(continuação)
Mário sentiu-se incapaz de vencer sexualmente a barreira da côr. As imagens eróticas, excitantes, tinham-se desvanecido. Até aí, mal notara a diferença para os outros, todos os outros, em seu redor. Surgia, agora, com todo o vigor, a diferença de cor da pele. Mesmo quando nisso pensara, a conotação tinha sido exclusivamente social, não pessoal, individual, íntima, racista. O fogo das cenas imaginadas esvaíra-se completamente. Sem esperança de regresso, sentiu. Maria Có bem poderia esperar, nessa tarde e nas que se seguiriam. Entre o desejo de Mário e a disponibilidade, erguera-se uma barreira milenária, invisível, real. Uma barreira muitas vezes vencida pelo instinto primitivo. Mas o vencimento de uma barreira não significa o seu desaparecimento.
(continua)
Magalhães Pinto
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