O PÃO…
… nosso de cada dia. A corrupção. Não se passa uma semana que não tenhamos na comunicação social mais uma suspeita, mais uma possível traficância, mais uns tantos arguidos, mais uma pouca-vergonha. Como disse esse grande português que sabe pensar como poucos, o professor Ernâni Lopes, “Portugal está a definhar”. Conduzida a coisa pública por medíocres, não se vê aonde vamos parar, tendo embora a certeza de que não é ao fundo do túnel. Será antes, e muito provavelmente, ao fundo do poço. E o pior de tudo é que somos nós todos a dar o aval a quem assim nos conduz.
A negociata à volta das sucatas, envolvendo pessoas notáveis do Partido Socialista, gente da convivência do nosso Primeiro-Ministro, é extremamente preocupante. Como, já antes, envolvendo gente de outros partidos, houve outras negociatas não menos graves. É de topete ver à frente de um dos maiores bancos portugueses – e apenas por razões políticas – um homem – Armando Vara – que, no mínimo, será sempre culpado de andar em muito más companhias. Isto se não se vier a provar que também engordou os bolsos de modo desonesto e desleal. E, para que as coisas sejam ainda mais feias, este Armando Vara tem uma longa história de conivência com José Sócrates no domínio político. O que nos leva a pensar que o nosso Primeiro-Ministro também tem andado em más companhias.
No meio destes sucessivos escândalos, envolvendo pessoas de vários partidos, há um pensamento que chega a doer. É que parece que não há remédio para isto. Parece que estamos condenados, escolhamos quem escolhamos, a ver uns espertalhões a fazerem fortuna através da política e das influências que por aí ganham. E quando todos estivermos convencidos de que não há nada a fazer, então tudo estará perdido. Os, perdoem-me o termo, galifões encherão o saco à grande e à francesa, enquanto o povo continua com carências de toda a ordem. Porventura, terá cada vez mais carências. É por isso que esta ideia da inevitabilidade da roubalheira não pode vingar. Nem que tenhamos que punir, um atrás de outro, todos. Como a Justiça não é célere e parece que todo o barulho que surge constantemente acerca da desonestidade de alguém nunca conduz a nenhum castigo, temos que ser nós a estar atentos. Temos que ser nós a dizer, de cada vez que nos é dada voz, vigorosamente NÃO a todos os que tenham estado envolvidos em casos destes, sejam eles quem forem. E temos que apelar aos homens honestos do nosso país para que se apresentem ao serviço. A maioria deles fugiu da política pela má conotação que dava. Pois temos de dizer-lhes que voltem. Que Portugal e os Portugueses precisam deles. Que deles também é a responsabilidade, por omissão, do triste estado a que estamos a ser reduzidos pelos aventureiros da política.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 3/11/2009
1 comentário:
Quem o ouvir falar, parece que chama por Narciso.
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