de um completo embuste. Em 17 anos de actividade e com mais de 12.000 horas de formação ministrada, a única vez que tive vontade de abandonar um curso foi nas Novas Oportunidades.
De facto, o modo como estes cursos estão estruturados é mau demais para ser verdade, e quem não conheceu a situação no terreno nem imagina a tragédia que aquilo é. E é este o motivo que me leva a entrar em contacto convosco: para dar o testemunho de quem teve a desdita de ministrar cursos das Novas Oportunidades.
1. O primeiro foi num centro de emprego na região de Lisboa. Pretendia-se certificar os formandos com qualificação equivalente ao 6º ano, num curso qualificado como B2. Coube-me ministrar 100 horas de informática, onde se deveria incluir módulos de Word, Excel, PowerPoint e Internet. As dificuldades começaram logo na utilização do próprio computador, porque a formação de base da maioria dos 10 formandos era tão rudimentar que vários deles nem o seu próprio nome de utilizador e respectiva “password” conseguiram fixar durante aquelas 100 horas.
Começando com o módulo de Word, a avaliação foi quase desastrosa por vários motivos: os conhecimentos de português eram quase nulos em vários dos formandos; houve quem não conseguisse escrever sequer um parágrafo completo durante aquele tempo; havia quem conseguisse dar dois erros ortográficos na mesma palavra.
No módulo de Excel, as coisas foram piores, de tal forma que ao fim de 3 sessões desisti de continuar com aquele módulo. Era impossível fazê-los perceber como calcular esta coisa simples: se fossem à bomba de gasolina, abastecessem 25 litros e cada litro custasse 1,2 €, quanto gastariam? Este era o cálculo mais simples que se poderia executar numa folha de cálculo, mas primeiro era preciso que percebessem o raciocínio do cálculo. Impossível.
Só no PowerPoint e na Internet é que se conseguiu que a generalidade dos formandos fizessem algum trabalho visível. Mesmo assim, o panorama geral era francamente desolador. Cheguei a falar com os professores de português e matemática para perceber se aquela tragédia era mesmo o que parecia, o que me foi confirmado. Na altura a minha filha estava no 5º ano, e tinha mais conhecimentos que qualquer um deles.
Os problemas não se ficavam por aqui. Em termos pessoais as coisas ainda eram mais difíceis. Um dos formandos era alcoólico e trabalhava zero. Chegava às aulas alcoolizado e era incapaz de acompanhar qualquer assunto. Outro tinha estado preso por tráfico de droga. Outro era um jovem de 19 anos que se gostava de exibir nas aulas a dizer que era gay. Outra, com 55 anos, andava sempre atrelada a este e era ele que lhe fazia os testes, porque ela deixava de trabalhar quando ele estava próximo, enquanto nos intervalos aproveitavam para dar umas passas. Outra ainda dizia ser doente e faltava constantemente, chegava tarde e saía cedo porque tinha de apanhar o autocarro, e saía constantemente da sala para tomar comprimidos porque estava cheia de dores.
Como as minhas aulas eram quase sempre nos últimos dois tempos, das 18 às 20 horas, eles queriam sair mais cedo não havendo intervalo. Mas como eram os últimos tempos, antes iam jantar ao refeitório, donde resultava que por vezes entravam na sala às 18:30 e às 19:30 queriam ir-se embora. No meio de tudo, o que verdadeiramente os preocupava era quando iriam receber o subsídio…
No final de tudo aquilo, como profissional que leva o seu trabalho a sério, fiz um relatório de avaliação onde indiquei que 3 dos formandos não iriam ser aprovados porque não tinham os conhecimentos mínimos para tal. Perante isto fui contactado pela pessoa coordenadora do curso, que me pediu por favor para os passar, pois se não o fizesse eles não poderiam receber o diploma. Acedi contrariado mas elaborei uma informação a justificar o meu desacordo e senti que estava a colaborar numa farsa.
Posteriormente voltei ao mesmo centro de formação para frequentar uma acção de actualização do CAP (Certificado de Aptidão Profissional), onde a formadora era uma colega que também tinha sido formadora do mesmo curso. Informou-me que o tal formando alcoólico estava agora a frequentar outro curso das Novas Oportunidades para obter o 9º ano! Eu nem queria acreditar. O homem é quase analfabeto!
2. Depois desta tragédia, fui convidado por uma empresa de formação para ministrar um curso do mesmo género fora de Lisboa, neste caso para um nível equivalente ao 9º ano. Foram-me atribuídos dois módulos, introdução à informática e PowerPoint, em dias alternados. Fui eu que abri o curso, e durante 7 horas no primeiro dia estive a falar de conceitos gerais de informática e de utilização do computador, de arrumação de pastas e ficheiros.
Qual foi a minha surpresa quando verifiquei que no segundo dia iria outro formador dar Excel, no terceiro dia iria outra formadora dar Word e no quatro dia voltaria eu, para continuar a falar de pastas e ficheiros! Pensei para mim próprio: onde eu vim cair! Como é possível que um curso seja estruturado desta forma? Que lógica de aprendizagem é esta? Quem estabelece este calendário? Como se admite que num dia se fale de pastas e ficheiros e no dia seguinte se esteja a falar de folha de cálculo sem ainda se ter explicado no módulo inicial como se criam pastas?
E de quem é a responsabilidade desta amálgama? Quem propõe este calendário e quem o aprova? Será a empresa formadora que propõe, ou serão os responsáveis que, sentados num gabinete e sem qualquer noção do que é uma acção de formação, determinam que um formador não pode dar mais do que 7 horas seguidas na mesma turma, e por isso tem de se misturar módulos diferentes com formadores diferentes sem qualquer lógica nem critério?
3. Num terceiro caso, o objectivo já era certificar o 12º ano. Uma das participantes era também uma jovem com 19 anos a quem perguntei porque não ia fazer o 12º ano numa escola. Resposta: porque aqui é mais fácil.
Apesar de tudo estes eram mais empenhados, embora deixassem alguns comentários em tom incomodado como “o quê, temos de fazer uma avaliação?”
Mas o programa do curso… oh céus! Como é possível, como, elaborar programas como aqueles? Consulta-se o conteúdo programático dos vários módulos das UFCD (unidades de formação de curta duração), e vemos estas pérolas:
· Informática – evolução 25 horas
· Arquitectura de computadores 50 horas
· Gestão e organização da informação 25 horas
· Sistemas operativos 50 horas
· Sistemas operativos multitarefas 50 horas
· Sistemas operativos utilitários comp. 25 horas
Daria vontade de rir se não fosse trágico. Como é possível elaborar 3 módulos de sistemas operativos, a par com um de gestão de ficheiros , ter formadores a falar das mesmas coisas durante 50 horas em módulos supostamente diferentes? Pergunto eu: alguém faz ideia do que está a fazer quando elabora estes módulos?
Vale a pena consultar estes conteúdos:
http://www.catalogo.anq.gov.pt/UFCD/Detalhe/736
http://www.catalogo.anq.gov.pt/UFCD/Detalhe/737
http://www.catalogo.anq.gov.pt/UFCD/Detalhe/738
Alguém que perceba como é que se diferencia uns dos outros, e que justificação existe para fazer disto módulos de 50 horas. Quem são os crânios, sentados atrás duma secretária e sem ter qualquer noção do que é a formação, que determinam que os módulos têm todos de ser em múltiplos de 25 horas? E pedagogicamente, qual é a lógica subjacente? Se as aulas são normalmente de 3 horas ou 3 horas e meia, como se faz um calendário com pés e cabeça de modo a completar 25 horas? Não têm sequer a noção básica de que as durações deviam ser em múltiplos de 3? Quem é que é pago para conceber esta miséria?
E o que são os sistemas operativos utilitários complementares? São 25 horas para ensinar a utilizar um antivírus e compactar de descompactar ficheiros com um programa do tipo WinZip. 25 horas para isto? Era como se criassem um módulo para ensinar a atarraxar lâmpadas: explicava-se numa hora e depois ficava-se 24 horas e roscar e desenroscar a lâmpada…
É isto que resulta das Novas Oportunidades: andar a “certificar” analfabetos que na sua maioria não estão minimamente interessados em aprender o que quer que seja, querem sim ter um diploma que ateste que têm o 9º ou o 12º ano, mas que quando forem para o mercado de trabalho irão mostrar a sua total ignorância. Como me podem “obrigar” a passar pessoas como tendo competências informáticas quando nem um parágrafo conseguem escrever? E o meu nome fica associado a uma vigarice destas a troco de quê? Por que carga de água é que eu hei-de dizer que aquelas pessoas têm competências que não têm?
De facto, seria bom que alguém fizesse uma auditoria (mas a sério, não a fingir) à seriedade das Novas Oportunidades. Pessoalmente considero, mais que um embuste, um roubo que se está a fazer aos portugueses apenas para mascarar estatísticas com pseudo-qualificações que, objectivamente, as pessoas não têm.
No fim da minha colaboração com este programa, para além da frustração perante a inutilidade daquilo que estive a fazer, sobreveio principalmente uma enorme indignação por verificar que estava a assistir a um desbaratar de recursos de forma totalmente inútil e da qual não advém qualquer mais-valia para o país.
Estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais que considerem necessários. Acrescento que uma cópia deste e-mail vai ser enviada para todos os grupos parlamentares, uma vez que vi a notícia de que o assunto vai ser discutido no parlamento. Espero que o meu testemunho ajude a esclarecer os espíritos.
Com os melhores cumprimentos
Mário Feliciano
FRASE DO DIA
"Se excluem José Sócrates, excluem-me a mim."
Manuel Alegre - SIC NOTÍCIAS - 28/5/2011
***
Julguei que isso tinha ficado esclarecido nas últimas presidenciais!... Pelos vistos, "ele" julga que não!...
PENSAMENTO DO DIA
O homem lá assinou um contrato diferente do que mostrou aos sócios. Quando ele falar verdade, juro que tomo um banho no lago dos crocodilos do Jardim Zoológico!
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1588, iniciou a sua saída do Rio Tejo a Armada Invencível.
Tão grande era que só no dia 30 de Maio terão acabado de sair do Tejo todos os navios.
A Invencível Armada era composta de cento e trinta navios bem artilhados carregando 30 000 homens. No comando, o Duque de Medina-Sidonia seguia num galeão português, o São Martinho. A esta altura Filipe II já era rei de Portugal, pelo que alguns dos navios utilizados faziam parte da frota portuguesa. Um dos principais esquadrões de batalha era chamado de "Esquadra Portugal", tendo alguns dos melhores galeões de guerra do mundo. Grande parte dos pilotos, marinheiros e soldados da Invencível Armada eram portugueses, apesar de serem comandados por espanhóis. Tal facto gerou controvérsia na altura, dado que os portugueses, de certo modo, não se sentiam à vontade a combater em navios do seu país e serem comandados por espanhóis, alegando uma certa ignorância dos capitães da Armada espanhóis quanto às artes da guerra no mar. Os ingleses, pelo seu lado, conseguiram tomar maior proveito dos seus navios de guerra. Cada esquadra era comandada de acordo com a nacionalidade dos capitães, homens e navios. Desta forma, evitavam-se motins ou outras acções de insurreição.
O objectivo da Armada era destruir a frota inglesa que guardava o Canal da Mancha e posteriormente escoltar a Londres o exército do Duque de Parma, de 30 mil soldados, que aguardava nos Países Baixos Espanhóis.
Os ingleses, comandados pelo célebre corsário Sir Francis Drake, mantinham-se imediatamente atrás deles, a pouca distância. Às duas da manhã da segunda-feira seguinte preparava o Conselho de Guerra inglês seis urcas velhas — os navios de fogo — que abarrotou de combustível e enviou para o seio da esquadra espanhola, cada uma com seu piloto, que as iriam dirigir, com o auxílio da maré. Uma vez bem próximo do centro da esquadra eram ateadas as barcas, fugindo os pilotos nos seus batéis. A esquadra espanhola perdia assim a coesão e via-se reduzida a menos de metade dos navios.
Tão grande era que só no dia 30 de Maio terão acabado de sair do Tejo todos os navios.
A Invencível Armada era composta de cento e trinta navios bem artilhados carregando 30 000 homens. No comando, o Duque de Medina-Sidonia seguia num galeão português, o São Martinho. A esta altura Filipe II já era rei de Portugal, pelo que alguns dos navios utilizados faziam parte da frota portuguesa. Um dos principais esquadrões de batalha era chamado de "Esquadra Portugal", tendo alguns dos melhores galeões de guerra do mundo. Grande parte dos pilotos, marinheiros e soldados da Invencível Armada eram portugueses, apesar de serem comandados por espanhóis. Tal facto gerou controvérsia na altura, dado que os portugueses, de certo modo, não se sentiam à vontade a combater em navios do seu país e serem comandados por espanhóis, alegando uma certa ignorância dos capitães da Armada espanhóis quanto às artes da guerra no mar. Os ingleses, pelo seu lado, conseguiram tomar maior proveito dos seus navios de guerra. Cada esquadra era comandada de acordo com a nacionalidade dos capitães, homens e navios. Desta forma, evitavam-se motins ou outras acções de insurreição.
O objectivo da Armada era destruir a frota inglesa que guardava o Canal da Mancha e posteriormente escoltar a Londres o exército do Duque de Parma, de 30 mil soldados, que aguardava nos Países Baixos Espanhóis.
Os ingleses, comandados pelo célebre corsário Sir Francis Drake, mantinham-se imediatamente atrás deles, a pouca distância. Às duas da manhã da segunda-feira seguinte preparava o Conselho de Guerra inglês seis urcas velhas — os navios de fogo — que abarrotou de combustível e enviou para o seio da esquadra espanhola, cada uma com seu piloto, que as iriam dirigir, com o auxílio da maré. Uma vez bem próximo do centro da esquadra eram ateadas as barcas, fugindo os pilotos nos seus batéis. A esquadra espanhola perdia assim a coesão e via-se reduzida a menos de metade dos navios.
27.5.11
FRASE DO DIA
"Número de trabalhadores com salários em atraso cresceu 31 por cento."
Título de PÚBLICO - 27/5/2011
***
Claro! Já se sabia que ia ser assim! O Pedro rejeitou o PEC IV, logo, ninguém paga a ninguém! E estava o Outro tão entretido a criar 150.000 postos de trabalho! Pagos, claro! Não há direito!
Título de PÚBLICO - 27/5/2011
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Claro! Já se sabia que ia ser assim! O Pedro rejeitou o PEC IV, logo, ninguém paga a ninguém! E estava o Outro tão entretido a criar 150.000 postos de trabalho! Pagos, claro! Não há direito!
PENSAMENTO DO DIA
A miúda agressora de outra miúda, postada na Internet, e o miúdo que fez o filme estão agora nas mãos da polícia. Descobriram subitamente que a bodega que fizeram da sua escola, afinal, não serve cá para fora.
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1923, nasceu o político americano Henry Kissinger.
Henry Kissinger esteve envolvido numa intensa actividade diplomática com a República Popular da China, o Vietnam, a União Soviética e com África. Ainda hoje uma figura polémica e controversa, alguns dos críticos de Kissinger acusam-no de ter cometido crimes de guerra durante sua longa estadia no governo como dar luz verde para a invasão indonésia de Timor (1975) e a golpes de estado no Chile e no Uruguai(1973), sendo que por diversas vezes Kissinger usava de uma política tortuosa, em que parecia jogar com um "pau de dois bicos" ; entre tais críticos incluem-se o jornalista Christopher Hitchens (no livro The Trial of Henry Kissinger) e o analista Daniel Ellsberg (no livro Secrets). Apesar de essas alegações ainda não terem sido provadas em uma corte de justiça, considera-se perigoso para Kissinger entrar em diversos países da Europa e da América do Sul.
(Já depois de ele ter abandonado o cargo no Governo americano, tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente, contratando-o para orador de proa de um Congresso Europeu. Cobrava, então, 7.500 dólares por cada intervenção pública. Mas valia a pena. A sua visão do Mundo era global e profunda.)
Henry Kissinger esteve envolvido numa intensa actividade diplomática com a República Popular da China, o Vietnam, a União Soviética e com África. Ainda hoje uma figura polémica e controversa, alguns dos críticos de Kissinger acusam-no de ter cometido crimes de guerra durante sua longa estadia no governo como dar luz verde para a invasão indonésia de Timor (1975) e a golpes de estado no Chile e no Uruguai(1973), sendo que por diversas vezes Kissinger usava de uma política tortuosa, em que parecia jogar com um "pau de dois bicos" ; entre tais críticos incluem-se o jornalista Christopher Hitchens (no livro The Trial of Henry Kissinger) e o analista Daniel Ellsberg (no livro Secrets). Apesar de essas alegações ainda não terem sido provadas em uma corte de justiça, considera-se perigoso para Kissinger entrar em diversos países da Europa e da América do Sul.
(Já depois de ele ter abandonado o cargo no Governo americano, tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente, contratando-o para orador de proa de um Congresso Europeu. Cobrava, então, 7.500 dólares por cada intervenção pública. Mas valia a pena. A sua visão do Mundo era global e profunda.)
26.5.11
FRASE DO DIA
FRASE DO DIA
"O PSD não quer que se fale do seu programa. Mas eu vou continuar a fazê-lo."
José Sócrates - Antena 1 - 26/5/2011
***
Quem não tem programa, perdão, cão, caça com programa dos outros, perdão com gato!
"O PSD não quer que se fale do seu programa. Mas eu vou continuar a fazê-lo."
José Sócrates - Antena 1 - 26/5/2011
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Quem não tem programa, perdão, cão, caça com programa dos outros, perdão com gato!
CRÓNICA DA SEMANA - II
MEMÓRIA (IV)
Conclui-se, hoje, uma série de quatro artigos cuja única – e não dispicienda – virtude terá sido o de avivar a memória dos portugueses. Arigos feitos duma cuidadosa anotação diária dos factos subjectivamente mais relevantes, nos últimos cinco anos, na nossa comezinha vida de cidadãos e dos pensamentos que eles determinaram. Houve de fazer-se uma selecção, que reduziu a cerca de um quinto as anotações poroduzidas. O que quer dizer que haveria muito mais de que falar.
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4/3/2010
Os funcionários públicos estão parados, essenciamente devido ao congelamento dos salários. Mal eles sabem que virão tempos em que estarão a trabalhar sem saber se no fim do mês recebem o salário.
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11/3/2010
O PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento - deveria chamar-se PER - Programa de Estabilidade Raquítica. Crescimento só se for no próximo século.
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16/4/2010
As medidas do PEC para reduzir o défice não convencem Bruxelas. O que é para admirar, porque nós havíamos ficado todos convencidos de que sim.
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27/4/2010
Pouco a pouco , os erros de Maria de Lurdes Rodrigues na Educação vêm ao de cima. Foi agora a vez de se concluir que as "provas de recuperação" incentivaram os alunos a faltarem ainda mais às aulas. A autora, pedante, autoritária, arrogante mesmo, está ausente para parte incerta. Alvíssaras a quem a encontrar.
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1/5/2010
Entre o Alcaide de Celorico da Beira, Fernão Rodrigues Pacheco, e o Primeiro-Ministro José Sócrates há uma diferença inconciliável. Aquele, cercado pelos espanhóis, madou fazer pão com a última farinha e oferecê-lo aos sitiantes, conseguindo assim o levantamento do cerco. Este, cercado pelos especuladores, mada fazer obras faraónicas com os últimos euros que nos restam, conseguindo assim que ao cerco se siga a destruição do castelo.
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10/5/2010
O que é verdadeiramente penoso é pagarmos muito mais em impostos escondidos do que naqueles que conhecemos. É como ser violado durante o sono
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30/5/2010
Querer fazer-se passar por ídolo do cantor brasileiro Chico Buarque, quando era precisamente o contrário, mostra bem a charlatanice que enforma uma vida lamentável feita de truques e mentiras.
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5/6/2010
Armando Vara e José Sócrates estão a disputar um campeonato pessoal. Ver o que diz menos vezes a verdade.
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23/6/2010
O Governo perdeu-se no emaranhado das SCUTS. Não sabe donde vem, não sabe onde está, nem sabe para onde vai.
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14/7/2010
O Partido Socialista (PS) governa o país há quinze anos (com um pequeno interregno de dois anos). O Partido Socialista acusa o Partido Social Democrata (PSD) de estar a destruir o Estado Social. Poderoso PSD!
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15/7/2010
Cada quinze dias, o Governo ou constrói ou desconstrói a terceira ponte sobre o Rio Tejo. Se alguém acusar o Governo de marasmo, eu nego!
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1/8/2010
A (trágica) ironia da situação é que tudo quanto os defensores do Estado Social em Portugal fizeram até agora foi, apenas, tornar mais pobres os pobres.
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5/8/2010
Ao sabermos, agora, que Sócrates não foi inquirido, relativamente ao Freeport, graças a uma negociação entre os juízes procuradores encarregados do inquérito e a Directora do Departamento Central de Acção Penal Cândida Almeida, por troca entre a inquirição e a colocação das perguntas a fazer ao Primeiro-Ministro no despacho de encerramento do caso, o "negócio" ficou a cheirar ainda pior.
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4/10/2010
Na Grécia e na Irlanda vemos, por antecipação, o que vai acontecer em Portugal, por mais que o Primeiro-Ministro diga que "agora, sim, agora é que vamos lá".
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15/10/2010
De mãos vazias, impotentes, olhamos aquilo a que nos reduziram políticos inconscientes e incompetentes. Ah! Se pudéssemos voltar atrás! Mas na vida, depois de se partir, jamais podemos voltar ao ponto de partida. Quando muito, podemos mudar de combóio e não mais nos esquecermos do vivido.
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8/9/2010
Andam maluquinhos na Europa, a dizer que o risco da nossa dívida é o maior de sempre. Vê-se logo que não ouvem o nosso Primeiro-Ministro!
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2/11/2010
Há apenas uma diferença entre dois queridos Primeiro-Ministros que tivemos, António Guterres e José Sócrates, principais responsáveis pelas dificuldades que atravessamos: o primeiro pôde fugir, o segundo, embora o queira, não pode.
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7/11/2010
Um político reduz um país inteiro à indigência e, dizem cabeças bem pensantes (como o constitucionalista Jorge Miranda e outros), não deve ser civil e criminalmente responsabilizado. Chega sofrer a penalização do voto na eleição seguinte. Esquecendo que, para um político assim, a dita penalização é um alívio e um prémio, permitindo-lhe escapar para o esquecimento.
***
Segundo a Ministra da Saúde, os doentes não deviam ter ido a correr à farmácia, antecipando a compra de medicamentos cujo preço vai subir. Mas o Governo aceita que a PT pague dividendos antecipados para escapar aos impostos que vão subir. Dificilmente se encontraria um caso em que melhor ficasse demonstrada a qualidade socialista do Governo.
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13/11/2010
As autarquias portuguesas devem aos fornecedores 2.600.000.000 de euros. Impressionante número que conta mais sobre a irresponsabilidade política do que as inócuas diatribes de todas as oposições.
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20/11/2010
O processo Rui Pedro Soares mostra algo importante: judicialmente, as escutas telefónicas ora valem, ora não valem. Depende de quem é escutado.
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22/11/2010
66.500. A estimativa do número de famílias a carecerem de apoio alimentar para comerem alguma coisa em cada dia, em Portugal. Dificilmente isto deixará que as demais tenham vontade de comer.
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26/11/2010
Estamos quase todos no velório do Estado Social. Só faltam os felizes administradores do sector público - que podem não ser atingidos pelas reduções salariais no sector - e os políticos, encarregados do enterro.
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29/11/2011
Há UM MILHÃO E SEISCENTOS MIL processos pendentes nos tribunais portugueses. Ao ritmo actual, e não contando com os recursos, cerca de cinco anos de decisões judiciais para que sejam encerrados. A solução mesmo, para quem quer que lhe seja feita justiça em Portugal, é esperar sentado e acreditar na Justiça Divina.
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7/12/2010
O Ministério da Justiça não faz compras para ter dinheiro para salários. Cada vez a manta é mais curta. E o gelo está mais frio. É bem capaz de dar gangrena, isto.
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15/12/2010
Os deputados insistem em afirmar, na Constituição, que Portugal é uma sociedade a caminho do socialismo. Até certo ponto, têm razão. Cada vez estamos mais pobres, como manda o bom socialismo.
***
24/2/2011
Por mais que o Governo se esforce, sai-lhe tudo ao contrário. O Simplex complicou o voto. Começo a ter mais pena do que indignação.
***
17/2/2011
A acreditar nos que nos chega, a dívida portuguesa parece uma mulher de rua: todos pegam nela a primeira vez; mas, mal feito o serviço, todos a abandonam. A continuar assim, terá de vir a Sra. Ângela Merkel, não tarda nada, para fazer dela uma senhora da alta roda.
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18/2/2011
Em primeiro lugar, este Governo acabou com postos de assistência na área da Saúde, dizendo que os restantes asseguravam a assistência. Agora, quer obrigar os doentes que precisam de transportes para os postos de assistência a pagar parte do custo. Na minha opinião, o que realmente o Governo quer é acabar com os doentes. E estou admirado de o Primeiro-Ministro ainda não se ter gabado de mais esta sua política revolucionária. Ou então, quer acabar com o Estado Social só para atirar as culpas para cima do Pedro.
***
Face ao rol imenso de situações que nos contam a desgraça de desgoverno que temos tido, um só pensamento adicional ocorre: quando é que nós, cidadãos, passamos a ter vergonha de nós próprios?
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 26/5/2011
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1822, nasceu o escritor francês Edmond de Goncourt.
Autor de vários diários, críticas artísticas e literárias, novelas, peças de teatro, entre outros géneros literários. Foi o editor e fundador da Academia Goncourt e chegou a escrever várias obras com o seu irmão Jules de Goncourt (1830-1870).
Por seu desejo testamentário foi criado o Prémio Goncourt.
Autor de vários diários, críticas artísticas e literárias, novelas, peças de teatro, entre outros géneros literários. Foi o editor e fundador da Academia Goncourt e chegou a escrever várias obras com o seu irmão Jules de Goncourt (1830-1870).
Por seu desejo testamentário foi criado o Prémio Goncourt.
25.5.11
FRASE DO DIA
mim!..."Despesa a menos é receita a menos. Logo, o défice fica igual!"
José Sócrates - PÚBLICO - 25/5/2011
***
Tem muita razão! É assim:
- Fico desempregado; por isso não ganho; logo, RECEITA A MENOS!
- Como não ganho, não pago; logo, DESPESA A MENOS!
- Na carteira, não entrou nem saiu; logo, DÉFICE IGUAL!
Quero ser engenheiro!!!!! Sou burro e só conto histórias, mas tenho gente atrás de mim!
José Sócrates - PÚBLICO - 25/5/2011
***
Tem muita razão! É assim:
- Fico desempregado; por isso não ganho; logo, RECEITA A MENOS!
- Como não ganho, não pago; logo, DESPESA A MENOS!
- Na carteira, não entrou nem saiu; logo, DÉFICE IGUAL!
Quero ser engenheiro!!!!! Sou burro e só conto histórias, mas tenho gente atrás de mim!
MEMÓRIA
A NUVEM POR JUNO
Estamos a assistir a uma das mais gigantescas operações políticas de desvio das atenções a que assistimos até hoje, em Portugal. É bom que saibamos perceber aquilo a que vamos assistindo, para não sermos enganados. Para não tomarmos a nuvem por Juno. Vejamos.
É dos livros da teoria política que, quando as nossas cores são objecto de algum acontecimento desfavorável, deve urgentemente procurar colocar-se, na opinião pública, um outro assunto qualquer, susceptível de atrair as atenções, ou pela sua importância ou pelo ruído que, à volta dele se consegue gerar, no qual surjamos como vítimas. É a tentativa de conseguir uma espécie de compensação na opinião pública.
Será que a questão das escutas telefónicas, com as quais toda a esquerda se empertigou, e, muito especialmente, o Partido Socialista, é assim tão importante? Creio que não. Pelas minhas estimativas, feitas muito por baixo, deverão ter sido escutadas, em conjunto com o Doutor Ferro Rodrigues, não menos de quinhentas pessoas mais. Explico como. Não há escutas telefónicas de uma só pessoa. A não ser que essa pessoa apenas se entretenha a enviar mensagens para caixas telefónicas. Sempre que um juiz determina que alguém seja escutado e essa escuta é levada a cabo, não é apenas esse alguém é escutado. Também o são todas as pessoas para quem essa pessoa ligue e todas aquelas que liguem para essa pessoa. Assim, imaginando, muito por baixo, que o Dr. Paulo Pedroso foi escutado durante um mês e que apenas recebeu e fez não mais de quinze comunicações por dia - o que é muito pouco para as funções dele - houve cerca e quinhentas chamadas telefónicas escutadas, nas quais estiveram falando outras tantas pessoas para além do suspeito. As escutas são legais. E o PS e o Dr. Ferro Rodrigues não deviam indignar-se por isso. É próprio desse método de investigação que a nossa lei permite a escuta de outros que não o suspeito.
Mas a verdade é que o PS foi atingido, num turbilhão impressionante, por três acontecimentos quase seguidos - a fuga de Fátima Felgueiras, a agressão de Francisco Assis e a prisão preventiva de Paulo Pedroso - cada qual susceptível de fazer mergulhar o partido na cave da opinião pública. Havia que procurar minimizar os estragos, colocando na discussão pública, com o maior estrondo possível, um outro assunto. Foi o que o Dr. Ferro Rodrigues procurou fazer com a questão das escutas telefónicas,
De algum modo, esta atitude seria tolerável. Porque é assim que se faz na política. Mas há uma razão que torna absolutamente inaceitável a atitude dos socialistas. É que aquilo que foi feito destina-se a esclarecer um dos mais hediondos crimes de que há memória em Portugal. Algo que os socialistas esqueceram completamente. Esqueceram o martírio de tantas crianças, vilipendiadas, agredidas, violadas, marcadas para toda a vida. Por gente que, além de ter a superioridade de ser maior, tinha a vil superioridade do seu poder social e da sua presunção de serem intocáveis. Arrepiei-me quando uma dessas crianças, entrevistada na televisão, e perguntada se considerava que o castigo dessas pessoas estava a ser suficiente, respondeu: "Não! Castigo suficiente só era eu matá-la! Muitas vezes pensei que um dia o mataria!", referindo-se a uma das pessoas que está presa neste momento. Que grande será a dor dessa criança! Inimaginável!
Não podemos, pois, deixar-nos ir na cantiga. E precisamos sempre escolher entre aquilo que é realmente importante e o que o não é ou é menos. Por mais barulho que façam.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 27/5/2003
Estamos a assistir a uma das mais gigantescas operações políticas de desvio das atenções a que assistimos até hoje, em Portugal. É bom que saibamos perceber aquilo a que vamos assistindo, para não sermos enganados. Para não tomarmos a nuvem por Juno. Vejamos.
É dos livros da teoria política que, quando as nossas cores são objecto de algum acontecimento desfavorável, deve urgentemente procurar colocar-se, na opinião pública, um outro assunto qualquer, susceptível de atrair as atenções, ou pela sua importância ou pelo ruído que, à volta dele se consegue gerar, no qual surjamos como vítimas. É a tentativa de conseguir uma espécie de compensação na opinião pública.
Será que a questão das escutas telefónicas, com as quais toda a esquerda se empertigou, e, muito especialmente, o Partido Socialista, é assim tão importante? Creio que não. Pelas minhas estimativas, feitas muito por baixo, deverão ter sido escutadas, em conjunto com o Doutor Ferro Rodrigues, não menos de quinhentas pessoas mais. Explico como. Não há escutas telefónicas de uma só pessoa. A não ser que essa pessoa apenas se entretenha a enviar mensagens para caixas telefónicas. Sempre que um juiz determina que alguém seja escutado e essa escuta é levada a cabo, não é apenas esse alguém é escutado. Também o são todas as pessoas para quem essa pessoa ligue e todas aquelas que liguem para essa pessoa. Assim, imaginando, muito por baixo, que o Dr. Paulo Pedroso foi escutado durante um mês e que apenas recebeu e fez não mais de quinze comunicações por dia - o que é muito pouco para as funções dele - houve cerca e quinhentas chamadas telefónicas escutadas, nas quais estiveram falando outras tantas pessoas para além do suspeito. As escutas são legais. E o PS e o Dr. Ferro Rodrigues não deviam indignar-se por isso. É próprio desse método de investigação que a nossa lei permite a escuta de outros que não o suspeito.
Mas a verdade é que o PS foi atingido, num turbilhão impressionante, por três acontecimentos quase seguidos - a fuga de Fátima Felgueiras, a agressão de Francisco Assis e a prisão preventiva de Paulo Pedroso - cada qual susceptível de fazer mergulhar o partido na cave da opinião pública. Havia que procurar minimizar os estragos, colocando na discussão pública, com o maior estrondo possível, um outro assunto. Foi o que o Dr. Ferro Rodrigues procurou fazer com a questão das escutas telefónicas,
De algum modo, esta atitude seria tolerável. Porque é assim que se faz na política. Mas há uma razão que torna absolutamente inaceitável a atitude dos socialistas. É que aquilo que foi feito destina-se a esclarecer um dos mais hediondos crimes de que há memória em Portugal. Algo que os socialistas esqueceram completamente. Esqueceram o martírio de tantas crianças, vilipendiadas, agredidas, violadas, marcadas para toda a vida. Por gente que, além de ter a superioridade de ser maior, tinha a vil superioridade do seu poder social e da sua presunção de serem intocáveis. Arrepiei-me quando uma dessas crianças, entrevistada na televisão, e perguntada se considerava que o castigo dessas pessoas estava a ser suficiente, respondeu: "Não! Castigo suficiente só era eu matá-la! Muitas vezes pensei que um dia o mataria!", referindo-se a uma das pessoas que está presa neste momento. Que grande será a dor dessa criança! Inimaginável!
Não podemos, pois, deixar-nos ir na cantiga. E precisamos sempre escolher entre aquilo que é realmente importante e o que o não é ou é menos. Por mais barulho que façam.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 27/5/2003
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1911, foi fundado o Instituto Militar dos Pupilos do Exército, em Lisboa.
Embora integrado na tutela do Exército Português, os seus Cursos são, para todos os efeitos, considerados equivalentes aos Cursos correspondentes do ensino oficial do Ministério da Educação.
O IPE é, a par do Colégio Militar e do Instituto de Odivelas, uma das três escolas dependentes do Exército, e é frequentado por alunas e alunos filhos de profissionais da classe militar bem como de civis.
Os alunos do IPE são conhecidos por "Pilões" e usam um uniforme cerimonial de cor azul, com um vistoso penacho branco na barretina. O Lema do IPE é "Querer é Poder" e tem como patrono D. João de Castro. Os símbolos do IPE são o Brasão de Armas e a "Barretina".
Embora integrado na tutela do Exército Português, os seus Cursos são, para todos os efeitos, considerados equivalentes aos Cursos correspondentes do ensino oficial do Ministério da Educação.
O IPE é, a par do Colégio Militar e do Instituto de Odivelas, uma das três escolas dependentes do Exército, e é frequentado por alunas e alunos filhos de profissionais da classe militar bem como de civis.
Os alunos do IPE são conhecidos por "Pilões" e usam um uniforme cerimonial de cor azul, com um vistoso penacho branco na barretina. O Lema do IPE é "Querer é Poder" e tem como patrono D. João de Castro. Os símbolos do IPE são o Brasão de Armas e a "Barretina".
24.5.11
CRÓNICA DA SEMANA - I
O ESPELHO
O que sucedeu em Espanha no passado Domingo pode muito bem ser o espelho do que se vai passar em Portugal. Realizaram-se ali eleições autárquicas e regionais e o que aconteceu foi algo de nunca visto. A direita espanhola esmagou autênticamente a Esquerda. Saiu particularmente ferido da contenda eleitoral o Partido Socialista espanhol, que, contados os votos, contava menos 10% destes do que o Partido Popular. E não só isso. É que os socialistas perderam por larga margem em províncias – como Astúrias e Extremadura – e em cidades – como Sevilha, por exemplo – onde nunca haviam perdido desde a implantação da democracia e das eleições livres no país vizinho.
Compreende-se que assim tenha sido. Os espanhóis compreenderam algo que sempre deve estar presente quando chegamos a umas eleições. É que, mais do que estarmos diante de uma competição clubística, assim do tipo de um Benfica/Porto, mais do que votarmos em promessas balofas que geralmente não são cumpridas, umas eleições servem sobretudo para dizerem se o povo está ou não satisfeito com quem o tem governado. Os governantes não devem ser julgados por aquilo que prometem fazer ou que eventualmente tenham feito, mas sim e essencialmente por aquilo que podiam ter feito e não fizeram. E, em Espanha, com Zapatero – aliás, tal e qual como em Portugal com Sócrates – os governantes actuais não fizeram o trabalho deles como lhes competia. Bem sei que atravessamos uma época adversa para as governações. O mundo está muito perturbado. Mas, quer em Espanha, quer aqui em Portugal, não tínhamos necessidade de deixar chegar as coisas aonde chegaram, num buraco enorme do qual vai agora ser muito mais difícil sair.
Um facto ao qual devemos estar atentos, nestas eleições espanholas, é que elas nem sequer foram governamentais. Foram autárquicas e regionais. E é muito difícil acreditar que tantos socialistas tenham governado tão mal as suas autarquias para levarem a sova que levaram. Mas o povo nem sequer olhou para a natureza das eleições. Quis punir os resopnsáveis pelas dificuldades que o país atravessa e não esteve com meias medidas. Puniu pesadamente os responsáveis pelas dificuldades do país, infligindo ao PS espanhol a maior derrota de que há memória.
Subitamente, ao olharmos para estes resultados, somos levados a acreditar outra vez na imensa força do voto quando o povo resolve mesmo utilizá-la.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 24/5/2011
O que sucedeu em Espanha no passado Domingo pode muito bem ser o espelho do que se vai passar em Portugal. Realizaram-se ali eleições autárquicas e regionais e o que aconteceu foi algo de nunca visto. A direita espanhola esmagou autênticamente a Esquerda. Saiu particularmente ferido da contenda eleitoral o Partido Socialista espanhol, que, contados os votos, contava menos 10% destes do que o Partido Popular. E não só isso. É que os socialistas perderam por larga margem em províncias – como Astúrias e Extremadura – e em cidades – como Sevilha, por exemplo – onde nunca haviam perdido desde a implantação da democracia e das eleições livres no país vizinho.
Compreende-se que assim tenha sido. Os espanhóis compreenderam algo que sempre deve estar presente quando chegamos a umas eleições. É que, mais do que estarmos diante de uma competição clubística, assim do tipo de um Benfica/Porto, mais do que votarmos em promessas balofas que geralmente não são cumpridas, umas eleições servem sobretudo para dizerem se o povo está ou não satisfeito com quem o tem governado. Os governantes não devem ser julgados por aquilo que prometem fazer ou que eventualmente tenham feito, mas sim e essencialmente por aquilo que podiam ter feito e não fizeram. E, em Espanha, com Zapatero – aliás, tal e qual como em Portugal com Sócrates – os governantes actuais não fizeram o trabalho deles como lhes competia. Bem sei que atravessamos uma época adversa para as governações. O mundo está muito perturbado. Mas, quer em Espanha, quer aqui em Portugal, não tínhamos necessidade de deixar chegar as coisas aonde chegaram, num buraco enorme do qual vai agora ser muito mais difícil sair.
Um facto ao qual devemos estar atentos, nestas eleições espanholas, é que elas nem sequer foram governamentais. Foram autárquicas e regionais. E é muito difícil acreditar que tantos socialistas tenham governado tão mal as suas autarquias para levarem a sova que levaram. Mas o povo nem sequer olhou para a natureza das eleições. Quis punir os resopnsáveis pelas dificuldades que o país atravessa e não esteve com meias medidas. Puniu pesadamente os responsáveis pelas dificuldades do país, infligindo ao PS espanhol a maior derrota de que há memória.
Subitamente, ao olharmos para estes resultados, somos levados a acreditar outra vez na imensa força do voto quando o povo resolve mesmo utilizá-la.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 24/5/2011
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