O MELHOR DO NATAL
Deixou-me a pensar, aquela carta que recebi de um Amigo, a desejar-me Bom Natal. Não era um desses triviais cartões que recebemos aos montes por esta época. Cartões aos quais só apomos a nossa assinatura, que o resto já lá está escrito. Assinatura que apomos, tantas vezes, sem sequer ler o que lá está. Cartões que, de tão usados e de tão iguais uns aos outros, quase já não nos dizem nada. Esta a que me refiro era uma missiva longa, a chamar à memória alguns momentos da minha vida. Momentos partilhados, quer de modo mais ou menos permanente, quer em pequenos episódios comuns nesta ou naquela encruzilhada da Vida. E fiquei a pensar.
Acumulamos muitas coisas ao longo da Vida. Experiência, seguramente. A Vida é uma longa aprendizagem, que ainda mal começou quando somos forçados a responder ao chamamento da eternidade. Dessa experiência resta sempre a recordação dos momentos bons e dos momentos maus que vivemos. Abençoando uns e lamentando outros. Também acumulamos bens materiais, muitos, pelo menos aqueles que os nossos rendimentos deram para adquirir. Tantos deles sem mesmo sabermos que utilidade têm, embora, na altura em que entraram na nossa posse, parecessem uma necessidade absoluta. Muitos desses bens foram-nos mesmo oferecidos para celebrar o Natal. E recordo, curioso, que aqui há meio século atrás, as lembranças que se davam pelo Natal, eram muito escassas. Cada pessoa tinha direito a uma prenda. Hoje, não. Hoje, chegado o momento do Pai Natal – até já nem é do Menino Jesus – sentamo-nos em redor da mesa e ficamos à espera de uma boa meia dúzia delas. Ou mais, se a família for numerosa. Acabada a distribuição, lá ficamos com cara de ensonados, à espera do momento de deitar.
Não se pode dizer que o Natal seja feio assim. Todos nós – até mesmo os muito pobres que, nesta altura, sentem pelo menos um bocadinho da solidariedade dos outros - gostamos desta festa. É o momento da reunião mais partilhada da família inteira. Mas a carta que recebi e a que me refiro aqui, fez-me pensar numa outra riqueza que, geralmente, pouco recordamos nesta quadra. Os amigos. Os amigos que foram enfeitando a nossa Vida com a sua companhia, com a sua estima, com a sua ajuda, com o seu conselho, enfim, com a sua Amizade. E o que a carta do meu Amigo me fez lembrar foi que o melhor do Natal talvez seja a possibilidade de recordarmos esses amigos. Para lhes dizer obrigado pela sua companhia. Para lhes dizer obrigado pelo seu conselho. Para lhes dizer obrigado pela sua Amizade. Para lhes dizer, enfim, que, porque são nossos amigos, também são, de alguma maneira, da nossa família.
Obrigado, Amigo, pela carta que me enviaste. E em ti, eu simbolizo todos aqueles que são meus amigos, como por exemplo aqueles que me lêem neste jornal, quando te desejo um Feliz Natal.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 15/12/2009
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