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26.5.11

CRÓNICA DA SEMANA - II


MEMÓRIA (IV)

Conclui-se, hoje, uma série de quatro artigos cuja única – e não dispicienda – virtude terá sido o de avivar a memória dos portugueses. Arigos feitos duma cuidadosa anotação diária dos factos subjectivamente mais relevantes, nos últimos cinco anos, na nossa comezinha vida de cidadãos e dos pensamentos que eles determinaram. Houve de fazer-se uma selecção, que reduziu a cerca de um quinto as anotações poroduzidas. O que quer dizer que haveria muito mais de que falar.

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4/3/2010
Os funcionários públicos estão parados, essenciamente devido ao congelamento dos salários. Mal eles sabem que virão tempos em que estarão a trabalhar sem saber se no fim do mês recebem o salário.
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11/3/2010
O PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento - deveria chamar-se PER - Programa de Estabilidade Raquítica. Crescimento só se for no próximo século.
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16/4/2010
As medidas do PEC para reduzir o défice não convencem Bruxelas. O que é para admirar, porque nós havíamos ficado todos convencidos de que sim.
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27/4/2010
Pouco a pouco , os erros de Maria de Lurdes Rodrigues na Educação vêm ao de cima. Foi agora a vez de se concluir que as "provas de recuperação" incentivaram os alunos a faltarem ainda mais às aulas. A autora, pedante, autoritária, arrogante mesmo, está ausente para parte incerta. Alvíssaras a quem a encontrar.
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1/5/2010
Entre o Alcaide de Celorico da Beira, Fernão Rodrigues Pacheco, e o Primeiro-Ministro José Sócrates há uma diferença inconciliável. Aquele, cercado pelos espanhóis, madou fazer pão com a última farinha e oferecê-lo aos sitiantes, conseguindo assim o levantamento do cerco. Este, cercado pelos especuladores, mada fazer obras faraónicas com os últimos euros que nos restam, conseguindo assim que ao cerco se siga a destruição do castelo.
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10/5/2010
O que é verdadeiramente penoso é pagarmos muito mais em impostos escondidos do que naqueles que conhecemos. É como ser violado durante o sono
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30/5/2010
Querer fazer-se passar por ídolo do cantor brasileiro Chico Buarque, quando era precisamente o contrário, mostra bem a charlatanice que enforma uma vida lamentável feita de truques e mentiras.
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5/6/2010
Armando Vara e José Sócrates estão a disputar um campeonato pessoal. Ver o que diz menos vezes a verdade.
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23/6/2010
O Governo perdeu-se no emaranhado das SCUTS. Não sabe donde vem, não sabe onde está, nem sabe para onde vai.
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14/7/2010
O Partido Socialista (PS) governa o país há quinze anos (com um pequeno interregno de dois anos). O Partido Socialista acusa o Partido Social Democrata (PSD) de estar a destruir o Estado Social. Poderoso PSD!
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15/7/2010
Cada quinze dias, o Governo ou constrói ou desconstrói a terceira ponte sobre o Rio Tejo. Se alguém acusar o Governo de marasmo, eu nego!
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1/8/2010
A (trágica) ironia da situação é que tudo quanto os defensores do Estado Social em Portugal fizeram até agora foi, apenas, tornar mais pobres os pobres.
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5/8/2010
Ao sabermos, agora, que Sócrates não foi inquirido, relativamente ao Freeport, graças a uma negociação entre os juízes procuradores encarregados do inquérito e a Directora do Departamento Central de Acção Penal Cândida Almeida, por troca entre a inquirição e a colocação das perguntas a fazer ao Primeiro-Ministro no despacho de encerramento do caso, o "negócio" ficou a cheirar ainda pior.
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4/10/2010
Na Grécia e na Irlanda vemos, por antecipação, o que vai acontecer em Portugal, por mais que o Primeiro-Ministro diga que "agora, sim, agora é que vamos lá".
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15/10/2010
De mãos vazias, impotentes, olhamos aquilo a que nos reduziram políticos inconscientes e incompetentes. Ah! Se pudéssemos voltar atrás! Mas na vida, depois de se partir, jamais podemos voltar ao ponto de partida. Quando muito, podemos mudar de combóio e não mais nos esquecermos do vivido.
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8/9/2010
Andam maluquinhos na Europa, a dizer que o risco da nossa dívida é o maior de sempre. Vê-se logo que não ouvem o nosso Primeiro-Ministro!
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2/11/2010
Há apenas uma diferença entre dois queridos Primeiro-Ministros que tivemos, António Guterres e José Sócrates, principais responsáveis pelas dificuldades que atravessamos: o primeiro pôde fugir, o segundo, embora o queira, não pode.
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7/11/2010
Um político reduz um país inteiro à indigência e, dizem cabeças bem pensantes (como o constitucionalista Jorge Miranda e outros), não deve ser civil e criminalmente responsabilizado. Chega sofrer a penalização do voto na eleição seguinte. Esquecendo que, para um político assim, a dita penalização é um alívio e um prémio, permitindo-lhe escapar para o esquecimento.
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Segundo a Ministra da Saúde, os doentes não deviam ter ido a correr à farmácia, antecipando a compra de medicamentos cujo preço vai subir. Mas o Governo aceita que a PT pague dividendos antecipados para escapar aos impostos que vão subir. Dificilmente se encontraria um caso em que melhor ficasse demonstrada a qualidade socialista do Governo.
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13/11/2010
As autarquias portuguesas devem aos fornecedores 2.600.000.000 de euros. Impressionante número que conta mais sobre a irresponsabilidade política do que as inócuas diatribes de todas as oposições.
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20/11/2010
O processo Rui Pedro Soares mostra algo importante: judicialmente, as escutas telefónicas ora valem, ora não valem. Depende de quem é escutado.
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22/11/2010
66.500. A estimativa do número de famílias a carecerem de apoio alimentar para comerem alguma coisa em cada dia, em Portugal. Dificilmente isto deixará que as demais tenham vontade de comer.
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26/11/2010
Estamos quase todos no velório do Estado Social. Só faltam os felizes administradores do sector público - que podem não ser atingidos pelas reduções salariais no sector - e os políticos, encarregados do enterro.
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29/11/2011
Há UM MILHÃO E SEISCENTOS MIL processos pendentes nos tribunais portugueses. Ao ritmo actual, e não contando com os recursos, cerca de cinco anos de decisões judiciais para que sejam encerrados. A solução mesmo, para quem quer que lhe seja feita justiça em Portugal, é esperar sentado e acreditar na Justiça Divina.
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7/12/2010
O Ministério da Justiça não faz compras para ter dinheiro para salários. Cada vez a manta é mais curta. E o gelo está mais frio. É bem capaz de dar gangrena, isto.
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15/12/2010
Os deputados insistem em afirmar, na Constituição, que Portugal é uma sociedade a caminho do socialismo. Até certo ponto, têm razão. Cada vez estamos mais pobres, como manda o bom socialismo.
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24/2/2011
Por mais que o Governo se esforce, sai-lhe tudo ao contrário. O Simplex complicou o voto. Começo a ter mais pena do que indignação.
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17/2/2011
A acreditar nos que nos chega, a dívida portuguesa parece uma mulher de rua: todos pegam nela a primeira vez; mas, mal feito o serviço, todos a abandonam. A continuar assim, terá de vir a Sra. Ângela Merkel, não tarda nada, para fazer dela uma senhora da alta roda.
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18/2/2011
Em primeiro lugar, este Governo acabou com postos de assistência na área da Saúde, dizendo que os restantes asseguravam a assistência. Agora, quer obrigar os doentes que precisam de transportes para os postos de assistência a pagar parte do custo. Na minha opinião, o que realmente o Governo quer é acabar com os doentes. E estou admirado de o Primeiro-Ministro ainda não se ter gabado de mais esta sua política revolucionária. Ou então, quer acabar com o Estado Social só para atirar as culpas para cima do Pedro.
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Face ao rol imenso de situações que nos contam a desgraça de desgoverno que temos tido, um só pensamento adicional ocorre: quando é que nós, cidadãos, passamos a ter vergonha de nós próprios?

Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 26/5/2011

1 comentário:

Francisco disse...

Bom dia. Creio que a Dra. Lurdes Rodrigues (ex-ME)está na Administração da FLAD. É o prémio pelo bom desempenho...