(continuação)
Na véspera, à hora em que o piar dos mochos acorda a fauna nocturna para as tarefas diárias, Jaló fora à tabanca, não se sabe bem porquê, uma vez que era seu turno ficar de serviço no quartel dos milicianos. E encontrara a mulher nos braços dum soldado loiro, da companhia do Mário. Desaustinado, perdida a calma habitual, chispas de raiva nos olhos, berrara como um possesso e, brandindo o pilão com que a mulher costumava esmagar os grãos de milho no almofariz de madeira, desancara os dois, cegamente, com intenções assassinas. Esgotada a fúria nas pancadas distribuídas, arremessara a arma improvisada e fugira da tabanca, desaparecendo no crepúsculo já adiantado. Durante algum tempo, os atónitos indígenas da tabanca ouviram-no gritar ameaças de morte contra o branco maldito que tomara a sua mulher. Os cipaios de sentinela, recordavam-se de o ver entrar em Mansoa, mas não de o ver sair.
(continua)
Magalhães Pinto
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