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30.12.09

MEMÓRIA

O QUE PODEMOS ESPERAR

Gostaria de que o meu desejo de que tenha um Bom Ano pudesse confirmar-se, meu Caro Leitor. Mas tenho o maior receio de que tal não passe de boas intenções.

Vamos agora para eleições. Ou ganha o Partido Socialista ou ganha o Partido Social Democrata. Com maioria absoluta ou sem ela, é o que se verá. Mas desconfio que o Povo vai correr, mais uma vez, atrás da grande ilusão. Pensando que os sacrifícios vão acabar. Não vão. Nem a nossa economia, nem a nossa sociedade, nem as nossas finanças, nem, em suma, o Estado que somos, estão em condições de terminar com os sacrifícios. Seja quem seja a ganhar, vai haver necessidade de continuar o reequilíbrio das Finanças Públicas. A retoma - como se viu no terceiro trimestre deste ano - não se compadece com o estrebuchar político. Não teremos quaisquer políticas novas antes de meados do próximo ano. Sendo certo que, então, estará executado já metade do Orçamento que, afinal, todos pareciam querer. Só que o não diziam. Isto é, qualquer alteração de políticas só produzirá efeitos lá para 2006. E, até lá, só poderemos esperar estagnação ou, mesmo, acentuação dos desequilíbrios. Na minha opinião, devemos todos exigir aos políticos que nos falem verdade na próxima campanha eleitoral. Que nos apresentem quantificados os custos das suas promessas. É muito fácil, a partir do que está feito, que no-lo digam. Só para tomar um exemplo. As auto-estradas que íamos pagar e que agora, se o PS ganhar, já não pagaremos. Mantê-las a cargo do Estado custará ao erário público mais de cem milhões de contos no próximo ano. E o Orçamento aprovado já era, pelos vistos, muito deficitário. Pois bem, que o Engº. José Sócrates nos diga onde vai buscar o dinheiro para custear a promessa. Onde vai economizá-lo ou onde vai obter os fundos adicionais. E que não nos venha com a fantasia de qua o crescimento económico vai permiti-lo. O crescimento económico vai, esse sim, sofrer negativamente com os actuais eventos políticos. E aquilo que, apenas por exemplo, estou aqui a exigir ao Engº. Sócrates, deve ser exigido a todos os políticos. Não queremos promessas. Queremos a verdade.

Se os políticos nos falarem verdade, talvez estejamos disponíveis para fazer os sacrifícios necessários. E será isso sinal de que, finalmente, Portugal está a ganhar juízo. Se, porventura, os meus palpites se confirmarem e Portugal continuar a não ter juízo, preferindo embarcar na barca da grande ilusão, em lugar de exigir a verdade, então seremos, em breve, apenas um grande hospício.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, 26/12/2004

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