(continuação)
As sortes foram o prenúncio da libertação. Consubstanciada quase um ano depois. Da terra, apenas a recordação singela da Chica, traduzida numa fotografia a la minute pregada, como se fosse pendão de peleja vitoriosa, no reverso da tampa da caixa que lhe coubera. A mobilização para o Ultramar acelerara o casamento. Um temia a perda do seu tesouro, afirmação da sua independência da vontade paterna. O outro desesperava por dois anos sem o perder. O Zé da Burra aceitara prover ao sustento da filha durante a separação, na expectativa de ganhar, passada fosse, o filho varão negado por Deus e que tão necessário se mostrava para guiar o arado, atormentado como andava, agora por aquelas dores nas cruzes. O casamento fizera-se, já nas barbas da partida. As núpcias foram curtas. Ainda mais porque só à terceira noite, com receio de a ferir, o “Quico” satisfizera integralmente a mulher nos seus deveres masculinos.
(continua)
Magalhães Pinto
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