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16.2.10

CRÓNICA DA SEMANA - I

AS PARECENÇAS

Tenho meditado muito sobre esta tragédia em que Portugal se vai afundando, fruto de desavenças sem fim e da irresponsabilidade de quem dirige o País neste momento. É o culminar de um trajecto atribulado desde a Revolução dos Cravos, com altos e baixos, mais destes do que daqueles. E não evito dar a conhecer alguma coisa da minha meditação.

Disse Mário Soares, há poucos dias, que nem ele foi alguma vez atacado tanto como tem acontecido com José Sócrates. Todos nós sabemos que assim é. Mais. Nenhum Primeiro-Ministro português foi objecto de tantas e tão persistentes acusações de mau comportamento. A afirmação do antigo líder dos socialistas é, por isso, inteiramente verdadeira. Mas importa saber porque é que é assim. E digam-me: conheceram algum político – primeiro-ministro ou não – que estivesse envolvido em tantas trapalhadas? Claro que não. A vida de José Sócrates é, quer queiramos quer não, um chorrilho de trapalhadas. E, caso curioso, em muitas delas ele foi envolvido por comparsas seus. E, em outras tantas vezes, foi a sua reacção desajustada – como aconteceu com a licenciatura, com o Freeport, com a locutora Manuela Moura Guedes, com o director do Público José Manuel Fernandes e, agora mesmo, com o jornalista Mário Crespo – que causou todo o ruído público.

A atitude de José Sócrates já me fez lembrar, algumas vezes, a de Vasco Gonçalves no célebre discurso de Almada. Também este, na ocasião, tinha a esmagadora maioria dos portugueses contra si e, no entanto, berrava a bom berrar que era um anjo, que o Povo o adorava e que estava a ser vítima de cabalas organizadas por meia dúzia de fascistas. Foi sol de pouca dura. Pouco tempo depois, Vasco Gonçalves passou à história. Algo que me parece não tardará a acontecer com o Primeiro-Ministro que temos actualmente.

Mas as parecenças não se ficam por aqui. Se olharmos com atenção para a história governativa do país, verificamos que os socialistas governaram sozinhos em três ocasiões: com Mário Soares, logo à saída da Revolução, com António Guterres, após Cavaco Silva, e com José Sócrates, após Durão Barroso e Santana Lopes terem protagonizado um mandato que não chegou ao fim. E, em todas essas ocasiões, os socialistas deixaram o país em piores condições do que aquelas que haviam recebido. Isto é, o resultado da governação socialista é sempre o mesmo: deixam o país pior do que o recebem.

Atentas todas estas circunstâncias, uma só pergunta me dança no espírito: de que se está à espera para correr com José Sócrates? Por muito menos, o Presidente socialista José Sampaio despediu Santana Lopes.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 16/2/2010

1 comentário:

Gaivota Maria disse...

Fez-me bem ler este texto... Dá-me esperanças de ver a m.... acabar. Casmurrice tem que ter limites. Lá no fundo creio que ele não se foi ainda embora porque deve haver alguma razão por detrás que o está a impedir. Sim porque quando ele cair é que as coisas se vão saber todinhas. Boa semana