Pesquisar neste blogue

20.2.08

CRÓNICA DA SEMANA (II)

...

Foi neste quadro, de alarido em relação a um caso que, provavelmente o não merece, e de grande suspeição em relação às autarquias, que reparei nas notícias relativas à alteração da lei eleitoral autárquica. E foi necessário o barulho em redor da citada intervenção de Filipe Meneses. Uma alteração que pretende colocar mais solidamente o Poder nas mãos de um só indivíduo, o Presidente da Câmara. Ainda que, formalmente, a Assembleia Municipal ganhe novos poderes, haverá uma concentração num só indivíduo. O argumento é que +e para reforçar a estabilidade da gestão autárquica. Mas, se tivermos em linha de conta que, desde que as autarquias são democráticas, houve muito poucos casos de dissolução de executivos autárquicos – não mais do que duas dezenas, uma média de quase uma em cada dois anos – vemos a fraqueza do argumento. Com uma agravante, essa sim poderosa, no novo modelo. A concentração do Poder sempre favoreceu, em todas as épocas e em todos os regimes e em todos os lugares, a corrupção.

Chegados a este ponto, surge a insuportável dúvida: (i) se há tanta corrupção que está nos jornais todos os dias, (ii) se essa corrupção parece surgir, com mais frequência, nas autarquias e (iii) se a concentração do Poder favorece a corrupção; para que é que estamos a alterar uma lei tão silenciosamente, quando vai a contrario do desejável neste domínio? Um maldito jogo, este da pseudo-realidade e da real-realidade, a fazer de Portugal um imenso casino. Onde as cartas estão viciadas.

...

Excerto da crónica CASINO PORTUGAL - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 22/2/2008

Sem comentários: