(continuação)
Mário sacudiu-o bruscamente, que na tropa não há mimos. Quis saber das razões. Abafado pelo travesseiro, só um soluço lhe respondia. Insistiu. Uma vez. Outra vez. Ao cabo de algum tempo, sem abandonar a postura, o “Quico” estendeu-lhe um punho crispado, de dentro do qual caíu um aerograma amarfanhado. Leu-o. Era, assim se deduzia do cumprimento final, de um dos seus irmãos. Não era muito extenso. Mas cortava como as facas usadas no esquartejo do porco. A Chica do Zé da Burra tinha saído para a vila no dia de feira e não tinha regressado. Havia quem a tivesse visto na carrinha de um feirante, vendedor de camisas de terylene, já ao fim da tarde, quando a feira era desmantelada. No dia seguinte e a conselho da guarda, o Zé da Burra tinha ido por ela, a uma outra feira próxima. Mas voltara de orelha murcha. A Chica preferia a vida de amancebada, cheia de movimento, pulando de feira em feira, à vida de bem casada com um ausente.
(continua)
Magalhães Pinto
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