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30.11.09

MEMÓRIA



CENÁRIOS

Na sequência da demissão de Ferro Rodrigues, do cargo de Secretário Geral do Partido Socialista, perfilaram-se já as candidaturas à sua sucessão. Três. José Sócrates, João Soares e Manuel Alegre. Creio que o PS chegou, com o Congresso no qual se realizará a eleição, ao seu ponto de viragem. A partir deste Congresso, nada mais deveria ser igual, no maior Partido da Oposição. E digo isto porque creio, firmemente, que José Sócrates sairá vencedor. E, com a sua vitória, ficariam definitivamente enterrados os herdeiros da Revolução. O Partido Socialista tornar-se-ia num Partido moderno, definitivamente livre dos dinossauros. João Soares, que pouco mais representa do que a saudade de uns tantos pelo "velho" Mário Soares, não iria longe. E Manuel Alegre seria um candidato só para recordar que há referências der esquerda que não devem ser esquecidas. Provavelmente, Manuel Alegre não chegará até às urnas. Desistirá antes disso. Com José Sócrates, o Partido Socialista tornar-se-ia apenas uma alternância de Poder, com a mesma visão da sociedade, da economia e da política em nada diferente da que vemos, por exemplo, no PSD.

Em princípio, isto eram boas notícias para a democracia portuguesa. Hoje, a diferenciação entre esquerda e direita não faz grande sentido. Podemos ter políticas de mais ou menos preocupações sociais independentemente dos partidos. Um dos Governos mais preocupados socialmente - lembremo-nos que foi ele a lançar uma campanha nacional de luta contra a pobreza - foi o primeiro governo de Cavaco Silva, que muitos diziam ser de direita. E um dos governos que mais fez apertar o cinto de todos - e dos pobres também - foi o governo de Mário Soares em 1984. Portanto, um Governo do PS ou do PSD, tanto faria, no futuro. Tenderiam a suceder-se, alternadamente, com mais ou menos duração. E, sendo assim, o país tenderia a seguir um rumo mais ou menos inalterado, independentemente de quem estivesse no Poder.

No entanto, sendo assim em teoria, pode não ser assim na prática. A política está inçada de muitos oportunistas, para quem o Poder vale por si mesmo e não porque se destina a servir o Povo. Se quiséssemos ter um exemplo, bastar-nos-ia, precisamente, um episódio curioso passado com o anúncio de candidatura de José Sócrates. É que ele afirmou, no seu discurso de anúncio, que pretende renovar o Partido, dando lugar às gerações mais novas. E, dos primeiros camaradas a apoiarem esta ideia, notabilizaram-se três: Mesquita Machado, de Braga, Mário de Almeida, de Vila do Conde, e Narciso Miranda, de Matosinhos. Precisamente três socialistas, presidentes de Câmara, já com o prazo de validade ultrapassado, todos a oferecer grande resistência à mudança. E isto reduz bastante as esperanças de que o Partido Socialista se modernize com José Sócrates. Vamos a ver.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 27/7/2004

1 comentário:

GP disse...

Otítulo do post deveria ser "Triste Memória"...

beijinho