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17.6.08

OS HERÓIS E O MEDO - 296º. fascículo

(continuação)

O mal foi teu, meu camelo! A guerra foi feita para solteiros. Um desterrado não casa, meu burro! Nem com o desterro a prazo. Quanto mais tu, que nem sabes se o desterro é a prazo, se é para sempre. A culpa é tua. Inteirinha. Não querias mais nada! Esta guerra está a abrir os olhos às pessoas. Se não saisses de lá, da terra, a Chica nem se lembraria, provavelmente, que há outras terras, mais animadas, mais vistosas, para além dos cumes da Estrela e do Caramulo. Contigo aqui, assim tão longe, ela sabe agora. E tem direito a viver, nem que tu possas morrer. Se um gajo em Lisboa lhe pode roubar o marido durante dois anos, quem sabe se para sempre, porque é que o feirante do terylene não te pode roubar a mulher? Ela até nem tem culpa. Dois anos é muito tempo e não há vinha que resista tanto tempo sem sulfato. Deixa-te de parvoíces e anda beber uma cerveja. Mulheres há muitas. Se safares o coiro, vais ver. Não te vão faltar. Não te esqueças que tens muitos milhares de concorrentes a menos quando chegares à Metrópole. Andam todos às bajudas, por aqui. Precisas é de chegar lá. Trata de te safar.

(continua)

Magalhães Pinto

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