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29.12.09

CRÓNICA DA SEMANA - I

ANO NOVO, VIDA NOVA

Costuma dizer o nosso Povo. Mas há uma distância muito grande entre o dizer e o fazer. Infelizmente, não parece que a nossa vida vá mudar assim tanto no próximo ano. O que, se acontecer, até nem será muito mau. Longe vão os tempos em que enfrentávamos o futuro com alegria e com esperança. Isso não é possível, pelo menos para já. Podíamos ir ao passado rebuscar os acontecimentos e apontar o dedo a culpados. Mas até nem isso é muito importante agora. Nem virá a ser, até que tenhamos a coragem de assumir que não soubemos percorrer o caminho e que outro caminho havemos de escolher se quisermos chegar a bom porto. Se, ao menos, fôssemos capazes de aprender alguma coisa com os nossos antepassados…

Há muito tempo, os Portugueses foram capazes de, como se costuma dizer, dar a volta ao texto. Tínhamos saído de uma crise política gravíssima, na qual tínhamos escapado, quase por milagre, de cair no domínio espanhol. Domínio que, se tivesse acontecido então, provavelmente ainda hoje duraria. Foi então, saídos dessa crise, que os Portugueses se abalançaram numa saga marítima que haveria de formatar o mundo. Em barquitos de madeira, correram os sete mares, afrontaram destemidos os mares mais violentos, as tempestades mais desabridas, os ventos mais contrários. E venceram. Portugal e os Portugueses escreveram, a tinta que jamais se apagará, algumas das mais heróicas e belas páginas da História da Humanidade. E não será atrevido afirmar que tal só foi possível porque havíamos saído, nós, Portugueses, da crise política que levou D. João I ao trono, perfeitamente unidos, sem partido outro que não fosse a Pátria. Não estivéssemos nós assim unidos e não teria sido possível essa obra gigantesca e heróica que foram as Descobertas.

Pois bem. Seja este ano de 2010, seja os que se lhe vão seguir, não nos trarão nada de bom a não ser que consigamos unir-nos. O que só será difícil se dermos atenção a tudo aquilo que é marginal, deixando o importante atrás de palavras balofas, secas, bonitas mas não verdadeiras. E talvez seja isso a coisa mais importante de que precisamos para nos unirmos. Que se fale verdade a todos os níveis da sociedade. Em todos os quadrantes. Por todas as pessoas. Especialmente, os agentes políticos e a comunicação social. Estamos fartos de escândalos que, muitas vezes, nem chegamos a saber se são verdadeiramente escândalos. Queremos a verdade. Porque só a verdade traz a esperança. E só a esperança traz um futuro melhor. O futuro que desejamos.

É por isso que, em vez de lhe fazer os votos tradicionais, eu lhe desejo, meu Caro Leitor, um Novo Ano cheio de verdade.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 29/12/2001

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