Neste dia, em 1867, nasceu o poeta português Camilo Pessanha.
É seu este poema:
Canção da partida
Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei-de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro...
Lançá-lo ao mar.
Quem vai embarcar, que vai degredado,
As penas do amor não queira levar...
Marujos, erguei o cofre pesado,
Lançai-o ao mar.
E hei-de mercar um fecho de prata.
O meu coração é o cofre selado.
A sete chaves: tem dentro um carta...
--- A última, de antes do teu noivado.
A sete chaves --- a carta encantada!
E um lenço bordado... Esse hei-de o levar,
Que é para o molhar na água salgada
No dia em que enfim deixar de chorar.
1 comentário:
Todos sabemos que Camilo Pessanha é um expoente da poesia simbolista.
Distinguindo-se dos demais poetas do tempo, Camilo enquadra-se de modo nítido, na estética simbolista. Camilo se autentifica, em princípio, pelo alto sentido abstrato, vago difuso, próprio de quem por ser simbolista nato e possuir um temperamento muito sensível.
Nele, o simbolismo se realiza em todas as características fundamentais, especialmente como música, sugestão e símbolo.
A palavra nele, torna-se transparente, reduzida aos sons e aderida à própria sensação.
Acompanhado de surpreendentes alianças gramaticais em apoio do enquadramento de intuições nascidas em planos diferentes (presente, passado, futuro; a cor, a música, o olfato), formando sinestesias contínuas e sutis.
Porque o melhor , enfim
É não ouvir nem ver...
Passarem sobre mim
E nada me doer!
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
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Adormecei. Não suspireis. Não respireis.
Cida
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