. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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25.12.06
CRONICA DA SEMANA
É legítimo ter ambição. Desejar ser melhor, maior, mais poderoso. A ambição é um motor do progresso humano. Mas há, pelo menos, dois tipos de ambiciosos. Aqueles que, desejando ser melhores, respeitam os outros e são incapazes de ofender os seus direitos. E há aqueles que não respeitam nada nem ninguém para atingirem os seus objectivos, Enquanto os primeiros merecem a nossa admiração, os seguintes não podem senão merecer o nosso desprezo e, mesmo, o nosso esforço para que sejam metidos na ordem.
Narciso Miranda pertence à segunda classe, à daqueles que não respeitam nem pessoas, nem sentimentos, nem regras de convivência, para atingir os seus fins. Como a maioria dos matosinhenses sabe, entreteve-se este Natal a enviar para quase todos eles um postal de Boas Festas, no qual, melifluamente, jogava com palavras bonitas como quem brinca com papéis velhos e sujos. Havia, nesse postal, um bacoco apelo aos sentimentos, numa velha e relha táctica de se fazer associar à beleza da festividade do Natal. Só em minha casa, foram recebidos três desses cartões. O pior foi que um deles, vinha dirigido à minha sogra, falecida este ano. E nem sequer tem a desculpa de dizer que não sabia, porque a minha sogra, Regina Borges, era bem conhecida, o seu passamento, acontecido este ano, foi noticiado nos jornais e na rádio com grande relevo. Ele sabe que ela está morta, para grande dor da família. Mesmo assim, com desprezo pelos mais íntimos sentimentos dos que suportam essa dor, enviou para ela as Boas Festas.
Isto só quer dizer que não é ele que manda os postais. Apesar de tentar, parolamente, fazer entender que sim, mandando imprimir nos cartões, a tinta diferente, a sua assinatura. Os desejos de Boas Festas são, assim, uma paródia de mau gosto, ordenada pela sua ambição de voltar a ser presidente da câmara.
Este gesto de Narciso Miranda levanta dois problemas muito graves, para além do particular. Uma acção destas, de enviar as Boas Festas a quase todos os Matosinhenses, custa muito, muito, dinheiro. Antigamente era a Câmara que pagava. Narciso é hoje, um reformado. De onde lhe vem ou de onde lhe veio o dinheiro? Depois, nenhum de nós tem possibilidade de mandar, de modo personalizado, as Boas Festas a todos os Matosinhenses. Para fazer isso, é necessário ter uma base de dados, possivelmente a base de dados eleitoral, para dispor de nomes e endereços. Só que nenhum particular pode ter isso em seu poder. É ilegal. De onde lhe veio uma sabedoria residencial tão vasta?
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1 comentário:
Narciso não deixou de ser Presidente da Câmara. Só que agora é-o nos bastidores.
O que ele quer mesmo é ganhar como Presidente da Câmara.
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