. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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30.11.09
MEMÓRIA
CENÁRIOS
Na sequência da demissão de Ferro Rodrigues, do cargo de Secretário Geral do Partido Socialista, perfilaram-se já as candidaturas à sua sucessão. Três. José Sócrates, João Soares e Manuel Alegre. Creio que o PS chegou, com o Congresso no qual se realizará a eleição, ao seu ponto de viragem. A partir deste Congresso, nada mais deveria ser igual, no maior Partido da Oposição. E digo isto porque creio, firmemente, que José Sócrates sairá vencedor. E, com a sua vitória, ficariam definitivamente enterrados os herdeiros da Revolução. O Partido Socialista tornar-se-ia num Partido moderno, definitivamente livre dos dinossauros. João Soares, que pouco mais representa do que a saudade de uns tantos pelo "velho" Mário Soares, não iria longe. E Manuel Alegre seria um candidato só para recordar que há referências der esquerda que não devem ser esquecidas. Provavelmente, Manuel Alegre não chegará até às urnas. Desistirá antes disso. Com José Sócrates, o Partido Socialista tornar-se-ia apenas uma alternância de Poder, com a mesma visão da sociedade, da economia e da política em nada diferente da que vemos, por exemplo, no PSD.
Em princípio, isto eram boas notícias para a democracia portuguesa. Hoje, a diferenciação entre esquerda e direita não faz grande sentido. Podemos ter políticas de mais ou menos preocupações sociais independentemente dos partidos. Um dos Governos mais preocupados socialmente - lembremo-nos que foi ele a lançar uma campanha nacional de luta contra a pobreza - foi o primeiro governo de Cavaco Silva, que muitos diziam ser de direita. E um dos governos que mais fez apertar o cinto de todos - e dos pobres também - foi o governo de Mário Soares em 1984. Portanto, um Governo do PS ou do PSD, tanto faria, no futuro. Tenderiam a suceder-se, alternadamente, com mais ou menos duração. E, sendo assim, o país tenderia a seguir um rumo mais ou menos inalterado, independentemente de quem estivesse no Poder.
No entanto, sendo assim em teoria, pode não ser assim na prática. A política está inçada de muitos oportunistas, para quem o Poder vale por si mesmo e não porque se destina a servir o Povo. Se quiséssemos ter um exemplo, bastar-nos-ia, precisamente, um episódio curioso passado com o anúncio de candidatura de José Sócrates. É que ele afirmou, no seu discurso de anúncio, que pretende renovar o Partido, dando lugar às gerações mais novas. E, dos primeiros camaradas a apoiarem esta ideia, notabilizaram-se três: Mesquita Machado, de Braga, Mário de Almeida, de Vila do Conde, e Narciso Miranda, de Matosinhos. Precisamente três socialistas, presidentes de Câmara, já com o prazo de validade ultrapassado, todos a oferecer grande resistência à mudança. E isto reduz bastante as esperanças de que o Partido Socialista se modernize com José Sócrates. Vamos a ver.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 27/7/2004
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
Administração fiscal ignora decisões dos tribunais
Quantas decisões judiciais são necessárias para que a administração fiscal adopte nas suas circulares internas o entendimento dos tribunais? O Ministério das Finanças não tem "um critério quantitativo", refere uma nota oficial.
Em resposta ao PÚBLICO, o Ministério das Finanças esclarece que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais "altera a interpretação" do fisco a partir das decisões dos tribunais "sempre que tal se afigura justo e correcto e sempre numa lógica abstracta".
A questão não é de somenos. Há uma importante litigância nos tribunais tributários por recurso de contribuintes que tentam fazer a administração fiscal aplicar a jurisprudência dos tribunais. Desconhece-se qual a parte dos dez mil processos que entram anualmente nos tribunais tributários. Mas o próprio relatório do Grupo de Trabalho para o Estudo da Política Fiscal, encomendado pelo Ministério das Finanças e coordenado por António Carlos dos Santos e António Ferreira Martins, refere o problema.
"Verifica-se frequentemente a necessidade" de os contribuintes "reagirem contra petições indeferidas na via graciosa, quando foram já emanados vários acórdãos pelo Supremo Tribunal Administrativo a dar provimento a pedidos semelhantes". E isso quando os próprios contribuintes "invocam expressamente os acórdãos em questão". Com essa atitude, "agrava-se (...) o tempo de decisão do processo gracioso e onera-se o Estado, devido ao recurso à via judicial, em situações perfeitamente desnecessárias". Para tal, o grupo de trabalho sugeriu que "deve a jurisprudência já firmada ser analisada pela administração tributária e por esta assumida e superiormente veiculada, sendo reconhecida e evitando-se recursos inúteis à via judicial".
Ora, a questão que o PÚBLICO colocou ao Ministério das Finanças é como se explica que haja situações em que basta uma decisão de um tribunal para que o fisco mude de opinião (ver caixa), enquanto outros casos, apesar de sucessivos acórdãos dos tribunais num mesmo sentido, nada se altera? É o que se passa com a compensação de reembolsos de IVA, cúmulo jurídico em coimas, certificação da residência fiscal para efeitos da aplicação dos Acordos para evitar a dupla tributação. Qual é o critério?
In PÚBLICO - 30/11/2009
Quantas decisões judiciais são necessárias para que a administração fiscal adopte nas suas circulares internas o entendimento dos tribunais? O Ministério das Finanças não tem "um critério quantitativo", refere uma nota oficial.
Em resposta ao PÚBLICO, o Ministério das Finanças esclarece que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais "altera a interpretação" do fisco a partir das decisões dos tribunais "sempre que tal se afigura justo e correcto e sempre numa lógica abstracta".
A questão não é de somenos. Há uma importante litigância nos tribunais tributários por recurso de contribuintes que tentam fazer a administração fiscal aplicar a jurisprudência dos tribunais. Desconhece-se qual a parte dos dez mil processos que entram anualmente nos tribunais tributários. Mas o próprio relatório do Grupo de Trabalho para o Estudo da Política Fiscal, encomendado pelo Ministério das Finanças e coordenado por António Carlos dos Santos e António Ferreira Martins, refere o problema.
"Verifica-se frequentemente a necessidade" de os contribuintes "reagirem contra petições indeferidas na via graciosa, quando foram já emanados vários acórdãos pelo Supremo Tribunal Administrativo a dar provimento a pedidos semelhantes". E isso quando os próprios contribuintes "invocam expressamente os acórdãos em questão". Com essa atitude, "agrava-se (...) o tempo de decisão do processo gracioso e onera-se o Estado, devido ao recurso à via judicial, em situações perfeitamente desnecessárias". Para tal, o grupo de trabalho sugeriu que "deve a jurisprudência já firmada ser analisada pela administração tributária e por esta assumida e superiormente veiculada, sendo reconhecida e evitando-se recursos inúteis à via judicial".
Ora, a questão que o PÚBLICO colocou ao Ministério das Finanças é como se explica que haja situações em que basta uma decisão de um tribunal para que o fisco mude de opinião (ver caixa), enquanto outros casos, apesar de sucessivos acórdãos dos tribunais num mesmo sentido, nada se altera? É o que se passa com a compensação de reembolsos de IVA, cúmulo jurídico em coimas, certificação da residência fiscal para efeitos da aplicação dos Acordos para evitar a dupla tributação. Qual é o critério?
In PÚBLICO - 30/11/2009
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1874, nasceu Winston Churchill, que viria a ser Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha e figura proeminente durante a II Guerra Mundial.
Em 10 de maio de 1940, Churchill chegou ao cargo de Primeiro-Ministro britânico, contando 65 anos de idade. Seus discursos memoráveis, conclamando o povo britânico à resistência e sua crescente aproximação com o então presidente americano Franklin Delano Roosevelt, visando a que os Estados Unidos da América ingressassem definitivamente na guerra, foram essenciais para o êxito dos aliados. O exemplo de Churchill e sua incendiária oratória permitiram-lhe manter a coesão espiritual do povo britânico nas horas de prova suprema que significaram os bombardeios sistemáticos da Alemanha sobre Londres e outras cidades do Reino Unido. Devido à estes bombardeios em 20 de Julho de 1944, mesmo dia em que Hitler sofreria um grave atentado contra sua vida, Churchill consideraria a possibilidade de utilizar gás venenoso em civis alemães, contrariando as regras internacionais da guerra moderna, sendo fortemente desencorajado pelos generais britânicos, abandonando a ideia ao final.
Em 10 de maio de 1940, Churchill chegou ao cargo de Primeiro-Ministro britânico, contando 65 anos de idade. Seus discursos memoráveis, conclamando o povo britânico à resistência e sua crescente aproximação com o então presidente americano Franklin Delano Roosevelt, visando a que os Estados Unidos da América ingressassem definitivamente na guerra, foram essenciais para o êxito dos aliados. O exemplo de Churchill e sua incendiária oratória permitiram-lhe manter a coesão espiritual do povo britânico nas horas de prova suprema que significaram os bombardeios sistemáticos da Alemanha sobre Londres e outras cidades do Reino Unido. Devido à estes bombardeios em 20 de Julho de 1944, mesmo dia em que Hitler sofreria um grave atentado contra sua vida, Churchill consideraria a possibilidade de utilizar gás venenoso em civis alemães, contrariando as regras internacionais da guerra moderna, sendo fortemente desencorajado pelos generais britânicos, abandonando a ideia ao final.
29.11.09
O CÍRCULO DA HISTÓRIA
A História não é senão a repetição cíclica dos mesmos fenómenos, apenas gradativamente diferentes no tempo.
***
“O irregular e promíscuo funcionamento dos poderes públicos é a causa primeira de todas as outras desordens que assolam o país.
Independentemente do valor dos homens e das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supõem ser, por direito, os representantes da democracia. Exercendo de facto a soberania nacional, simultaneamente conspiram e criam entre si estranhas alianças de que apenas os beneficiários são os seus militantes mais activos.
A Presidência da Republica não tem força nem estabilidade.
O Parlamento oferece constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo, escandalizando o país com o seu procedimento e, a inferior qualidade do seu trabalho.
Aos Ministérios falta coesão, autoridade e uma linha de rumo, não podendo assim governar, mesmo que alguns mais bem intencionados o pretendam fazer.
A Administração pública, incluindo as autarquias, em vez de representar a unidade, a acção progressiva do estado e a vontade popular, é um símbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização e do despesismo que gera, até nos melhores espíritos o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.
Directamente ligada a esta desordem instalada, a desordem financeira e económica agrava a desordem Política, num ciclo vicioso de males nacionais. Ambas as situações somadas conduziram fatalmente à corrupção generalizada que se instalou…”
António Oliveira Salazar, in COMO SE LEVANTA UM ESTADO, 1936
***
Onde é que eu já vi isto tudo?...
***
“O irregular e promíscuo funcionamento dos poderes públicos é a causa primeira de todas as outras desordens que assolam o país.
Independentemente do valor dos homens e das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supõem ser, por direito, os representantes da democracia. Exercendo de facto a soberania nacional, simultaneamente conspiram e criam entre si estranhas alianças de que apenas os beneficiários são os seus militantes mais activos.
A Presidência da Republica não tem força nem estabilidade.
O Parlamento oferece constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo, escandalizando o país com o seu procedimento e, a inferior qualidade do seu trabalho.
Aos Ministérios falta coesão, autoridade e uma linha de rumo, não podendo assim governar, mesmo que alguns mais bem intencionados o pretendam fazer.
A Administração pública, incluindo as autarquias, em vez de representar a unidade, a acção progressiva do estado e a vontade popular, é um símbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização e do despesismo que gera, até nos melhores espíritos o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.
Directamente ligada a esta desordem instalada, a desordem financeira e económica agrava a desordem Política, num ciclo vicioso de males nacionais. Ambas as situações somadas conduziram fatalmente à corrupção generalizada que se instalou…”
António Oliveira Salazar, in COMO SE LEVANTA UM ESTADO, 1936
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Onde é que eu já vi isto tudo?...
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
Face Oculta
Suspeitos foram avisados das escutas
Os arguidos no ‘processo Face Oculta’ deixaram de usar os seus telemóveis habituais a partir de 25 de Junho, no auge da polémica causada pelo negócio PT/ TVI, existindo a suspeita de uma fuga de informação nessa altura, quando começaram a chegar a Lisboa as primeiras certidões enviadas pelo DIAP de Aveiro.
In SOL - 27/11/2009
Suspeitos foram avisados das escutas
Os arguidos no ‘processo Face Oculta’ deixaram de usar os seus telemóveis habituais a partir de 25 de Junho, no auge da polémica causada pelo negócio PT/ TVI, existindo a suspeita de uma fuga de informação nessa altura, quando começaram a chegar a Lisboa as primeiras certidões enviadas pelo DIAP de Aveiro.
In SOL - 27/11/2009
EFEMÉRIDE DO DIA
28.11.09
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
"O grosso da coluna está cá fora", afirmou ontem Catalina Pestana em entrevista à SIC. Segundo a ex--provedora, não chegaram à barra dos tribunais muitas pessoas que abusaram sexualmente de crianças e jovens alunos daquela instituição de ensino.
"Os senhores que estão sentados nos tribunais são apenas a guarda avançada e um pequeno braço do polvo da Casa Pia", afirmou Catalina. Questionada sobre uma eventual existência de falhas na investigação criminal conduzida pelo Ministério Público, a entrevistada admitiu que se tivessem registado algumas, mas advertiu que, na altura, a experiência policial neste tipo de crimes era ainda pouca. "Estávamos todos a aprender".
Menos benevolente foi, contudo, para com o PS. "Senti-me magoada quando houve mudança de Governo. Eu que sou assumidamente de esquerda vi um partido de esquerda ignorar o processo (Casa Pia)", disse a ex-provedora, frisando: "Nunca o ministro me perguntou pelo processo." E acrescentou: "Fiquei magoada ao ver um partido que defende valores iguais aos que eu defendo não se preocupar com aquele processo". Instada sobre se chegou a perceber a razão daquele desinteresse, exclamou: "Percebi, mas não explico" Recorde-se que Catalina Pestana foi nomeada provedora em Dezembro de 2002 a convite de Bagão Félix, ministro do Trabalho e da Solidariedade, saindo depois de o PS ter chegado ao Governo.
"Os senhores que estão sentados nos tribunais são apenas a guarda avançada e um pequeno braço do polvo da Casa Pia", afirmou Catalina. Questionada sobre uma eventual existência de falhas na investigação criminal conduzida pelo Ministério Público, a entrevistada admitiu que se tivessem registado algumas, mas advertiu que, na altura, a experiência policial neste tipo de crimes era ainda pouca. "Estávamos todos a aprender".
Menos benevolente foi, contudo, para com o PS. "Senti-me magoada quando houve mudança de Governo. Eu que sou assumidamente de esquerda vi um partido de esquerda ignorar o processo (Casa Pia)", disse a ex-provedora, frisando: "Nunca o ministro me perguntou pelo processo." E acrescentou: "Fiquei magoada ao ver um partido que defende valores iguais aos que eu defendo não se preocupar com aquele processo". Instada sobre se chegou a perceber a razão daquele desinteresse, exclamou: "Percebi, mas não explico" Recorde-se que Catalina Pestana foi nomeada provedora em Dezembro de 2002 a convite de Bagão Félix, ministro do Trabalho e da Solidariedade, saindo depois de o PS ter chegado ao Governo.
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1907, foi fundado o Leixões Sport Clube.
Foram Presidentes do Clube os seguintes indivíduos:
Para além de Carlos Oliveiram actual Presidente do Clube, este teve como Presidentes, ao longo da sua história, as seguintes individualidades:
2004-José Manuel Queirós Dias da Fonseca
2000-José Manuel Araújo Teixeira
1997-Américo Jorge Jesus Branco
1994-Ramiro Gomes Patrício
1993-Henrique Eugénio Bento Araújo
1991-Américo Jorge Jesus Branco
1988-Manuel Duarte Cidade
1987-António Mário Magalhães dos Santos
1979-86-Ricardo Soares Peixinho
1978-Marinho Rodrigues Magina (6.7.78)
1978-Domingos Manuel de Moura Nascimento (5.1.78)
1977-Joaquim Delfim Pinto de Queirós (Comissão Directiva)
1976-Avelino da Silva Rocha Ribeiro
1975-Júlio Galante
1974-Avelino da Silva Rocha Ribeiro
1972-Vasco António C. M. Costa Almeida
1970-António Oliveira Brandão (Barroso)
1969-António Ramos Gouveia
1968-António Oliveira Brandão (Barroso)
1967-Alfredo Ferreira dos Santos
1966-António Ramos Gouveia
1965-Manuel João Aires
1964-Francisco Pereira de Oliveira (Mil-Homens)
1963-António Augusto Lopes
1962-Edison Passos Pinto de Magalhães
1960-António Augusto Gonçalves Costa Lages
1959-Aníbal Pinto Almeida
1958-António Augusto Gonçalves da Costa Lage
1957-Renato Severo Azevedo Costa
1954-Aníbal Pinto de Almeida
1951-Emidio Teixeira Carvalho
1950-Domingos Ferreira Pedra Luças
1949-Armando Garcia de Lima
1948-João Manuel Fernandes Ribeiro
1947-Edmundo Alves Ferreira
1946-António Luís Margarido Castilho
1945-Manuel Lopes Amorim
1943-Hernani Botelho Gomes
1941-42-Edmundo Alves Ferreira
1939-José Ferreira Magalhães
1938-Filinto Barbosa Júnior
1934-Edmundo Alves Ferreira
1932-Francisco Marques Reis
1931-Manuel Ventura Reis Costa Braga (Comissão Administrativa)
1930-Augusto Baltazar Ribeiro
1922 e 24-José Bernardo Pires
1920-Artur Nugent Júnior
1918-Américo Lemos Pacheco
1910-Hermann Furbringer
1908-António Costa
Foram Presidentes do Clube os seguintes indivíduos:
Para além de Carlos Oliveiram actual Presidente do Clube, este teve como Presidentes, ao longo da sua história, as seguintes individualidades:
2004-José Manuel Queirós Dias da Fonseca
2000-José Manuel Araújo Teixeira
1997-Américo Jorge Jesus Branco
1994-Ramiro Gomes Patrício
1993-Henrique Eugénio Bento Araújo
1991-Américo Jorge Jesus Branco
1988-Manuel Duarte Cidade
1987-António Mário Magalhães dos Santos
1979-86-Ricardo Soares Peixinho
1978-Marinho Rodrigues Magina (6.7.78)
1978-Domingos Manuel de Moura Nascimento (5.1.78)
1977-Joaquim Delfim Pinto de Queirós (Comissão Directiva)
1976-Avelino da Silva Rocha Ribeiro
1975-Júlio Galante
1974-Avelino da Silva Rocha Ribeiro
1972-Vasco António C. M. Costa Almeida
1970-António Oliveira Brandão (Barroso)
1969-António Ramos Gouveia
1968-António Oliveira Brandão (Barroso)
1967-Alfredo Ferreira dos Santos
1966-António Ramos Gouveia
1965-Manuel João Aires
1964-Francisco Pereira de Oliveira (Mil-Homens)
1963-António Augusto Lopes
1962-Edison Passos Pinto de Magalhães
1960-António Augusto Gonçalves Costa Lages
1959-Aníbal Pinto Almeida
1958-António Augusto Gonçalves da Costa Lage
1957-Renato Severo Azevedo Costa
1954-Aníbal Pinto de Almeida
1951-Emidio Teixeira Carvalho
1950-Domingos Ferreira Pedra Luças
1949-Armando Garcia de Lima
1948-João Manuel Fernandes Ribeiro
1947-Edmundo Alves Ferreira
1946-António Luís Margarido Castilho
1945-Manuel Lopes Amorim
1943-Hernani Botelho Gomes
1941-42-Edmundo Alves Ferreira
1939-José Ferreira Magalhães
1938-Filinto Barbosa Júnior
1934-Edmundo Alves Ferreira
1932-Francisco Marques Reis
1931-Manuel Ventura Reis Costa Braga (Comissão Administrativa)
1930-Augusto Baltazar Ribeiro
1922 e 24-José Bernardo Pires
1920-Artur Nugent Júnior
1918-Américo Lemos Pacheco
1910-Hermann Furbringer
1908-António Costa
27.11.09
FRASE(s) DO DIA
"Ser deputado é ser deputado, não é ser deputado em part-time. Para isso existiam ou existem as Câmaras dos Lordes, mas nós somos um parlamento democrático."
Jaime Gama, Presidente da AR (sobre o regulamento das faltas dos deputados) - PÚBLICO - 27/11/2009
***
"Não somos nenhum grupo excursionista."
José Lello, deputado socialista (sobre o mesmo regulamento) - PÚBLICO - 27/11/2009
***
"Não aceito essa directiva, porque não é da competência do presidente da Assembleia da República."
Marcos de Sá, deputado socialista (sobre o mesmo regulamento) - PÚBLICO - 27/11/2009
***
Que má ideia teve o senhor Presidente da Assembleia da República, essa de querer disciplinar as faltas dos deputados!... Deixe-se de ser rigoroso, senhor Presidente Jaime Gama, e mande lá pagar o ordenado por inteiro e as ajudas de custo e as viagens e o mais que for exigido! Os deputados já se esforçam tanto pelo país!... Além disso, quanto mais assíduos eles forem mais serão as asneiras que fazem! Pedimos-lhe encarecidamente que os deixe faltar à vontade...
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
Funcionário do Ministério da Educação gravou conversa informal entre jornalistas sem autorização.
Um funcionário do Ministério da Educação gravou ontem uma conversa informal entre jornalistas que ali esperavam por declarações do Secretário de Estado, sem que disso tivesse dado conta aos presentes. Interpelado sobre a razão de ser daquela gravação, respondeu apenas que usava “ as mesmas armas” dos jornalistas. O Ministério desvaloriza e afirma que a intenção era gravar uma declaração do secretário de Estado que acabou depois por não acontecer.Miguel Madeira
O episódio passou-se numa sala destinada a conferências de imprensa
O episódio aconteceu ontem, na sala usada para as conferências de imprensa do Ministério da Educação, enquanto decorria a ronda negocial com os vários sindicatos do ensino sobre o estatuto da carreira docente.
Enquanto os jornalistas esperavam pela saída gradual dos sindicatos, para recolher declarações, e por uma conversa, final, com o secretário de Estado, que acabaria por não acontecer, passaram-se muitas horas, passou mesmo o dia inteiro.
Para matar as horas, ocorreram muitas conversas, sobre muitos assuntos, totalmente informais, entre colegas de trabalho. Falou-se de actualidade, nomeadamente sobre o processo Face Oculta. E falou-se de escutas, contam os presentes.
Foi então que “um senhor de fato e gravata” entrou na sala onde estavam os jornalistas. Sem cumprimentar ninguém, colocou um gravador “do tamanho de um isqueiro” entre os microfones e gravadores dos jornalistas que por ali esperavam desligados. E saiu. Pensou-se que a ministra, ou o secretário de Estado viriam nos segundos seguintes falar. Mas nada se passou.
In PÚBLICO - 27/11/2009
Um funcionário do Ministério da Educação gravou ontem uma conversa informal entre jornalistas que ali esperavam por declarações do Secretário de Estado, sem que disso tivesse dado conta aos presentes. Interpelado sobre a razão de ser daquela gravação, respondeu apenas que usava “ as mesmas armas” dos jornalistas. O Ministério desvaloriza e afirma que a intenção era gravar uma declaração do secretário de Estado que acabou depois por não acontecer.Miguel Madeira
O episódio passou-se numa sala destinada a conferências de imprensa
O episódio aconteceu ontem, na sala usada para as conferências de imprensa do Ministério da Educação, enquanto decorria a ronda negocial com os vários sindicatos do ensino sobre o estatuto da carreira docente.
Enquanto os jornalistas esperavam pela saída gradual dos sindicatos, para recolher declarações, e por uma conversa, final, com o secretário de Estado, que acabaria por não acontecer, passaram-se muitas horas, passou mesmo o dia inteiro.
Para matar as horas, ocorreram muitas conversas, sobre muitos assuntos, totalmente informais, entre colegas de trabalho. Falou-se de actualidade, nomeadamente sobre o processo Face Oculta. E falou-se de escutas, contam os presentes.
Foi então que “um senhor de fato e gravata” entrou na sala onde estavam os jornalistas. Sem cumprimentar ninguém, colocou um gravador “do tamanho de um isqueiro” entre os microfones e gravadores dos jornalistas que por ali esperavam desligados. E saiu. Pensou-se que a ministra, ou o secretário de Estado viriam nos segundos seguintes falar. Mas nada se passou.
In PÚBLICO - 27/11/2009
CRÓNICA DA SEMANA - II
ESPERANÇA
Precisa-se. Como de pão para a boca. Urgentemente. Estamos como o náufrago no meio do oceano. Não vemos nada até aonde a vista alcança. E a última tábua a que nos agarramos é a possibilidade de ver um navio surgir na linha do horizonte.
Olhamos o desemprego. A crescer a olhos vistos. E falam-nos as notícias de que, recuperação, só lá para depois de 2014. Isto é, daqui por cinco anos. Só um crescimento económico superior a 2,5% inverterá a situação de modo sustentado. Isto é, é preciso passarmos da nossa recessãozinha de decréscimo, de 2,7% este ano (na melhor das hipóteses), para um crescimento de 2,5%. Cinco pontos percentuais, a recuperar nos próximos cinco anos. Isto é, mais ou menos 1% ao ano. Parece pouco. Parece ser de molde a dar-nos esperança. O problema é que, até chegarmos a essa quase mítica situação, o desemprego continuará a aumentar. A caminho do milhão de desempregados. E cada desempregado que criamos trava a marcha em direcção à tal recuperação de 1% ao ano. Recordo que já vivemos, no passado mais ou menos recente, uma situação parecida. Andávamos lá pelos finais dos anos setenta. Com o FMI dentro de casa, por via das dúvidas de que pudéssemos ser viáveis. Na altura, encontrámos uma solução. Foi relativamente simples. Dar uma casa a todos os portugueses. Mobilizaram-se os bancos. Mobilizaram-se os terrenos. Fizeram-se projectos. Arranjou-se crédito fácil. E os Portugueses alinharam na ideia. Desatamos a comprar a nossa casa. E construíram-se muitas casas. E houve trabalho para todos. Hoje, os Portugueses já têm casa. Acontece mesmo que estão a perdê-la. Vamos lá mobilizar as ideias. Que é que podemos produzir para os Portugueses comprarem? Chego a pensar – eu que sou contra elas - que as grandes obras (TGV, aeroporto, mais estradas) podem ser a solução. Serão? Com dinheiro emprestado, claro, que “eles” não o têm. E se encontrarmos a ideia talvez possamos ver o tal navio no horizonte. Em lugar de ficar a ver navios.
Para minorar os estragos da situação ao nível do emprego, o Estado mobiliza o que tem e o que não tem. Os apoios sociais têm sido razoáveis. A um preço de que só nos aperceberemos aí para a frente. O Estado tem um défice financeiro astronómico. E quem não embolsa o suficiente para o que gasta fica a dever. Mantenhamos a perspectiva correcta. O Estado somos todos nós, Isto é, ficamos a dever. E quem fica a dever tem que pagar, mais tarde ou mais cedo. Já nem falo nas imposições da Europa. Embora elas possam vir a perturbar muito a nossa vida, num futuro próximo. Falo na situação da tesouraria. Espaço para mais impostos parece não haver. Pelo menos até ao tal longínquo ano de 2014. Será que temos que apelar ao patriotismo dos que ainda podem e consolidar uma dívida de todos, a muito longo prazo? Uma espécie de suprimentos feitos à sociedade de todos nós? Algo que sirva de balão de oxigénio para aguentar o doente até que o diagnóstico esteja bem feito, a medicação escolhida e a saúde recuperada?
Era capaz de não ser má ideia. Se para isso tivéssemos confiança em quem administra. Isto é, sem confiança não vamos lá. E para que tenhamos confiança é preciso que haja – como acaba de dizer Manuel Alegre – decência. Ora aí está algo difícil. Porque a decência é como a inocência. Uma vez perdida, nem na secção de Achados da Carris se encontra. Leitor amigo desta coluna acaba de me sugerir uma ideia que tem tanto de ingénua como de oportuna. Se calhar, precisamos de atacar os nossos males colectivos com alguma ingenuidade porque, com sabedoria e experiência, viemos até onde estamos. Diz ele que devíamos ter uma lista pública de “gente em quem confiamos”. Ele tem já concebido o modo de fazer. Eu vislumbro uma grande lista de gente pública – assim do género da que o Ministro das Finanças fez para os devedores ao Fisco, com página na Internet e tudo – em quem os Portugueses votariam segundo uma escala de confiança que lhes merecem. Assim a modos daquelas votações que as revistas de fofocas fazem para eleger o mais elegante ou o mais sexy. Só que, desta vez, 0para algo sério e útil. Nós votaríamos no mais confiável. Seria uma boa fonte de consulta para governantes, autarcas, administradores de empresas públicas, etc.. É capaz de ser uma boa ideia. Que pensa o meu Caro Leitor? Estaria disponível para gastar um minuto da sua vida para nos dizer o que pensa?
Reconheço que a ideia do nosso Leitor e Amigo está carregadinha de ingenuidade. Mas é uma ideia de quem ainda não perdeu de todo a esperança. Esperança de que, no universo público, há ainda gente em quem podemos confiar. Esperança de que os Partidos, designadamente os que ocupam transitoriamente a cadeira do Poder, são capazes de desafiar as clientelas respectivas e procurar, para o trabalho que é preciso fazer, aqueles que merecem a confiança do Povo. Esperança de que a Democracia é algo que vai para além do voto em eleições. Três esperanças que têm razão de ser. Porque, seguramente, há ainda, no país, gente em quem podemos confiar. Porque, apesar de tudo, os Partidos conheceriam a imagem pública daqueles que pretendem nomear para cargos públicos e, por tabela, conheceriam os efeitos, sobre a sua própria imagem, das designações que fazem. Porque, efectivamente, a Democracia é, tem que ser, mais do que um voto.
Julgo saber o que está a pensar o meu Leitor de hoje. Que não vale a pena. Que, quando vemos os tratos de polé que leva a nossa réstia de confiança, oriundos daqueles que tudo deviam fazer para não deixar apagar a ténue chama da nossa esperança – incluindo a clara e destemida revelação de factos que se diz serem anódinos mas que por aí se desconfia que o não sejam – já nada mais há a fazer. Mas essa é uma atitude errada. Porque equivale à assinatura da nossa sentença de suicídio. Colectivo. Devemos ter, apesar de tudo, a certeza de que, com o tempo, não haverá lugar para os bufões que pululam na nossa sociedade. Para os devedores de promessas. Para os contadores de histórias. Para os oportunistas. Para os vigaristas. Para os corruptos. Para os mentirosos. Todos eles serão, com o tempo, varridos para o balde do lixo social. Temos que acreditar nisso. Mais, temos que fazer força para que assim seja. Somos useiros e vezeiros a afirmar que temos que deixar para os nossos filhos, pelo menos, aquilo que os nossos pais nos deixaram. Referimo-nos sempre ao ambiente físico. É preciso que tal se aplique, também, ao ambiente moral.
É por isso que o meu escrito de hoje leva este tom. De esperança. Da esperança de que carecemos mais do que pão para a boca, nesta hora de dificuldades. Com urgência. Mais do que nunca, não podemos deixar para amanhã aquilo que podemos – e devemos – fazer já hoje.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 26/11/2009
Precisa-se. Como de pão para a boca. Urgentemente. Estamos como o náufrago no meio do oceano. Não vemos nada até aonde a vista alcança. E a última tábua a que nos agarramos é a possibilidade de ver um navio surgir na linha do horizonte.
Olhamos o desemprego. A crescer a olhos vistos. E falam-nos as notícias de que, recuperação, só lá para depois de 2014. Isto é, daqui por cinco anos. Só um crescimento económico superior a 2,5% inverterá a situação de modo sustentado. Isto é, é preciso passarmos da nossa recessãozinha de decréscimo, de 2,7% este ano (na melhor das hipóteses), para um crescimento de 2,5%. Cinco pontos percentuais, a recuperar nos próximos cinco anos. Isto é, mais ou menos 1% ao ano. Parece pouco. Parece ser de molde a dar-nos esperança. O problema é que, até chegarmos a essa quase mítica situação, o desemprego continuará a aumentar. A caminho do milhão de desempregados. E cada desempregado que criamos trava a marcha em direcção à tal recuperação de 1% ao ano. Recordo que já vivemos, no passado mais ou menos recente, uma situação parecida. Andávamos lá pelos finais dos anos setenta. Com o FMI dentro de casa, por via das dúvidas de que pudéssemos ser viáveis. Na altura, encontrámos uma solução. Foi relativamente simples. Dar uma casa a todos os portugueses. Mobilizaram-se os bancos. Mobilizaram-se os terrenos. Fizeram-se projectos. Arranjou-se crédito fácil. E os Portugueses alinharam na ideia. Desatamos a comprar a nossa casa. E construíram-se muitas casas. E houve trabalho para todos. Hoje, os Portugueses já têm casa. Acontece mesmo que estão a perdê-la. Vamos lá mobilizar as ideias. Que é que podemos produzir para os Portugueses comprarem? Chego a pensar – eu que sou contra elas - que as grandes obras (TGV, aeroporto, mais estradas) podem ser a solução. Serão? Com dinheiro emprestado, claro, que “eles” não o têm. E se encontrarmos a ideia talvez possamos ver o tal navio no horizonte. Em lugar de ficar a ver navios.
Para minorar os estragos da situação ao nível do emprego, o Estado mobiliza o que tem e o que não tem. Os apoios sociais têm sido razoáveis. A um preço de que só nos aperceberemos aí para a frente. O Estado tem um défice financeiro astronómico. E quem não embolsa o suficiente para o que gasta fica a dever. Mantenhamos a perspectiva correcta. O Estado somos todos nós, Isto é, ficamos a dever. E quem fica a dever tem que pagar, mais tarde ou mais cedo. Já nem falo nas imposições da Europa. Embora elas possam vir a perturbar muito a nossa vida, num futuro próximo. Falo na situação da tesouraria. Espaço para mais impostos parece não haver. Pelo menos até ao tal longínquo ano de 2014. Será que temos que apelar ao patriotismo dos que ainda podem e consolidar uma dívida de todos, a muito longo prazo? Uma espécie de suprimentos feitos à sociedade de todos nós? Algo que sirva de balão de oxigénio para aguentar o doente até que o diagnóstico esteja bem feito, a medicação escolhida e a saúde recuperada?
Era capaz de não ser má ideia. Se para isso tivéssemos confiança em quem administra. Isto é, sem confiança não vamos lá. E para que tenhamos confiança é preciso que haja – como acaba de dizer Manuel Alegre – decência. Ora aí está algo difícil. Porque a decência é como a inocência. Uma vez perdida, nem na secção de Achados da Carris se encontra. Leitor amigo desta coluna acaba de me sugerir uma ideia que tem tanto de ingénua como de oportuna. Se calhar, precisamos de atacar os nossos males colectivos com alguma ingenuidade porque, com sabedoria e experiência, viemos até onde estamos. Diz ele que devíamos ter uma lista pública de “gente em quem confiamos”. Ele tem já concebido o modo de fazer. Eu vislumbro uma grande lista de gente pública – assim do género da que o Ministro das Finanças fez para os devedores ao Fisco, com página na Internet e tudo – em quem os Portugueses votariam segundo uma escala de confiança que lhes merecem. Assim a modos daquelas votações que as revistas de fofocas fazem para eleger o mais elegante ou o mais sexy. Só que, desta vez, 0para algo sério e útil. Nós votaríamos no mais confiável. Seria uma boa fonte de consulta para governantes, autarcas, administradores de empresas públicas, etc.. É capaz de ser uma boa ideia. Que pensa o meu Caro Leitor? Estaria disponível para gastar um minuto da sua vida para nos dizer o que pensa?
Reconheço que a ideia do nosso Leitor e Amigo está carregadinha de ingenuidade. Mas é uma ideia de quem ainda não perdeu de todo a esperança. Esperança de que, no universo público, há ainda gente em quem podemos confiar. Esperança de que os Partidos, designadamente os que ocupam transitoriamente a cadeira do Poder, são capazes de desafiar as clientelas respectivas e procurar, para o trabalho que é preciso fazer, aqueles que merecem a confiança do Povo. Esperança de que a Democracia é algo que vai para além do voto em eleições. Três esperanças que têm razão de ser. Porque, seguramente, há ainda, no país, gente em quem podemos confiar. Porque, apesar de tudo, os Partidos conheceriam a imagem pública daqueles que pretendem nomear para cargos públicos e, por tabela, conheceriam os efeitos, sobre a sua própria imagem, das designações que fazem. Porque, efectivamente, a Democracia é, tem que ser, mais do que um voto.
Julgo saber o que está a pensar o meu Leitor de hoje. Que não vale a pena. Que, quando vemos os tratos de polé que leva a nossa réstia de confiança, oriundos daqueles que tudo deviam fazer para não deixar apagar a ténue chama da nossa esperança – incluindo a clara e destemida revelação de factos que se diz serem anódinos mas que por aí se desconfia que o não sejam – já nada mais há a fazer. Mas essa é uma atitude errada. Porque equivale à assinatura da nossa sentença de suicídio. Colectivo. Devemos ter, apesar de tudo, a certeza de que, com o tempo, não haverá lugar para os bufões que pululam na nossa sociedade. Para os devedores de promessas. Para os contadores de histórias. Para os oportunistas. Para os vigaristas. Para os corruptos. Para os mentirosos. Todos eles serão, com o tempo, varridos para o balde do lixo social. Temos que acreditar nisso. Mais, temos que fazer força para que assim seja. Somos useiros e vezeiros a afirmar que temos que deixar para os nossos filhos, pelo menos, aquilo que os nossos pais nos deixaram. Referimo-nos sempre ao ambiente físico. É preciso que tal se aplique, também, ao ambiente moral.
É por isso que o meu escrito de hoje leva este tom. De esperança. Da esperança de que carecemos mais do que pão para a boca, nesta hora de dificuldades. Com urgência. Mais do que nunca, não podemos deixar para amanhã aquilo que podemos – e devemos – fazer já hoje.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 26/11/2009
EFEMÉRIDE DO DIA
26.11.09
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
18 273 idosos vítimas de crime
No âmbito dos crimes contra o património foi dos crimes com maior incidências em 2008. No total, as forças de segurança registaram 29 654 crimes.
Os crimes contra o património (furtos em residências, carros, motos e edifícios comerciais) representam a maior fatia da criminalidade participada, sendo aproximadamente 57% do total. Em 2008 registou-se um aumento de 29 214 participações. Destas, 74% dos casos derivaram de furtos a residências com arrombamento, escalamento e chaves falsas.
Através deste programa, a PSP, em 2008, registou 18 273 vítimas de crimes, com idade superior a 65 anos, sendo esse número, contudo, inferior ao do ano anterior.
No âmbito dos crimes contra o património foi dos crimes com maior incidências em 2008. No total, as forças de segurança registaram 29 654 crimes.
Os crimes contra o património (furtos em residências, carros, motos e edifícios comerciais) representam a maior fatia da criminalidade participada, sendo aproximadamente 57% do total. Em 2008 registou-se um aumento de 29 214 participações. Destas, 74% dos casos derivaram de furtos a residências com arrombamento, escalamento e chaves falsas.
Através deste programa, a PSP, em 2008, registou 18 273 vítimas de crimes, com idade superior a 65 anos, sendo esse número, contudo, inferior ao do ano anterior.
SARAMAGO - CAIM
Com a devida vénia, transcrevemos da folha.com.br (Brasil) o Ensaio Sobre o Fanatismo, de João Pereira Coutinho:
Em termos literários, a narrativa de “Caim” é pobre e, nas descrições sexuais, vulgar e risível.
O ATEÍSMO de Saramago faz lembrar uma história. Um dia perguntaram a Kingsley Amis por que motivo ele não acreditava em Deus. Amis fez cara de enfado e, razoavelmente sóbrio, explicou: “Não é bem não acreditar em Deus; é mais detestá-lO“.
Tal como Amis, Saramago não descrê em Deus; ele simplesmente detesta-O com uma força só comparável à devoção dos verdadeiramente fanáticos. Nos seus livros “heréticos”, o Mal não está apenas na religião tradicional e organizada. O Mal está na fonte. Leiam “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”: Deus é o vilão, não Jesus. Pelo contrário: Jesus só merece a empatia do autor, que descreve o destino daquele homem, condenado a sofrer às mãos do Pai, com verdadeira caridade “cristã”.
Deus, como sempre, é o supremo criminoso. A atitude é profundamente religiosa. E Saramago é, ironia, a criatura mais religiosa da literatura contemporânea. Não somos religiosos apenas porque amamos Deus. Somos religiosos até quando O detestamos: o nosso ódio, como Graham Greene mostrou no magistral “Fim de Caso”, é também uma forma de afirmação. De afirmação pela negação. “Eu sou o espírito que nega!”, exclama Mefistófeles ao dr. Fausto.
Saramago também. É por isso que Saramago e os fanáticos religiosos que ele tanto critica falam a mesma linguagem. Ainda que habitem pontos opostos do diálogo. Essa atitude está novamente presente no último romance, “Caim“. Em termos literários, a narrativa é pobre e, sobretudo nas descrições sexuais, vulgar e risível. Razão tinha o escritor português Francisco José Viegas quando dizia há tempos que os lusos trepavam mal na literatura.
“Caim” revisita a história bíblica do irmão que mata o irmão. Por inveja? Por maldade? Saramago tem uma opinião diferente: porque Deus é caprichoso e, aceitando as ofertas de Abel, recusa as de Caim.
O Deus de Saramago é assim: uma caricatura das divindades pagãs. É um Deus colérico, mesquinho, traiçoeiro, cruel. E, em matéria de onipotência e onisciência, uma verdadeira anedota: ele não pode tudo, ele não sabe tudo. Ele é deus, sim, mas com minúscula. Ou, nas palavras do autor, um “filho da puta”.
Esse rol de vícios é desfiado em “Caim” com uma infantilidade raramente vista na literatura. Depois de matar Abel por culpa exclusiva do divino, o inocente Caim vai viajando pelo Antigo Testamento como testemunha dos crimes de Deus.
Os episódios são escolhidos com precisão cirúrgica: temos o sacrifício de Isaac por Abraão, evitado “in extremis” por Caim, prova definitiva de que Caim é bom e Deus é mau. Tão mau que, por ciúmes, destrói a Torre de Babel; permite a crueldade infanticida em Sodoma e Gomorra; tortura Job; e submerge o mundo no episódio da arca de Noé, momento final que permitirá a Caim exterminar as criaturas e confrontar-se diretamente com o Criador.
Para Saramago, Caim é uma espécie de bolchevique “avant la lettre“, um terrorista disposto a combater e a sabotar um sistema absurdo e demencial. Uma visão dessas só é possível na cabeça maniqueísta de um fanático.
Mas Saramago não assume apenas as vestes do fanatismo ateu. Ele partilha com os fanáticos religiosos o mesmo tipo de interpretação literalista dos textos sacros, incapaz de ver neles qualquer dimensão alegórica, metafórica ou evolutiva. Disse “evolutiva”? Reafirmo. O Antigo Testamento só será compreensível se o lermos como um todo. Porque só a leitura do todo permite cartografar a evolução da própria ideia de Deus: um longo processo de composição milenar que, sobretudo com as contribuições dos grandes profetas entre os séculos 6 e 8 a.C., oferece uma visão do divino que é o oposto da visão iletrada, maniqueísta e literalista de Saramago. Uma visão que seria complementada pelo Novo Testamento.
E Caim? Um mero executor de um crime autorizado e até precipitado por Deus? Não vale a pena tentar explicar que é impossível discutir Caim sem discutir primeiro o arcano problema do Mal. Mas é possível dizer que o problema do Mal é indissociável da liberdade constitutiva dos homens.
Para Saramago, o livre-arbítrio não existe. O que existe é a velha visão determinista que apresenta os homens como meros joguetes das forças inexoráveis da história. E, como joguetes, obviamente absolvidos de qualquer ato ou crime.
Enganam-se aqueles que afirmam que a ideologia política de Saramago deve ser separada da sua criação literária. Em Saramago, ideologia e literatura cumprem o mesmo papel. Doutrinar.
Em termos literários, a narrativa de “Caim” é pobre e, nas descrições sexuais, vulgar e risível.
O ATEÍSMO de Saramago faz lembrar uma história. Um dia perguntaram a Kingsley Amis por que motivo ele não acreditava em Deus. Amis fez cara de enfado e, razoavelmente sóbrio, explicou: “Não é bem não acreditar em Deus; é mais detestá-lO“.
Tal como Amis, Saramago não descrê em Deus; ele simplesmente detesta-O com uma força só comparável à devoção dos verdadeiramente fanáticos. Nos seus livros “heréticos”, o Mal não está apenas na religião tradicional e organizada. O Mal está na fonte. Leiam “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”: Deus é o vilão, não Jesus. Pelo contrário: Jesus só merece a empatia do autor, que descreve o destino daquele homem, condenado a sofrer às mãos do Pai, com verdadeira caridade “cristã”.
Deus, como sempre, é o supremo criminoso. A atitude é profundamente religiosa. E Saramago é, ironia, a criatura mais religiosa da literatura contemporânea. Não somos religiosos apenas porque amamos Deus. Somos religiosos até quando O detestamos: o nosso ódio, como Graham Greene mostrou no magistral “Fim de Caso”, é também uma forma de afirmação. De afirmação pela negação. “Eu sou o espírito que nega!”, exclama Mefistófeles ao dr. Fausto.
Saramago também. É por isso que Saramago e os fanáticos religiosos que ele tanto critica falam a mesma linguagem. Ainda que habitem pontos opostos do diálogo. Essa atitude está novamente presente no último romance, “Caim“. Em termos literários, a narrativa é pobre e, sobretudo nas descrições sexuais, vulgar e risível. Razão tinha o escritor português Francisco José Viegas quando dizia há tempos que os lusos trepavam mal na literatura.
“Caim” revisita a história bíblica do irmão que mata o irmão. Por inveja? Por maldade? Saramago tem uma opinião diferente: porque Deus é caprichoso e, aceitando as ofertas de Abel, recusa as de Caim.
O Deus de Saramago é assim: uma caricatura das divindades pagãs. É um Deus colérico, mesquinho, traiçoeiro, cruel. E, em matéria de onipotência e onisciência, uma verdadeira anedota: ele não pode tudo, ele não sabe tudo. Ele é deus, sim, mas com minúscula. Ou, nas palavras do autor, um “filho da puta”.
Esse rol de vícios é desfiado em “Caim” com uma infantilidade raramente vista na literatura. Depois de matar Abel por culpa exclusiva do divino, o inocente Caim vai viajando pelo Antigo Testamento como testemunha dos crimes de Deus.
Os episódios são escolhidos com precisão cirúrgica: temos o sacrifício de Isaac por Abraão, evitado “in extremis” por Caim, prova definitiva de que Caim é bom e Deus é mau. Tão mau que, por ciúmes, destrói a Torre de Babel; permite a crueldade infanticida em Sodoma e Gomorra; tortura Job; e submerge o mundo no episódio da arca de Noé, momento final que permitirá a Caim exterminar as criaturas e confrontar-se diretamente com o Criador.
Para Saramago, Caim é uma espécie de bolchevique “avant la lettre“, um terrorista disposto a combater e a sabotar um sistema absurdo e demencial. Uma visão dessas só é possível na cabeça maniqueísta de um fanático.
Mas Saramago não assume apenas as vestes do fanatismo ateu. Ele partilha com os fanáticos religiosos o mesmo tipo de interpretação literalista dos textos sacros, incapaz de ver neles qualquer dimensão alegórica, metafórica ou evolutiva. Disse “evolutiva”? Reafirmo. O Antigo Testamento só será compreensível se o lermos como um todo. Porque só a leitura do todo permite cartografar a evolução da própria ideia de Deus: um longo processo de composição milenar que, sobretudo com as contribuições dos grandes profetas entre os séculos 6 e 8 a.C., oferece uma visão do divino que é o oposto da visão iletrada, maniqueísta e literalista de Saramago. Uma visão que seria complementada pelo Novo Testamento.
E Caim? Um mero executor de um crime autorizado e até precipitado por Deus? Não vale a pena tentar explicar que é impossível discutir Caim sem discutir primeiro o arcano problema do Mal. Mas é possível dizer que o problema do Mal é indissociável da liberdade constitutiva dos homens.
Para Saramago, o livre-arbítrio não existe. O que existe é a velha visão determinista que apresenta os homens como meros joguetes das forças inexoráveis da história. E, como joguetes, obviamente absolvidos de qualquer ato ou crime.
Enganam-se aqueles que afirmam que a ideologia política de Saramago deve ser separada da sua criação literária. Em Saramago, ideologia e literatura cumprem o mesmo papel. Doutrinar.
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1922, foi aberto o túmulo do faraó egípcio Tuthankamon, falecido aos 19 anos.
Devido ao fato de ter falecido tão novo, o seu túmulo não foi tão suntuoso quanto o de outros faraós, mas mesmo assim é o que mais fascina a imaginação moderna pois foi uma das raras sepulturas reais encontradas quase intacta. Ao ser aberta, em 1922, ela ainda continha peças de ouro, tecidos, mobília, armas e textos sagrados que revelam muito sobre o Egipto de 3400 anos atrás.
Devido ao fato de ter falecido tão novo, o seu túmulo não foi tão suntuoso quanto o de outros faraós, mas mesmo assim é o que mais fascina a imaginação moderna pois foi uma das raras sepulturas reais encontradas quase intacta. Ao ser aberta, em 1922, ela ainda continha peças de ouro, tecidos, mobília, armas e textos sagrados que revelam muito sobre o Egipto de 3400 anos atrás.
25.11.09
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
EFEMÉRIDE DO DIA
24.11.09
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
Uma lista extensa de mulheres que perderam a vida às mãos deles
Maria Graça Fonseca, 82 anos
Quinta da Atalaia, Covilhã, um homem de 77 anos matou a sua companheira à facada.
Conceição Cardoso, 47 anos
Baleada mortalmente pelo marido em Alvélos, Barcelos, no seguimento de discussões de ordem profissional.
Tânia Moreira, 30 anos
Morta a tiro pelo companheiro, um guarda prisional, de 44 anos, com a sua arma de serviço, em São Julião do Total, Loures. Foi também vítima o ex-marido da mulher baleada. Tudo terá acontecido quando o homicida chegou a casa e viu a companheira com o ex-marido.
Maria Manuela Reis Antunes Margarido, 49 anos
Esfaqueada até à morte pelo ex-marido, de 53 anos, dentro do seu carro, quando se preparava para ir trabalhar. O crime teve lugar em Casais de Arega, Figueiró dos Vinhos.
Sandra Neves, 36 anos
Esfaqueada mortalmente em Pouco do Mouro, Setúbal, pelo companheiro de 43 anos. Ciúmes doentios poderão ter estado na origem do crime.
Sara Tavares, 26 anos
Morta em Portimão pelo marido, de 24 anos, com uma faca. O crime terá sido provocado por um desentendimento entre marido e mulher, quando esta não quis ir passar o dia a casa da sogra.
Laura Jorge Andrade, 42 anos
Morta a tiro pelo marido em Frazão, Paços de Ferreira. Desavenças conjugais que já vinham a agravar-se devem ter estado na origem do crime.
Marília Madeira, 36 anos
Baleada mortalmente pelo companheiro de 36 anos em A do Neves, Almodôvar. Uma espingarda terá sido a arma usada neste crime de natureza passional.
Deolinda Rodrigues, 36 anos
Morta com uma caçadeira de canos serrados pelo companheiro de 47 anos em Silves, Faro. Estavam separados há duas semanas.
Vítima desconhecida, 41 anos
Uma mulher de 41 anos foi mortalmente estrangulada em Raposeira, Chaves, pelo marido, de origem senegalesa. Por detrás deste crime terão estado razões passionais.
Maria Alice S., 61 anos
Vivia em Moitelas, Sobral de Monte Agraço e foi vítima de um tiro de caçadeira disparado pelo marido de 63 anos que se enforcou após o crime.
Cláudia Barreira, 37 anos
Tinha-se separado há cinco meses quando foi alvo de três tiros disparados pelo marido. O crime ocorreu em Vila Pouca de Aguiar.
Liliana, 36 anos
Não conseguiu evitar que o seu ex-companheiro a encontrasse e a assassinasse na casa dos pais, em Donelo, Sabrosa. A vítima foi morta a tiro e deixou órfãs quatro crianças.
Otília Farinha, 45 anos
Já tinha apresentado várias queixas contra o marido, quando o mesmo a assassinou com uma arma de fogo e se suicidou. O processo de divórcio terá estado na origem deste crime em Arco da Calheta, na ilha da Madeira.
Sandra Pereira, 23 anos
Foi assassinada no posto de trabalho com um machado pelo ex-companheiro, de 26 anos, em Chão Duro, na Moita. O que terá causado o crime foi a discordância pela custódia dos filhos.
Vítima desconhecida, 21 anos
Morreu ao ser atingida por vários golpes com uma arma branca, pelo namorado de 22 anos, na ilha de São Miguel, nos Açores.
Vítima desconhecida, 21 anos
Jovem foi degolada pelo ex-namorado em Ponta Delgada. O assassino "ajudou a procurar a vítima" após efectuar o crime.
Linda Cossa, 37 anos
Já tinha apresentado várias queixas contra o seu ex-companheiro, mas não foram suficientes para evitar que o homem, de 50 anos, a assassinasse com um machado na Rua da Cidade de Almada, no Seixal.
Helena Preto, 42 anos
Vivia em Lardosa, no concelho de Castelo Branco, quando o marido, guarda nacional republicano, a assassinou com uma pistola e suicidou-se.
Sandra Ruela, 39 anos
Foi morta com um tiro na cabeça pelo companheiro, de 42 anos, agente da PSP. A relação conflituosa entre o casal era conhecida dos vizinhos, em Belas, Sintra.
Margarida Sá Marques, 36 anos
Esfaqueada pelo companheiro de 50 anos. A esquadra de Mirandela conhecia os relatos de violência doméstica entre o casal.
Sandra Pontes, 23 anos
Violada e esfaqueada até à morte juntamente com a amiga Marinela Virgínio, em Rio de Mouro, Sintra. O autor do crime foi o ex-companheiro de Sandra Pontes.
Carla Martins, 28 anos
Assassinada à facada pelo ex-namorado, em Juncal do Campo, no concelho de Castelo Branco. O ex-namorado já a tinha ameaçado e agredido.
Joana Fulgêncio, 20 anos
Encontrada morta no carro do namorado de 22 anos, com um saco de plástico na cabeça. O rapaz terá simulado um sequestro para encobrir o assassinato.
Maria Duarte, 36 anos
Abatida a tiro ontem pelo ex-companheiro, em Santarém.
In PÚBLICO - 24/11/2009
Maria Graça Fonseca, 82 anos
Quinta da Atalaia, Covilhã, um homem de 77 anos matou a sua companheira à facada.
Conceição Cardoso, 47 anos
Baleada mortalmente pelo marido em Alvélos, Barcelos, no seguimento de discussões de ordem profissional.
Tânia Moreira, 30 anos
Morta a tiro pelo companheiro, um guarda prisional, de 44 anos, com a sua arma de serviço, em São Julião do Total, Loures. Foi também vítima o ex-marido da mulher baleada. Tudo terá acontecido quando o homicida chegou a casa e viu a companheira com o ex-marido.
Maria Manuela Reis Antunes Margarido, 49 anos
Esfaqueada até à morte pelo ex-marido, de 53 anos, dentro do seu carro, quando se preparava para ir trabalhar. O crime teve lugar em Casais de Arega, Figueiró dos Vinhos.
Sandra Neves, 36 anos
Esfaqueada mortalmente em Pouco do Mouro, Setúbal, pelo companheiro de 43 anos. Ciúmes doentios poderão ter estado na origem do crime.
Sara Tavares, 26 anos
Morta em Portimão pelo marido, de 24 anos, com uma faca. O crime terá sido provocado por um desentendimento entre marido e mulher, quando esta não quis ir passar o dia a casa da sogra.
Laura Jorge Andrade, 42 anos
Morta a tiro pelo marido em Frazão, Paços de Ferreira. Desavenças conjugais que já vinham a agravar-se devem ter estado na origem do crime.
Marília Madeira, 36 anos
Baleada mortalmente pelo companheiro de 36 anos em A do Neves, Almodôvar. Uma espingarda terá sido a arma usada neste crime de natureza passional.
Deolinda Rodrigues, 36 anos
Morta com uma caçadeira de canos serrados pelo companheiro de 47 anos em Silves, Faro. Estavam separados há duas semanas.
Vítima desconhecida, 41 anos
Uma mulher de 41 anos foi mortalmente estrangulada em Raposeira, Chaves, pelo marido, de origem senegalesa. Por detrás deste crime terão estado razões passionais.
Maria Alice S., 61 anos
Vivia em Moitelas, Sobral de Monte Agraço e foi vítima de um tiro de caçadeira disparado pelo marido de 63 anos que se enforcou após o crime.
Cláudia Barreira, 37 anos
Tinha-se separado há cinco meses quando foi alvo de três tiros disparados pelo marido. O crime ocorreu em Vila Pouca de Aguiar.
Liliana, 36 anos
Não conseguiu evitar que o seu ex-companheiro a encontrasse e a assassinasse na casa dos pais, em Donelo, Sabrosa. A vítima foi morta a tiro e deixou órfãs quatro crianças.
Otília Farinha, 45 anos
Já tinha apresentado várias queixas contra o marido, quando o mesmo a assassinou com uma arma de fogo e se suicidou. O processo de divórcio terá estado na origem deste crime em Arco da Calheta, na ilha da Madeira.
Sandra Pereira, 23 anos
Foi assassinada no posto de trabalho com um machado pelo ex-companheiro, de 26 anos, em Chão Duro, na Moita. O que terá causado o crime foi a discordância pela custódia dos filhos.
Vítima desconhecida, 21 anos
Morreu ao ser atingida por vários golpes com uma arma branca, pelo namorado de 22 anos, na ilha de São Miguel, nos Açores.
Vítima desconhecida, 21 anos
Jovem foi degolada pelo ex-namorado em Ponta Delgada. O assassino "ajudou a procurar a vítima" após efectuar o crime.
Linda Cossa, 37 anos
Já tinha apresentado várias queixas contra o seu ex-companheiro, mas não foram suficientes para evitar que o homem, de 50 anos, a assassinasse com um machado na Rua da Cidade de Almada, no Seixal.
Helena Preto, 42 anos
Vivia em Lardosa, no concelho de Castelo Branco, quando o marido, guarda nacional republicano, a assassinou com uma pistola e suicidou-se.
Sandra Ruela, 39 anos
Foi morta com um tiro na cabeça pelo companheiro, de 42 anos, agente da PSP. A relação conflituosa entre o casal era conhecida dos vizinhos, em Belas, Sintra.
Margarida Sá Marques, 36 anos
Esfaqueada pelo companheiro de 50 anos. A esquadra de Mirandela conhecia os relatos de violência doméstica entre o casal.
Sandra Pontes, 23 anos
Violada e esfaqueada até à morte juntamente com a amiga Marinela Virgínio, em Rio de Mouro, Sintra. O autor do crime foi o ex-companheiro de Sandra Pontes.
Carla Martins, 28 anos
Assassinada à facada pelo ex-namorado, em Juncal do Campo, no concelho de Castelo Branco. O ex-namorado já a tinha ameaçado e agredido.
Joana Fulgêncio, 20 anos
Encontrada morta no carro do namorado de 22 anos, com um saco de plástico na cabeça. O rapaz terá simulado um sequestro para encobrir o assassinato.
Maria Duarte, 36 anos
Abatida a tiro ontem pelo ex-companheiro, em Santarém.
In PÚBLICO - 24/11/2009
CRÓNICA DA SEMANA - I
RUMO AO FUNDO
As notícias vinham lado a lado, num jornal diário. E davam conta de como o Partido Social Democrata se vai afundando no lodaçal das capelinhas, em que o que conta é o feudo que cada um vai conseguindo arranjar para si e não os interesses da colectividade que o Partido devia servir.
A primeira das notícias dava conta de que a secção concelhia de Matosinhos havia escolhido, para dirigi-la, um militante que costuma aparecer apenas quando há eleições. E, pior do que isso, alguém desejoso de cavar um fosso entre os dirigentes municipais e os autarcas recentemente eleitos. O que parece ser triste sina do PSD em Matosinhos. Mal umas eleições passam, as primeiras censuras que se ouvem são para os eleitos do Partido. E, o que é ainda pior sinal, constou que houve anúncios de cancelamento e des-cancelamento das eleições até à véspera da sua realização, com vários militantes a terem por endereço ou o do Partido ou o de algum dirigente. Numa confusão que não dignifica o Partido nem quem se propõe conduzi-lo. A ética e o patriotismo, que costumavam ser timbre do PSD, parecem ter nele sido enterradas bem fundo. Não admira que a adesão de militantes ao acto eleitoral tenha sido tão escassa – cerca de 250 militantes. Isto, apesar de um conhecido autarca do Partido em Matosinhos ter afirmado que “estas eleições em Matosinhos tiveram uma concorrência recorde”. Só mesmo por desconhecimento. Porque noutras – em que participou também Rosário Loio – houve quase meio milhar de votos, isto é, mais ou menos o dobro.
A segunda notícia era mais grave. Dizia ela que o responsável distrital do Porto do PSD, Marco António Costa, não excluía candidatar-se a líder nacional do PSD. O que é, obviamente, um nítido caso de sapateiro que vai além da chinela. Não reparando que, ao exprimir tal opinião, porventura guiado pelo desejo de fazer ganhar força à estrutura que ele próprio dirige, desprestigia o acto que vai ter lugar no PSD, com a eleição de um novo líder, e, por isso mesmo, desprestigia o próprio Partido aos olhos daqueles a quem nada dizem, naturalmente, as lutas de galos ou de garnizés que se verifiquem no Partido.
Naturalmente, quem sai pelo fundo com atitudes como as descritas, é o PSD. E é importante que se diga que a culpa de tudo isto pertence aos próprios militantes. São eles que escolhem quem os dirige. São eles que indicam quem é que representa o Partido perante a legião imensa dos que não têm Partido. Os tais que acabam por decidir quem é que conduz o país, tanto a nível central como local. E, se os militantes continuarem a escolher mal, o PSD não tardará a estar reduzido à dimensão de um partido marginal, não sendo de admirar que venha mesmo a ser ultrapassado pelo CDS/PP e pelo Bloco de Esquerda.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 23/11/2009
As notícias vinham lado a lado, num jornal diário. E davam conta de como o Partido Social Democrata se vai afundando no lodaçal das capelinhas, em que o que conta é o feudo que cada um vai conseguindo arranjar para si e não os interesses da colectividade que o Partido devia servir.
A primeira das notícias dava conta de que a secção concelhia de Matosinhos havia escolhido, para dirigi-la, um militante que costuma aparecer apenas quando há eleições. E, pior do que isso, alguém desejoso de cavar um fosso entre os dirigentes municipais e os autarcas recentemente eleitos. O que parece ser triste sina do PSD em Matosinhos. Mal umas eleições passam, as primeiras censuras que se ouvem são para os eleitos do Partido. E, o que é ainda pior sinal, constou que houve anúncios de cancelamento e des-cancelamento das eleições até à véspera da sua realização, com vários militantes a terem por endereço ou o do Partido ou o de algum dirigente. Numa confusão que não dignifica o Partido nem quem se propõe conduzi-lo. A ética e o patriotismo, que costumavam ser timbre do PSD, parecem ter nele sido enterradas bem fundo. Não admira que a adesão de militantes ao acto eleitoral tenha sido tão escassa – cerca de 250 militantes. Isto, apesar de um conhecido autarca do Partido em Matosinhos ter afirmado que “estas eleições em Matosinhos tiveram uma concorrência recorde”. Só mesmo por desconhecimento. Porque noutras – em que participou também Rosário Loio – houve quase meio milhar de votos, isto é, mais ou menos o dobro.
A segunda notícia era mais grave. Dizia ela que o responsável distrital do Porto do PSD, Marco António Costa, não excluía candidatar-se a líder nacional do PSD. O que é, obviamente, um nítido caso de sapateiro que vai além da chinela. Não reparando que, ao exprimir tal opinião, porventura guiado pelo desejo de fazer ganhar força à estrutura que ele próprio dirige, desprestigia o acto que vai ter lugar no PSD, com a eleição de um novo líder, e, por isso mesmo, desprestigia o próprio Partido aos olhos daqueles a quem nada dizem, naturalmente, as lutas de galos ou de garnizés que se verifiquem no Partido.
Naturalmente, quem sai pelo fundo com atitudes como as descritas, é o PSD. E é importante que se diga que a culpa de tudo isto pertence aos próprios militantes. São eles que escolhem quem os dirige. São eles que indicam quem é que representa o Partido perante a legião imensa dos que não têm Partido. Os tais que acabam por decidir quem é que conduz o país, tanto a nível central como local. E, se os militantes continuarem a escolher mal, o PSD não tardará a estar reduzido à dimensão de um partido marginal, não sendo de admirar que venha mesmo a ser ultrapassado pelo CDS/PP e pelo Bloco de Esquerda.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 23/11/2009
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1906, nasceu Rómulo Vasco da Gama de Carvalho. foi um professor de Físico-Química do liceu , pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência e poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão.
É dele este poema:
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança
É dele este poema:
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança
23.11.09
FRASE DO DIA
RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...
O director clínico do Centro Hospitalar do Alto Ave em Guimarães, Dias dos Santos, reconheceu que a situação nas urgências daquela unidade "tornou-se insutentável" com o disparar de casos de utentes com sintomas de gripe A (H1N1).
Alguns dos utentes que recorreram sábado às Urgências do Centro Hospitalar do Alto Ave em Guimarães (Hospital Senhora da Oliveira) "fartaram-se de esperar" e deram largas à indignação, gerando alguns desacatos, disse à agência Lusa fonte hospitalar.
In I - 23/11/2009
Alguns dos utentes que recorreram sábado às Urgências do Centro Hospitalar do Alto Ave em Guimarães (Hospital Senhora da Oliveira) "fartaram-se de esperar" e deram largas à indignação, gerando alguns desacatos, disse à agência Lusa fonte hospitalar.
In I - 23/11/2009
MEMÓRIA
MARIONETAS
Recordo-me bem do que foi a minha experiência militar na Guerra Colonial. Não operacional, eu pouco mais era do que um pacífico observador do que se ia passando em meu redor. E recordo-me - já escrevi, aliás, isto algures - de como a generalidade da população da Guiné não tinha nada a ver com a guerra. Esta não passava de uma querela entre a vanguarda de um partido que desejava a independência daquele território e as forças colonialistas que pretendiam proteger a sua soberania pluricentenária sobre ele. O resto, a grande maioria da população, pretendia sobretudo viver tranquilamente a sua vida, amanhando os campos e pescando nos rios, sem outras ambições que não fossem escapar à tempestade a ribombar à sua volta e às suas consequências. O que, geralmente, não conseguiam. Vinham os guerrilheiros e roubavam. Géneros que os alimentassem. Jovens que servissem a causa. Muitas vezes usavam as pacíficas tabancas como base para emboscadas às tropas regulares. Saíam os guerrilheiros e vinham as tropas regulares. Castigavam pela colaboração involuntária. As pacíficas populações eram o saco do combate de boxe que se travava entre uns e outros. Eram, indubitavelmente, as mais sacrificadas, aquelas sobre quem todos os penares mais incríveis e mais cruéis recaíam. Eram, eles, os pacíficos, os não envolvidos, os que queriam apenas viver tranquilamente a sua vida, aqueles que pagavam o preço humano mais alto da guerra então em curso.
Passaram quase quarenta anos. Já não estou na Guiné. Já não há nenhuma guerra, no sentido tradicional. Apenas sou espectador do meu país. E o que vejo mostra-me que não há grande diferença entre aquilo a que assisti então e o que vejo passar-se agora. As armas já não vomitam fogo. O vómito é de palavras. O vómito é de leis. O voto é de irresponsabilidade. O vómito é de interesses, sobretudo económicos. O vómito é de influências. Nos órgãos centrais do Estado. Nos órgãos políticos regionais. Nas autarquias. Tudo sob a bandeira do regime. Vivemos em democracia, diz-se. E basta pensar um nadinha em tudo quanto vai acontecendo para vermos que a anarquia tomou outro nome. Os adversários da democracia devem estar a ficar felicíssimos. Em Portugal, trinta anos depois de acendidas as velas da esperança, já nem o coto resto. A ética foi enterrada nos mil e um funerais realizados às escondidas do Povo. O Poder do Estado, que devia ser rei e senhor, não passa de escravo de quem tem acesso aos media, de quem tem poder sobre a conjuntura económica, de quem tem amigos sentados nas respectivas cadeiras. Aderimos ao liberalismo económico, mas ninguém se lembrou de dizer que este só é uma boa política se houver um Estado forte, mais ou menos impermeável aos interesses económicos. Mas um Estado forte necessita de servidores fortes, capazes, competentes, corajosos. Já os houve. Os tempos iniciais da nossa "jovem" democracia foram tempos de gente forte. Acabaram, esses tempos, aí por alturas de 1993. A partir daí, temos assistido à queda do Poder do Estado. Muito porque os seus agentes deixaram que assim acontecesse. Quando, mais do que o resto, era necessária coragem, assistimos à pusilanimidade desenfreada. Hoje, o Estado é quase uma caricatura, que apenas provoca o sorriso alvar filho de uma boa anedota.
Recordar-se-ão, os meus leitores mais atentos, de que aí há quatro ou cinco anos atrás, comecei a gritar por socorro nesta coluna. Percebia-se, a olho nu, que se iniciara a derrocada. Ceder aos mais variados grupos de pressão, em nome da paz social e do consenso, era a colocação de rodas num veículo a começar a rolar num plano inclinado, era a abdicação do Poder do Estado. O desastre, facilmente prenunciável, está aí. Dificilmente restarão sobreviventes. Aqueles que esperam um Orçamento Geral do Estado para 2005 mais favorável do que no passado recente vão sofrer uma grande desilusão. Até pode ser que o Orçamento o seja. Mas o Orçamento é apenas um papel, uma declaração de intenções. A realidade que virá em seguida é que é realmente importante. E essa realidade está inalterada. O País continua retalhado em milhentos de grupos, ditos "de pressão", cada um a remar para o seu lado. Circunstância em que o barco não tem caminho aceitável possível. Para cima não vai, devido à gravidade. Para um qualquer lado também não, por falta de remadas vigorosas a exigirem o mesmo sentido em todos. Só fica um movimento possível, depois da vertigem do rodopio. Para baixo, em direcção ao abismo.
É curioso como muitos dos que agora reconhecem ser essa a situação passaram todos estes tempos para trás a vangloriar os fautores da queda e a esconder os seus malefícios. Agora, que o barco corre o risco de afundar-se, correm à amurada e gritam a plenos pulmões que aquele já está a meter água. E, entre eles, nem um único a procurar calafetar as fendas por onde jorra a água. Pelo contrário. Vão pregando pregos onde é susceptível que a fenda se alargue. Pensam - pensarão? - que estão a remendar o barco e estão a construir o esquife. E, entre eles, nem um só avança com uma solução. E, entre eles, nem um só se propõe contribuir para salvar o barco. A navegar neste, já com água até ao pescoço, estão os que vão pagar com a vida - a que desejariam - os desmandos da equipagem, aqueles a quem tanto lhes faz quem seja a marinhagem, quem seja o piloto. E, no entanto, foi com base em ordem sua que o piloto foi escolhido. No fim da viagem, sentirão que não passaram de simples marionetas. Tal como os pacíficos habitantes da Guiné que conheci na Guerra Colonial. Tal como os simples do meu Povo, que votam, a maior partes das vezes, sem bem saber o quê, em quê, para quê.
Um dos primeiros a gritar que íamos ter desastre, quero também ser um dos primeiros a afirmar que a salvação é possível. Não do jeito que tem vindo a ser tentada. Não chega tentar tapar as fendas com betume. É necessário um casco novo. Nem que tenhamos que ser todos, os mais conscientes, a servir de casco. Está aí uma óptima oportunidade para alguém em quem ainda não perdemos toda a confiança - o Senhor Presidente da República - ficar na História. Apenas por ter sabido tomar uma iniciativa necessária e corajosa, num momento que já não é o certo mas que ainda é o atempado. Para tomar uma difícil decisão, o Senhor Presidente da República chamou meio mundo ao seu palácio, para se documentar. Tem que chamar meio mundo agora, para mobilizar. Eu sei que, constitucioonalmente, não lhe cabe o papel da orientação política do País. Mas sei que lhe cabe o dever - porque apenas ele para isso tem representatividade democrática suficiente - de salvar o futuro do país. É necessária uma revolução pacífica. É preciso chamar os melhores. É preciso conquistar os media para o esforço de regeneração necessário. É preciso estarmos todos, aqueles que agem e aqueles que opinam, a remar para o mesmo lado. Ou encontramos o rumo ou afogar-nos-emos todos, inexoravelmente. E, para encontrar esse rumo, para remar em direcção a esse rumo, é necessário que o chamado "magistério de influência" do Senhor Presidente da República passe da simples intervenção verbal para a chamada à responsabilidade. Por Belém têm que passar todos os que podem influenciar a rumo e a marcha. Todos temos direito à pluralidade. Mas nenhum de nós tem o direito de fazer andar o barco para trás ou para o fundo. E, entre a marinhagem, ninguém tem direito a fazer dos passageiros marionetas. Isso é proibido. Deve ser, pelo menos. E na frente de marcha fica um grande leque de destinos. É dentro desse leque que deve ser encontrada a pluralidade. Se soubermos entender isto, então talvez ainda nos safemos. Passe o calão. Que, se necessário, devemos usar sem falsos pudores.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 23/8/2004
Recordo-me bem do que foi a minha experiência militar na Guerra Colonial. Não operacional, eu pouco mais era do que um pacífico observador do que se ia passando em meu redor. E recordo-me - já escrevi, aliás, isto algures - de como a generalidade da população da Guiné não tinha nada a ver com a guerra. Esta não passava de uma querela entre a vanguarda de um partido que desejava a independência daquele território e as forças colonialistas que pretendiam proteger a sua soberania pluricentenária sobre ele. O resto, a grande maioria da população, pretendia sobretudo viver tranquilamente a sua vida, amanhando os campos e pescando nos rios, sem outras ambições que não fossem escapar à tempestade a ribombar à sua volta e às suas consequências. O que, geralmente, não conseguiam. Vinham os guerrilheiros e roubavam. Géneros que os alimentassem. Jovens que servissem a causa. Muitas vezes usavam as pacíficas tabancas como base para emboscadas às tropas regulares. Saíam os guerrilheiros e vinham as tropas regulares. Castigavam pela colaboração involuntária. As pacíficas populações eram o saco do combate de boxe que se travava entre uns e outros. Eram, indubitavelmente, as mais sacrificadas, aquelas sobre quem todos os penares mais incríveis e mais cruéis recaíam. Eram, eles, os pacíficos, os não envolvidos, os que queriam apenas viver tranquilamente a sua vida, aqueles que pagavam o preço humano mais alto da guerra então em curso.
Passaram quase quarenta anos. Já não estou na Guiné. Já não há nenhuma guerra, no sentido tradicional. Apenas sou espectador do meu país. E o que vejo mostra-me que não há grande diferença entre aquilo a que assisti então e o que vejo passar-se agora. As armas já não vomitam fogo. O vómito é de palavras. O vómito é de leis. O voto é de irresponsabilidade. O vómito é de interesses, sobretudo económicos. O vómito é de influências. Nos órgãos centrais do Estado. Nos órgãos políticos regionais. Nas autarquias. Tudo sob a bandeira do regime. Vivemos em democracia, diz-se. E basta pensar um nadinha em tudo quanto vai acontecendo para vermos que a anarquia tomou outro nome. Os adversários da democracia devem estar a ficar felicíssimos. Em Portugal, trinta anos depois de acendidas as velas da esperança, já nem o coto resto. A ética foi enterrada nos mil e um funerais realizados às escondidas do Povo. O Poder do Estado, que devia ser rei e senhor, não passa de escravo de quem tem acesso aos media, de quem tem poder sobre a conjuntura económica, de quem tem amigos sentados nas respectivas cadeiras. Aderimos ao liberalismo económico, mas ninguém se lembrou de dizer que este só é uma boa política se houver um Estado forte, mais ou menos impermeável aos interesses económicos. Mas um Estado forte necessita de servidores fortes, capazes, competentes, corajosos. Já os houve. Os tempos iniciais da nossa "jovem" democracia foram tempos de gente forte. Acabaram, esses tempos, aí por alturas de 1993. A partir daí, temos assistido à queda do Poder do Estado. Muito porque os seus agentes deixaram que assim acontecesse. Quando, mais do que o resto, era necessária coragem, assistimos à pusilanimidade desenfreada. Hoje, o Estado é quase uma caricatura, que apenas provoca o sorriso alvar filho de uma boa anedota.
Recordar-se-ão, os meus leitores mais atentos, de que aí há quatro ou cinco anos atrás, comecei a gritar por socorro nesta coluna. Percebia-se, a olho nu, que se iniciara a derrocada. Ceder aos mais variados grupos de pressão, em nome da paz social e do consenso, era a colocação de rodas num veículo a começar a rolar num plano inclinado, era a abdicação do Poder do Estado. O desastre, facilmente prenunciável, está aí. Dificilmente restarão sobreviventes. Aqueles que esperam um Orçamento Geral do Estado para 2005 mais favorável do que no passado recente vão sofrer uma grande desilusão. Até pode ser que o Orçamento o seja. Mas o Orçamento é apenas um papel, uma declaração de intenções. A realidade que virá em seguida é que é realmente importante. E essa realidade está inalterada. O País continua retalhado em milhentos de grupos, ditos "de pressão", cada um a remar para o seu lado. Circunstância em que o barco não tem caminho aceitável possível. Para cima não vai, devido à gravidade. Para um qualquer lado também não, por falta de remadas vigorosas a exigirem o mesmo sentido em todos. Só fica um movimento possível, depois da vertigem do rodopio. Para baixo, em direcção ao abismo.
É curioso como muitos dos que agora reconhecem ser essa a situação passaram todos estes tempos para trás a vangloriar os fautores da queda e a esconder os seus malefícios. Agora, que o barco corre o risco de afundar-se, correm à amurada e gritam a plenos pulmões que aquele já está a meter água. E, entre eles, nem um único a procurar calafetar as fendas por onde jorra a água. Pelo contrário. Vão pregando pregos onde é susceptível que a fenda se alargue. Pensam - pensarão? - que estão a remendar o barco e estão a construir o esquife. E, entre eles, nem um só avança com uma solução. E, entre eles, nem um só se propõe contribuir para salvar o barco. A navegar neste, já com água até ao pescoço, estão os que vão pagar com a vida - a que desejariam - os desmandos da equipagem, aqueles a quem tanto lhes faz quem seja a marinhagem, quem seja o piloto. E, no entanto, foi com base em ordem sua que o piloto foi escolhido. No fim da viagem, sentirão que não passaram de simples marionetas. Tal como os pacíficos habitantes da Guiné que conheci na Guerra Colonial. Tal como os simples do meu Povo, que votam, a maior partes das vezes, sem bem saber o quê, em quê, para quê.
Um dos primeiros a gritar que íamos ter desastre, quero também ser um dos primeiros a afirmar que a salvação é possível. Não do jeito que tem vindo a ser tentada. Não chega tentar tapar as fendas com betume. É necessário um casco novo. Nem que tenhamos que ser todos, os mais conscientes, a servir de casco. Está aí uma óptima oportunidade para alguém em quem ainda não perdemos toda a confiança - o Senhor Presidente da República - ficar na História. Apenas por ter sabido tomar uma iniciativa necessária e corajosa, num momento que já não é o certo mas que ainda é o atempado. Para tomar uma difícil decisão, o Senhor Presidente da República chamou meio mundo ao seu palácio, para se documentar. Tem que chamar meio mundo agora, para mobilizar. Eu sei que, constitucioonalmente, não lhe cabe o papel da orientação política do País. Mas sei que lhe cabe o dever - porque apenas ele para isso tem representatividade democrática suficiente - de salvar o futuro do país. É necessária uma revolução pacífica. É preciso chamar os melhores. É preciso conquistar os media para o esforço de regeneração necessário. É preciso estarmos todos, aqueles que agem e aqueles que opinam, a remar para o mesmo lado. Ou encontramos o rumo ou afogar-nos-emos todos, inexoravelmente. E, para encontrar esse rumo, para remar em direcção a esse rumo, é necessário que o chamado "magistério de influência" do Senhor Presidente da República passe da simples intervenção verbal para a chamada à responsabilidade. Por Belém têm que passar todos os que podem influenciar a rumo e a marcha. Todos temos direito à pluralidade. Mas nenhum de nós tem o direito de fazer andar o barco para trás ou para o fundo. E, entre a marinhagem, ninguém tem direito a fazer dos passageiros marionetas. Isso é proibido. Deve ser, pelo menos. E na frente de marcha fica um grande leque de destinos. É dentro desse leque que deve ser encontrada a pluralidade. Se soubermos entender isto, então talvez ainda nos safemos. Passe o calão. Que, se necessário, devemos usar sem falsos pudores.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 23/8/2004
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