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25.10.08

PENSAMENTO DO DIA

Não há nada como sair do País e vir saber as coisas cá fora. Aprendi esta semana que o Milagre das Rosas, da Raínha Santa Isabel, pode ser falso, uma vez que precisamente o mesmo milgare, com todos os pormenores, é atribuído à Princesa Santa Isabel da Hungria. E, como se fosse pouco, aprendi que D. João VI - que fugiu para o Brasil para escapar às invasões francesas de Napoleão - era cunhado do mesmo Napoleão. Segredos que escapam às nossas histórias.

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Magalhães Pinto. Costumo ler com atenção o seu blogue, e já tive a oportunidade de lhe enviar um ou outro comentário sobre assuntos que você publicou aqui. Gostaria de dizer o que penso sobre as questões que aqui refere.
1 - O lapso de D. João IV em vez de D. João VI, é isso mesmo, um lapso de escrita, nada mais.
2 - Não sabia que ele era cunhado de Napoleão. Vou ter de estar mais atento.
3 - Quanto às rosas, o assunto parece-me interessante. Embora desconhecesse que essa "lenda" também é contada na Hungria, tal facto acaba por não me surpreender. De facto, e até ao Romantismo, ou para ser mais preciso, até ao pós-Revolução Francesa, os feitos da História não eram exacerbados porque os seus destinos eram determinados por uma reduzidíssima casta que detinha todos os poderes na mão (económico, político, militar, cultural e religioso) e apenas estava interessada em perpetuá-los. Contar feitos históricos que "moldassem" a memória colectiva estava fora de qualquer projecto iluminista que, como projecto autoritário, não se compadecia com a "divisão" dos louros da História. Por isso ela não era "cantada" mas simplesmente "contada" como crónica. (Repare-se que em Portugal, apenas a epopeia dos Descobrimentos foi "cantada".) Com a Revolução Francesa foram criadas condições para que os poderes deixassem de ser pertença de poucos para passarem a ser referendados, discutidos e, consequentemente, divididos. E foi toda esta gente que chegou pela primeira vez ao poder que teve necessidade de olhar para si e para o seu passado, e de o contar aos seus sucessores como sendo a "sua" história que lhes fora sempre usurpada. Foi nesta ânsia de "revisitação" da História que o Romantismo floresceu, chegando ao limite quase absurdo de "construir ruinas", recuperar castelos apodrecidos, redesenhar cidades numa lógica higienista mas com os marcos da História do "seu" povo bem destacados, tudo isto para fazer perpetuar a "memória" que nunca tinham tido a oportunidade de mostrar que também era sua.
Julgo que terá sido neste contexto que as lendas e as histórias da História foram crescendo, numa onda de patriotismo sem precedentes e que cimentou muitas das Nações que são hoje a Europa.
Não tenho pretensões de ser historiador. Sei apenas que somos aquilo que fomos. Acho que o "milagre das rosas" é português, húngaro e, se calhar, polaco também. Acho que o "milagre das rosas" é filho do Romantismo.
Um abraço para si, e continue a dizer coisas que nos estimulem. Acho que estamos todos a precisar de um novo milagre das rosas...

JFR disse...

Os números romanos têm destas coisas. Teclar invertido pode gerar confusão. O João é o VI.

MAGALHÃES PINTO disse...

Obrigado pela visita e pelo comentário, extremamente lúcido e explicativo.

Obrigado pela correcção ao João. Já a fiz. Na altura do IV ainda o bisavô do Napoleão não tinha nascido... :)