UM RAIO DE LUZ
A vitória da direita nas eleições deste fim-de-semana é um raio de esperança. Mas não mais do que isso. Não é porque a direita ganhou que a situação do país se altera no imediato. Por isso, ficou bem ao líder do PSD afirmar que não sentia nenhum triunfalismo na vitória alcançada. Porque a situação do país é hoje tão difícil como era na sexta-feira passada. De algum modo, o que aconteceu foi que, numa casa de janelas todas fechadas, se abriu uma pequena frincha por onde entra um ténue raio de luz.
Obviamente, isso não chega para nada. É um bom ponto de partida, mas não chega. Para que essa frincha se alargue e para que tenhamos, progressivamente mais luz, é necessário muito mais. É necessário que os novos líderes nos falem sempre a verdade. De mentiras estamos fartos. Ou os políticos nos falam sempre a verdade ou não os queremos. É necessário que os novos líderes afastem para longe das áreas de decisão e da vida nacional todos os oportunistas que, após todas as eleições, se colam aos vencedores para encontrarem modo de beneficiarem pessoalmente das novas situações criadas. O povo não quer mais oportunistas perto de quem governa. É necessário que os sacrifícios que vamos ter de fazer nos sejam muito bem explicados e, sobretudo, que sejam muito bem repartidos, sendo maiores para quem mais pode. É necessário que aqueles que trabalham produzam o dobro para que, assim, se criem lugares para os que têm a infelicidade de não poder trabalhar. Assim como é necessário dizer aos preguiçosos, àqueles que não trabalham porque não querem, que não há mais lugar para preguiçosos em Portugal. É necessário criar um governo de competentes e não de vaidosos. Resumindo, é necessário que a sociedade portuguesa, a começar pelos governantes, se torne mais séria, mais responsável, mais trabalhadora.
Se os novos líderes tiverem a capacidade de introduzir paulatinamente estes princípios na vida portuguesa, então podemos legitimamente esperar que a tal frincha de luz se vá abrindo lentamente, até que tenhamos luz outra vez. Se falharem nesses objectivos, regressaremos de novo à escuridão, com a agravante de que, cada vez que mergulhamos de novo na escuridão, mais difícil se torna encontrar de novo uma réstea de esperança.
Magalhães Pinto, em RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS, em 7/6/2011
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