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9.8.11

CRÓNICA DA SEMANA - I

CONVERSA

Costuma acontecer sempre assim. Quando o desemprego assume números elevados, aparecem uns mágicos a falar de investimentos capazes de criar muitos postos de trabalho. Os políticos adoram ouvir falar disto quando o desemprego é grande. É uma maneira de entreterem as pessoas, tentarem dar-lhes alguma esperança e conterem, com isso, o seu descontentamento.

A verdade, porém, é que tais anúncios de investimentos miraculosos quase sempre trazem água no bico. Os investidores que os propõem quase sempre ocultam, em tais anúncios, desejos de grandes apoios por parte dos poderes públicos ou ganhos que, de outro modo, teriam muito pouca justificação.

A experiência do passado faz com que os cidadãos devam estar muito atentos, para que, nas suas costas, não aconteçam seja negociatas, sejam prejuízos grandes para o seu bem estar social. Face a anúncios desse género, que proclamam a criação de milhares de postos de trabalho, o cidadão deve honestamente preguntar-se - e perguntar às autoridades que o regem - se a anunciada criação de emprego não é apenas conversa para esconder algo que os promotores não querem que seja mostrado. Imagine-se, por exemplo, que alguém quer fazer um investimento imobiliário a que não tem direito, seja por disposição legal, contratual, ambiental ou outra. Um dos argumentos que procurará juntar às suas pretensões, em tempo de grande desemprego, é a de que o seu investimento vai criar grande número de postos de trabalho. Não hesitará em dizê-lo. Porque a autorização para o investimento é obtida hoje e só muito no futuro se verificará se o investimento criou emprego ou não. E, então, mesmo que o investimento não tenho criado um único posto de trabalho, ninguém lhe pedirá contas. Nem a ele nem às autoridades políticas que o autorizaram. E, por muito mal que faça o dito investimento, por muitos prejuízos a que dê origem, quem tem que se haver com esses custos serão sempre os cidadãos.

E o que se diz para novos investimentos, diga-se ainda para as privatizações que vão acontecer um pouco por aí fora. Razão pela qual devemos estar todos muito atentos. Não deixando que à custa de melhorar o emprego, sejam causados prejuízos consideráveis aos interesses de todos nós.

Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 9/8/2011

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