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3.12.08

CRÓNICA DA SEMANA (II)

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Uma Ministra que fica contente porque um aluno, tendo recebido mais um brinquedo para levar para casa, se dispõe a ser socialista quando for grande. Devia ser homem. Devia ser um trabalhador qualificado e bem preparado. Devia ser um cidadão civicamente exemplar, responsável e responsabilizado, exigente com os outros e consigo mesmo. Mas isso não diz nada a mentes mesquinhas, nas quais está inculcado a fogo que a culpa de tudo pertence aos professores. Que aos alunos deve ser proporcionada uma vida fácil, nos antípodas daquilo que, depois, durante a vida, encontrarão pela frente. Que a disciplina de comportamento é desprezável e desprezível. Não é por acaso que, na mesma entrevista em que diz o que coloquei em epígrafe, também se confessa anarquista. Isto é, partidária de uma sociedade sem autoridade, isto é, de uma sociedade desordenada. Uma Ministra que colhe – segundo rezam as crónicas – os apoios do seu Partido e do seu Primeiro-Ministro.

Mal chegada ao cargo, a Ministra não perdeu tempo. Os professores eram uns preguiçosos. Estavam pouco tempo nas escolas. Havia que os fazer estar lá mais tempo. Desprezado foi o tempo escolar vivido na casa de cada um. Preparando as lições. Elaborando testes. Corrigindo testes. E, como no caso da professora a que me refiro, disponibilizando-se para receber alunos em casa para, gratuitamente e a horas de escola encerrada, lhes tirar dúvidas, lhes dar aquele nico de saber mais que podia permitir-lhes entrar nesta ou naquela faculdade. Mas era necessário arranjar que fazer para os professores na escola, para que tudo não parecesse um absurdo. Nem que, para tal houvesse de criar-se um outro absurdo. As aulas de substituição. O professor de educação física a ensinar como se escalpeliza um sapo. O gozo dos alunos, claro. Não é necessário ensinar a nenhum aluno como se detectam os absurdos. Não se ficou por aí. Legislou em catadupa. Cada lei tinha um preâmbulo falado destinado a abater o prestígio dos professores. Que, apesar de tudo, o tinham enquanto classe. E as medidas absurdas sucederam-se. É o que acontece a quem legisla em catadupa. A certa altura, estamos perante um monstro legal, burocrático, em que o tempo gasto para conhecer a Lei é tão grande como o tempo gasto para cumpri-la. A revolta nos professores foi-se instalando paulatinamente. E crescendo a olhos vistos. Até chegar à rua.

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“Soube ontem ao ultimo tempo que a professora tinha recebido a carta da reforma. Vou ser sincero, fiquei muito triste por perder uma das melhores professoras de sempre. Paciente, simpatica, honesta, humilde.... são muitas das caracteristica que a professora tem.

A escola perdeu uma das melhores professoras ao serviço. Pessoalmente estou triste por perder uma professora mas sim estou triste por ter perdido uma grande amiga que me ajudou sempre.

Toda a turma ficou um bocado triste (embora querendo desfarçar através de sorrisos e risos), pois tem a consciencia que vai ser dificil substituir uma professora como a s'tora. Diz-se que ninguem é insubstituivel, mas a professora é das poucas pessoas que não podem substituidas por nada deste mundo. Aqui está á minha despedida muito humilde, nnão é que desejaria dar á professora pois o que lhe queria dar está para além dos meus alcances.

Só deixo votos de felicidade e desejos que um dia nos voltemos a encontrar.

Muitos beijos e abraços:
Bruno Santos nº7 8ºB”

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Excertos da crónica AVALIANDO - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 4/12/2008

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