Salvo qualquer cataclismo político que se não vislumbra, o resultado das próximas eleições legislativas só é uma incógnita da dimensão, Porque os vencedores estão anunciados. Pelo menos, grande parte dos analistas – salvo os que “estão a soldo” da Oposição, naturalmente – são unânimes nesta ideia. O Partido Socialista e José Sócrates conseguirão uma nova maioria absoluta. E, todavia, se olharmos para trás e virmos tudo quanto foi a governação durante este mandato, havemos de considerar isto um absurdo. Ou melhor, muitos absurdos.
O ponto de partida para as políticas que vieram a ser desenvolvidas foi o défice da Conta do Estado. E aqui encontramos o primeiro absurdo. Dois anos antes, Durão Barroso, logo depois de tomar posse como Primeiro-Ministro, anunciou solenemente ao país que “o país estava de tanga”. Ó palavras que disseste! Caiu-lhe em cima toda a Oposição, designadamente dos Socialistas, censurando este ar dramático colocado pelo Primeiro-Ministro nas suas alocuções para o Povo. E, havemos de concordar, as críticas da Oposição encontraram algum eco na opinião pública. Pois bem. O actual Governo foi mais além. Pode não o ter afirmado explicitamente, mas todas as suas políticas, definidas e, em alguns casos, executadas, dirigiam-se a um país não que estava de tanga mas que estava roto, sujo e esfarrapado. Como é de bom-tom, as culpas foram atiradas para o Governo imediatamente anterior. Esquecendo que o grande responsável pelo descalabro das contas públicas se devia, em elevada percentagem, ao último Governo socialista, comandado por António Guterres.
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Por tudo isto, eu estou a perder já a confiança em mim e nos meus raciocínios. Não pode estar tanta gente enganada contra a minha opinião. E, se assim é, o absurdo sou eu. Por isso, meu Caro Leitor, tenha cuidado com o crédito que dá àquilo que eu digo. Porque pode transformar-se também num absurdo. E este Governo que, ao que dizem, se prepara para ganhar com maioria as próximas eleições legislativas, passaria a governar absurdos. O que, se calhar, é o que quer e merece.
Excertos da crónica O ABSURDO - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 22/10/2008
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