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5.2.10

POEMA DO MÊS


A PENA

De pena na mão
e papel branco à frente,
abro o meu coração
ao que me vai na mente,
procurando escrever
um termo, um só,
que me faça esquecer
este nó
que me aperta na alma,
que me encurrala os sentidos,
que me faz ter a calma
dos momentos perdidos...
Mas o termo não vem
abençoar minha pena...
Uma pena que tem
quem tem alma pequena....

De pena na mão
e papel branco à frente,
procuro, em vão,
uma frase, uma ideia...
E, com alguma dor,
rabisco o papel,
Mas só provo o sabor
deste fel
que desperta a amargura
dos actos falhados,
que me traz a censura
partida em bocados...
Mas a ideia não vem,
a frase não surge...
É como se alguém
fosse lento se urge...

De pena na mão
e papel branco à frente,
vejo a ocasião
de mostrar que sou gente,
escrevendo, apressado,
da minha dor o grito,
Mas só vejo a brancura,
aflito...
E no desespero
desta hora vazia
de mim já só espero
uma longa agonia,
um longo tormento
pelo que vai por aí
e um só pensamento
... que é feito de ti?...

Magalhães Pinto

3 comentários:

Maria Helena disse...

Ainda hoje tinha pensado que o Sr.Dr.há muito não nos dava o prazer dum poema seu!Certamente a mensagem chegou...e na minha visita diária encontro um lindo poema seu!Obrigada por ele,o meu dia hoje ficou mais bonito!

JOSÉ MODESTO disse...

Não lhe reconhecia esta faceta.
Bonito.
O poema - essa hesitação prolongada entre o som e o sentido...
Obrigado por nos mostrar

Saudações Marítimas
José Modesto

Tisha disse...

Incrível como nos podemos sentir um vazio tão grande, quando vemos o que nos rodeia, vimos e sentimos o desaspero em cada olhar, nas palvaras não ditas, no silêncio da dor, no apartar da alma.

Gostei muito desta poema e sua mensagem final.

Obrigada por ter partilhado com os seus leitores