(continuação)
Estiveram todo o dia em expectativa frustrada. Nem vivalma por ali passou. Mamadú esteve a maior parte do tempo a olhar fixamente o morto armadilhado. Ia morrer segunda vez. Ia ser ele o principal atingido pela explosão das granadas descavilhadas. Desta vez, pelo menos, os estilhaços não fariam jorrar sangue daquele.
Ao fim do dia, retiraram para lugar mais abrigado. Taparam o cadáver com ramos e folhas. Voltariam no dia seguinte. A ideia era aproveitar da confusão gerada pelas explosões, mortos e feridos provocados pela armadilha para aniquilar o resto da tropa.
Voltaram no dia seguinte. Os ramos e as folhas tinham sido remexidos. O espectáculo que se lhes deparou não era nada agradável, nem mesmo para quem estava habituado a todos os horrores. Hienas, atraídas pelo mau cheiro do corpo em putrefacção, tinham feito dele o seu repasto. Algumas vísceras e a cabeça retalhada eram o único ornamento de um esqueleto quase limpo. Que esconderam no mato. Continuando à espera, porém. Mais um dia. E outro.
(continua)
Magalhães Pinto
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