São dez e meia da noite. São horas de enviar as minhas crónicas para os órgãos de comunicação social nos quais escrevo ou falo. O meu Caro Leitor porventura não imagina o que é isto de escrevinhar umas notas destinadas à opinião pública. Há semanas em que não faltam assuntos. Há outras em que o escrevinhador se vê grego para encontrar algo sobre que valha a pena falar. Esta parece ser uma dessas. Passei a maior parte do fim de semana a olhar para o papel em branco. Que é como quem diz. Nestes tempos de técnica, o papel em branco é uma janela duma versão do Word, já velhinha. Sim, velhinha. Porque o Fisco, tributando-me os rendimentos que eventualmente aufira das escrevinhadelas, nem um tostão me desconta na matéria colectável pelo que gasto para as fazer. Por isso, não posso actualizar-me. Paciência. Tenho que me adaptar. E pensar que, em lugar de escrever em papel almaço, tenho que me limitar ao papel costaneira. Depois vão dizer - os responsáveis pela gestão desta coisa que, às vezes, dá pelo nome de Portugal- que eu sou um bota de elástico, que não me modernizo, que não sou competitivo com os escrevinhadores do Times ou do Le Monde. Que hei-de fazer? Cada um tem o Sistema Fiscal que merece. Bom. O melhor, meu Caro Leitor, é enviar-lhe as notas que, a custo escrevi.
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Excerto da crónica MEDITANDO - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 22/6/2003
1 comentário:
Concordo consigo, escrevo também alguns artigos de opinião para um outro semanário local, e por vezes temos a sensação que existe um vazio...porém no diga seguinte as ideias vêm e é só colocá-las no pc para depois enviar.
A nossa mente tem destas coisas.
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