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2.11.09

POEMA DO MÊS



DUAS LÁGRIMAS...


Uma lágrima caiu...
Inundou-me o coração...
Uma outra se seguiu...
Agarrei-as com a mão...
Embrulhei-as com os dedos
de pensamentos capazes
de escorraçar os teus medos!...
Elas teimaram, audazes...
Transformaram-se em enguias
...não cinzentas... prateadas...
da prata com que me vias
nas minhas horas amadas!...
Fizeram-se um fio de água
para escorrerem, mansinho...
Com uma teia de mágoa,
impedi-lhes o caminho...
Pularam de descontentes,
tentando romper-me o pulso...
E gritaram-me: "Tu mentes!...",
num desespero convulso...
Ouvi-as chorar... gemer...
Em ânsias de liberdade!
Mas não podia ceder!...
...Morreria de saudade!...
Lutamos horas a fio...
Lutamos até mais não...
Lutamos num desafio
que não tem comparação...
Por fim, senti-as paradas,
exaustas e ofegantes...
E ficaram-se, abraçadas,
como, na noite, os amantes...
Abri a mão com cuidado...
E quedei-me, embevecido,
a olhá-las, espantado,
com o que tinha acontecido...
As lágrimas de ti caídas,
na palma da minha mão,
Tão lindas, eram parecidas
Com o teu e o meu coração...
Amavam-se com doçura...
Beijavam-se com carinho...
Olhavam-se com ternura...
Pareciam bolas de arminho...
Olhei-as, assim... sorri-me...
Afaguei-as docemente...
Fechei a mão... decidi-me!
Vou-te amar eternamente!...

Magalhães Pinto

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