RACHAR LENHA
Costuma dizer-se que quem está de fora racha lenha. E, não sendo filiado no Partido Socialista, eu devia manter-me à margem do que por lá se vai passar, relativamente à eleição do seu secretário-geral, passado que foi o tempo de má memória do respectivo antecessor. Mas acontece que, dada a situação do País, o PS, ainda que na oposição, é um partido demasiado importante para o nosso futuro e para a possibilidade de endireitarmos a nossa vida. Donde, o que por lá se passa actualmente diz respeito a todos os portugueses. E por isso, racho lenha.
Em confronto estão dois respeitáveis socialistas, Francisco Assis e António José Seguro. Que não são dois indivíduos desconhecidos. Dos quais guardo, relativamente a cada um, memória de acontecimentos que me falam da qualidade que cada um tem. Que recordo, para aqueles que tendo directamente a ver com o assunto, porventura já se tenham esquecido.
Relativamente a Francisco Assis, recordo o que ficou conhecido como “caso Felgueiras”. Quando rebentou o escândalo dos desmandos da presidente socialista daquela Câmara, Assis era o secretário-geral da Distrital do Porto do PS. E não hesitou nem um momento em assumir uma atitude de uma ética irrepreensível, arrumando a casa, não pactuando com a sua eleita e sujeitando-se mesmo a agressões de correligionários seus a soldo da cacique local socialista. Nessa altura, Francisco Assis ganhou a minha admiração e o meu respeito para sempre.
De António José Seguro recordo apenas ter liderado, em termos civicamente condenáveis, os grupos de estudantes que, fazendo ruído de fundo a favor da campanha de Mário Soares para derrubar Cavaco Silva, não passou de servos a apoiarem a voz do dono. Se eu fosse socialista, de modo nenhum ele contaria com o meu voto. Portugal precisa de pessoas corajosas, que recusem andar apenas ao sabor de estratégias partidárias.
Posto isto, aqui ficam as achas do meu rachar, para servirem a quem interesse.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 19/7/2011
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