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27.2.08

OS HERÓIS E O MEDO - 186º. fascículo

(continuação)

A emboscada tinha sido inesperada, como todas as emboscadas. Com o batalhão tido por apto para operações maiores, depois de dois meses de patrulhas e pequenos recontros, os Águias iam tentar destruir o mito de Morés. A propaganda inimiga costumava apontar a grande tabanca de Morés como o quartel general das forças armadas do PAIGC, em plena floresta do Oio, bem no coração da Guiné e já não muito longe de Bissau, a menos de cem quilómetros. Inexpugnável, diziam eles. A operação havia sido planeada com cuidado. A floresta tropical, luxuriante e misteriosa, tem segredos de que o adversário se aproveita por melhor a conhecer. De Bissorã, Mansabá e Olossato sairiam as três companhias operacionais. De Mansoa sairiam as tropas especiais dos Comandos. Todas as companhias reforçadas por grupos de combate das milícias locais. Num movimento duplo de tenazes que fechariam no centro da grande floresta, onde Morés se localizava. Escolhidos os caminhos de modo a deixar aos guerrilheiros o mínimo de possibilidades de fuga, esperava-se que estes tentassem tudo para fugir, dada a dimensão das forças adversárias. Por isso, o inesperado da resistência traduzida naquela emboscada. Provavelmente, apenas uma manobra para ganhar tempo e permitir a fuga a outras forças. Mas uma manobra com uma violência e uma concentração de fogo inusitadas. Percebia-se uma concentração de guerrilheiros apropriada à grandeza da operação projectada pelo exército português.

(continua)
Magalhães Pinto

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