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Isto é um estúpido absurdo. Trouxe-me à memória um episódio de tribunal, passado com uma pessoa que muito estimei e de quem fui amigo. O Dr. Vasco Airão, distinto advogado da praça do Porto. Um homem miudinho, pequeno, com uma alma muito grande e um saber ainda maior. Já passou para o lado de lá, muito cedo para o seu valor técnico, científico e humano. Tive a grata felicidade de ser seu aluno em Direito Comercial, na Faculdade de Economia do Porto e de, mais tarde, já companheiros de trabalho no BPA, com ele estar em negócios avultadíssimos para aquele Banco. Pois um dia, em tribunal, dirimia-se uma questão cujo elemento de discussão principal era um contrato escrito. O Dr. Vasco Airão defendia a sua tese com tranquilidade, quando o Juiz chamou a sua atenção para um facto ao qual ele não estava a dar importância:
- Ó Senhor Doutor, mas aqui tem uma vírgula… Ora veja, por favor…
O Dr. Vasco Airão aproximou-se da mesa do Juiz, olhou, meditou e eventualmente terá pensado se ia argumentar português com o Juiz ou se ia continuar a defesa da sua tese. E saiu-se com uma resposta lapidar, que o Estado, no caso aqui em análise também merecia que um de nós lhe gritasse aos oyvidos:
- Meritíssimo Juiz, com licença de V. Exa., isso é uma cagadela de mosca…
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Excertos da crónica A PERFEIÇÃO DO ESTADO - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 28/2/2008
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