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15.3.10

MEMÓRIA

A HISTÓRIA

Governar um país não é muito diferente de governar uma casa. Tal como em nossa casa, um Governo tem receitas e faz despesas. Recebe e gasta. E, no fim, um de três resultados. Ou gasta o que recebe e as contas ficam certas. Ou gasta menos e fica com dinheiro no bolso para gastar a seguir. Ou gasta mais e fica a dever.

Em primeiro lugar, um Governo gasta nas despesas correntes. Isto é, para fazer funcionar a máquina do Estado. É como se fosse em nossa casa a renda, a luz, a água, a comida, os medicamentos. Depois, nos investimentos do Estado, as estradas, as escolas, os hospitais, os tribunais. È como se fosse em nossa casa a roupa, o frigorífico, os móveis, o automóvel, Por fim, com o que sobrar disto, o Governo ou arruma num pé de meia, para fazer face a tempos piores, ou distribui algumas benesses, como reforço dos meios destinados às pensões futuras, aumentos das mesmas no presente, aumento das comparticipações no desemprego ou na doença. É como, se fosse em nossa casa, ir ao cinema, fazer um fundo de poupança reforma, fazer férias no estrangeiro.

Por isso, um Governo não pode responder a tudo que queremos. Se gastar mais do que recebe, ficando a dever, uma de três coisas vai suceder no futuro. Tal como em nossa casa. Ou aumenta o que recebe, o que significa que tem que aumentar os impostos, Ou aperta o cinto, o que quer dizer que tem que gastar menos; e como não pode reduzir às despesas correntes, vai ter que cortar nos investimentos ou nas benesses. Ou endivida-se continuamente; o que, não sendo eternamente sustentável, acabará na bancarrota, na falência. Tal e qual como na nossa casa. Em nossa casa, se alguém se endivida muito, foge, desaparece. Às vezes, os Governos que administram mal também fogem. Isso sucedeu com o último Governo de António Guterres. Mas o devedor, o Estado, não consegue desaparecer. Apenas sofre. E como o Estado somos nós, a consequência de uma má administração é que sofreremos todos com isso.

Um estudo acabado de realizar mostra que, entre os Governos que originaram menor défice do Estado, o PSD tem sete lugares nos primeiros dez. Acrescendo que os cinco que menos gastaram são todos de Governos PSD. E esta história é ainda mais significativa quando olhamos para a despesa corrente, onde os dez primeiros que menos gastaram foram todos do PSD (por três vezes em coligação com o PP).

Mais do que as cortinas de fumo que andam por aí, julgo que esta é que é a história que nos interessa. Para sabermos escolher bem quem nos deve governar.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 8/2/2005

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