
Thomas Carlyle
citado por Tony Yudt em “PÓS-GUERRA”
Sábias palavras. De alguém que sabe que o futuro só acontecerá no futuro e que a realidade verdadeiramente importante, inclusivamente porque condiciona esse futuro, é o presente. De alguém que sabe que o presente é um conceito ideal, inexistente na realidade. E que cada momento a que chamamos presente é o futuro do momento que o antecedeu. É por isso que me desespero sempre que ouço os que governam dizer que estão a fazer coisas para salvaguardar o futuro. É como se me dissessem: morre agora para que os que vão existir no futuro possam viver, esquecidos de que o futuro já sou eu e os que comigo coexistem. Nenhuma felicidade futura, a longo prazo, valerá a pena se assentar na infelicidade futura imediata. Isto é, a felicidade futura está permanentemente a recomeçar no exacto momento em que os caracteres se vão acumulando nisto que penso e escrevo. Agir a contrario disto pode muito bem ser uma mistificação para que cada governante possa satisfazer os seus desejos pessoais em vez de, como lhe cumpre, dever satisfazer os desejos dos demais. Construindo, com esse comportamento, o divórcio entre si e os governados, que seria a força motora mais importante de cada momento vivido. Que seria, a cada momento, o cimento mais forte para erguer o edifício comum a que eles chamam futuro.
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Excerto da crónica À PROCURA DAS RAZÕES - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 23/7/29008
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