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10.5.11

CRÓNICA DA SEMANA - I

COMBATER A CRISE

Muito se enganará quem pensar que as negociações mantidas com o FMI e com a Europa, fechadas a semana passada, são a solução da crise que nos atinge. Não são. Como disse o Presidente da República, são apenas o começo duma estrada longa que temos de percorrer. Uma estrada que, se não estivermos disponíveis para percorrer, nos conduzirá a grandes misérias.

Entre as medidas preconizadas nessas negociações para combater a crise, está a redução dos custos que suportamos com o Estado. Sendo que Estado é o Poder Central e as autarquias locais, com todo o cortejo de instituições mais ou menos independentes que dele dependem. E percebe-se bem que emagrecer o Estado seja uma das grandes medidas que se esperam. Por uma razão simples: quanto mais o Estado gastar menos ficará para os cidadãos. Como acontece em qualquer casa, também no país só fica para comer aquilo que o pagamento das dívidas deixa ficar.

Para reduzir o peso do Estado foi imposta a redução de autarquias, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia. Algo que eu, que não sou nenhum grande especialista, já muitas vezes recomendei no que digo e escrevo. Todos ficaremos espantados se pensarmos que há freguesias em Portugal que pouco mais são do que uma rua, como um quilómetro quadrado de superfície. Pensemos que o concelho de Matosinhos tem uma superfície que não chega a 100 quilómetros quadrados.

Assim, os Portugueses têm de colocar de lado falsos bairrismos e temos de nos abraçar todos nos objectivos nacionais, se queremos sobreviver. Em Matosinhos também. E ao olharmos para Matosinhos, podemos ver com nitidez que podemos reduzir o número das nossas freguesias, tendo em conta a distribuição geográfica e as suas características. Assim Perafita e Lavra podem ser uma só freguesia. Outra pode ser constituída por Guifões, Custóias e Santa Cruz do Bispo. E podemos mesmo pensar que Matosinhos e Leça da Palmeira, que formam a cidade de Matosinhos, podem ser uma freguesia apenas. Cortaríamos, assim, três freguesias à nossa dimensão e aos nossos custos. E isto não tem nada a ver com a identidade de cada uma dessas localidades. Enquanto lugares-paróquia, todos poderiam manter a sua identidade.

Temo que este possa ser um assunto muito discutível. Mas a hora é de economizar e não o conseguiremos se continuarmos a persistir em ideias feudais. Ou somos revolucionários neste aspecto ou iremos ao charco, com certeza absoluta.

Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 10/5/2011

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