(continuação)
De pena na mão
e papel branco à frente,
abro o meu coração
ao que trago na mente…
Procurando escrever
um termo, um só,
que me faça esquecer
este nó
que me aperta na alma,
que me encurrala os sentidos,
que me faz ter a calma
dos momentos perdidos…
Mas o termo não vem
escorrer de tal pena…
Uma pena que tem
quem tem alma pequena…
De pena na mão
e papel branco à frente,
procuro, em vão,
uma frase, uma ideia…
E, penando na dor,
rabisco o papel,
mas só provo o sabor
deste fel
que desperta a amargura
dos actos falhados,
que me traz a censura
partida em bocados…
Mas a ideia não vem,
a frase não surge…
É como se alguém
fosse lento se urge…
De pena na mão
e papel branco à frente,
vejo a ocasião
de mostrar que sou gente,
escrevendo, apressado,
do penar o meu grito…
Mas só vejo a brancura,
aflito…
E, no desespero
desta hora vazia,
de mim já só espero
uma longa agonia,
um longo tormento
pelo que vai por aí.
E um só pensamento:
que é feito de ti?…
(continua)
Magalhães Pinto
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