
Naquela tarde, depois da cavaqueira habitual, Mário continuou o seu passeio. Deteve-se, a certa altura, a observar três miúdos indígenas, com não mais de quatro anos cada um, sentados na valeta, fazendo da terra fina e dum fio de água a correr suavemente, uma argamassa amarelada, clara.
Um dos miúdos, vivaz, prazenteiro, olhava volta e meia para ele, com ar cândido e inocente. Sorria para ele. E logo continuava com os outros a tentativa frustrada de usar a argamassa na construção de algo que, vagamente, se assemelhava a uma palhoça. Interiormente, Mário apostava consigo próprio quantas vezes eles iriam tentar a construção até desistirem. A terra era fina demais para ganhar consistência e, além disso, eles tinham localizado a construção quase no meio da pequena corrente e, logo que se acumulava um pouco mais de água represada, a palhoça em miniatura cedia à pressão. E dissolvia-se silenciosamente.
(continua)
Magalhães Pinto
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