Neste dia, em 1836, nasceu o escritor português Ramalho Ortigão.
Ramalho Ortigão tornou-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70 (século XIX). Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as Luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, Marquês de Soveral, Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido significativamente eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".
Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".
1 comentário:
Ramalho ortigão educado ao ar livre, junto da terra, tornou-se o tipo acabado antiintelectual. Não fez curso superior, mas envolveu-se na questão coimbra com independência e equilibrio. Não participou das conferências do Cassino Lisbonense , mas no mesmo ano iniciou a publicação de “As Farpas”, com intuitos iguais aos dos realistas, a cujo grupo passou a pertencer. Viveu do jornalismo e de vagos empregos públicos.
Infatigável curioso do espetáculo humano, e gostando de viajar, esteve na Holanda e na Inglaterra; dessas viagens nasceram dois livros de impressões hesitando entre o jornalismo e o diário íntimo:
1 – A Holanda (1885)
2 – John Bull e sua Ilha (1887)
Por mais diferentes que sejam os temas, Ramalho vaza-os numa linguagem límpida, extrovertida, respirando saúde e alegria de viver, fruto de sua concepção otimista, máscula e esportiva da existência.
Cida
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