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4.7.08

OS HERÓIS E O MEDO - 312º. fascículo

(continuação)

É sempre um chefão a impor as condecorações. Estas. Que as outras, as que mordem a pele, essas é o inimigo a pendurá-las. Medalha exige chefão. Sem ele, não era medalha. Era lata. Um chefão de segunda, aqui. Só para pretos. Os brancos ficam para o Terreiro do Paço e, aí, o chefão tem que ser máximo. É preciso premiar o esforço e o patriotismo da parcela melhor da nossa Pátria, dirá ele. Para, daí a momentos, estar a pendurar o ronco no peito de um pai, velhote, de cabelos brancos, todo vestido de preto e de óculos escuros para não se verem as lágrimas, que um homem não chora em público. Ou ao peito de uma mulher jovem, toda vestida de preto e também de óculos escuros. Mas nesta, para se lhe não ver a raiva. Como se um pedaço de latão pudesse substituir um filho, um marido, um pai.

(continua)
Magalhães Pinto

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